São João D’ Arga

Estamos no princípio do mês de Setembro, ainda com algumas festas e romarias importantes pela frente, depois de um Agosto super- preenchido, mês de excelência para férias, festas, festivais e romarias, algumas das quais de grande relevo, pela sua qualidade e valor intrínseco, caso da romaria da Sra. da Agonia.

Somos, desta feita, “convidados”, não a baixar a fasquia ao nível de tradições, e, ainda no mês de Agosto, a ver e a participar, numa romaria com outras características, completamente diferentes, quer ao nível do investimento, do local, ou da pureza das mesmas, quer pela sua singularidade e pendor meramente popular. Aqui é o povo que faz a festa.

Falo obviamente da romaria de S. João D, Arga sempre realizada a 28 e 29 de Agosto.

Para este ano havia grande ansiedade e expectativa, dada a ausência das mesmas devido à situação pandémica que atravessou o país e o mundo.

E na verdade, o povo subiu a serra, na noite de 28 até ao mosteiro do patrono S. João Baptista, de forma massiva, para assistir e contribuir para o arraial.

Quando, ao longe, avistei o clarão das luzes e o ruído da festa interroguei-me?

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Como é que é possível, haver uma festa desta envergadura, num local que, sendo belo por natureza, de noite nada se vê? Não está inserido no povoado, e a sua atracção são as concertinas e as bandas de música, nada mais há para oferecer de maneira a que, “justifique” aquela multidão. Ainda, não foi desta vez consegui perceber este fenómeno. Será que há maneira de o entender?

Tenho-a visto em décadas diferentes, em dias diferentes e o resultado é sempre o mesmo.

O que é que faz, e fez, vir a esta festa tanta gente? Porque é que atrai tanta juventude, num estilo de música que não é, claramente, o seu? Porque é que a mesma produz tanta e genuína alegria?

É evidente que, quem não for pouco depois do meio- dia, vai ter que percorrer quilómetros a pé até lá chegar e depois voltar. Mas nem isso desanima.

Chegados ao local, o acesso principal, um caminho calcetado ladeado por tascas e tendas aonde se vende de quase tudo, mas cujo espaço é pouco para tanta gente. Se quiser cumprir a tradição e dar as três voltas à capela, dar a esmola ao santo e ao diabo, ficará de bem com todos.

E continua a impressionar a moldura humana, sempre em crescendo, aonde, num espaço reduzido, se juntam milhares de pessoas. São centenas de concertinas e vozes e cantares ao desafio, à desgarrada, ou simplesmente a cantar o que lhe dá na gana à mistura com duas bandas filarmónicas. O que aos nossos ouvidos chega, é uma mistura de sons, qual Babel, de um povo cheio de alegria e exuberância que ali deita para fora as agruras da vida, esquecendo tudo e todos, e, enquanto tiverem forças a festa não acaba.

Há momentos em que, transitar é quase impossível, perante uma compacta multidão, aonde a juventude tem uma grande preponderância e dá o sinal de vitalidade e futuro.

É preciso ver para crer.

No meio de tanta alegria inquietou-me a possibilidade de haver um incêndio florestal e as suas consequências? Será que havia algum plano de emergência para essa potencial eventualidade?

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Dá para meditar.

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