Silere Non Possum

(Não me posso calar – Sto Agostinho).

“Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.” (Alexandre Soljenitsyne)

«Europa – o que é isso afinal? ( …) A Europa não é nenhum continente geograficamente evidente, mas trata-se de um conceito cultural e histórico.»

(Cardeal Ratzinger, Porto,5.III.2001)

 

                    Carta aos meus amigos – nº 58         

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

                                  BRAGA , 5 de Outubro de 2023

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PAX

 

A frase que dá o mote a esta minha Carta, do então Cardeal Joseph Ratzinger, é o início da magnífica conferência, verdadeira aula magistral – que proferiu na UCP – Porto, em 5 de Março de 2001 e em que discorreu sobre o nosso decadente continente

Sim, a Europa, com rigor geográfico, tem limites muito “dilatados” e “ sombreados”. É difícil limitá-la o que já foi feito. Dou um exemplo: as Canárias já deveriam ser África ou, se se quiser, as nossas ilhas atlânticas Flores e Corvo estão assentes na Placa Tectónica americana! Resta-nos a Cultura e a História como disse Joseph Ratzinger para encontrarmos uma identidade próxima que, apesar de tudo, se diferencia muito nas várias realidades espirituais e antropológicas. Há, evidentemente, características idênticas, hoje verdadeiramente alarmantes:

  1. Uma taxa de natalidade assustadoramente baixa e que impede a substituição de gerações;
  2. Um envelhecimento galopante de todos os povos europeus;
  3. Uma aceleradíssima quebra da implantação do cristianismo outrora presente massivamente em todos os países. Na Suécia, por exemplo, outrora Luterana (quem nascesse neste país era automaticamente luterano) tem hoje a prática dominical reduzida a 1% da população ou o Reino Unido que recentemente já foi classificado como um país não cristão, apesar do seu Chefe de Estado, o Rei, ser o Chefe da Igreja Anglicana desde Henrique VIII;
  4. Abandono dos templos cristãos, de todas as tradições, vendidos para mesquitas ou outros fins como supermercados se não demolidos;
  5. Um aumento frenético da presença muçulmana: praticantes em número galopante, presença de inúmeras e enormes mesquitas, aplicação da Sharia sem peias e contrariando a legislação dos diversos países ou de mercados “halal” por todo o lado;
  6. Implantação de uma cultura da morte apoiada e incentivada pelos poderes políticos: Aborto livre e gratuito, incluindo o aborto genético copiando a Ideologia Nazi; generalização de leis pró-eutanásia ou a “comercialização” mais ou menos livre, mas tolerada, do mercado da Procriação Humana;
  7. Aumento da intolerância persecutória para com os cidadãos que não defendam e usem a Ideologia do Género e o Wokismo, fazendo lembrar os tempos da Inquisição ou do Nazismo e Comunismo;
  8. Apagamento forçado da memória de cada Nação com vista a uma sociedade Global regida pela Agenda 2030;
  9. Promoção da Ecologia não como uma Ciência mas como Ideologia imposta pelos políticos e media;
  10. Implantação despudorada do medo entre as populações europeias quanto às “Alterações Climáticas” ignorando, quase sempre, os conhecimentos científicos da Geologia ou da Geografia Física.

Poderia aumentar esta minha lista, que fica em aberto, para desabafar com os meus Amigos-leitores, quanto à decomposição acelerada da Europa e que se está a apagar em colapso cultural e espiritual, fazendo tudo para apagar as suas raízes, o que fizeram do nosso continente um espaço cultural e história com alguns atributos comuns. E estou preocupado. Muito.

«Europa – o que é isso afinal ? » como disse o grande Ratzinger, no Porto, há já quase um quarto de século . Nos 10 pontos que referi acima, estão os pontos comuns à  Europa actual e que a descaraterizaram e lhe roubaram a sua identidade.

Que podemos, posso, fazer? Pelo menos não me calar!

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SILERE NON POSSUM !

 

P.S.

(L’effet Streisand désigne un phénomène médiatique involontaire. Il se produit lorsqu’en voulant empêcher la divulgation d’une information que certains aimeraient cacher, le résultat inverse survient, à savoir que le fait caché devient notoire.)

Um leitor, sacerdote, insurgiu-se contra a minha última Carta por analisar a realidade e incongruência sobre a Tradição e Depósito da Fé, de alguns sectores da Igreja neste tempo de grandes e abertas fracturas. Sentiu esse leitor, que eu estaria a contestar o Papa actual e que, por isso, estava a prestar um mau serviço à Igreja. Pergunto, e se fosse isso, quem me poderá impedir se aprendi com estes defensores encarniçados de Francisco os mesmos que a desobedecem ( desobedeceram) ou atacaram ou continuam a atacar Paulo VI quando, por exemplo, publicou a Encíclica HUMANAE VITAE ou a FAMILIARIS CONSORTIO de S. João Paulo II ou todo o papado de Bento XVI com um ódio (repito: ódio) inimaginável (nunca imaginei que tantos sectores da Igreja , Cardeais, Bispos, Religiosos e Leigos, se levantassem despudoradamente contra os ensinamentos de Bento XVI, desrespeitando tudo o que Ele escrevia ou pedia! Lembro-me de uma conferência que fiz sobre S. Bento na qual citava uma frase sobre este Padroeiro da Europa do Papa e de no final, um Padre ter vindo felicitar-me, assim considerava ele, pela elevada qualidade da minha conferência e lamentar profundamente que tenha citado Bento XVI, numa curtíssima frase!). Criticar o Papa, se é que o fiz, não é um direito que me assiste no campo da minha Liberdade de expressão com cidadão e como católico, apostólico – romano sem pôr em causa o depósito da Fé? Rezo pelo Papa, assim aprendi desde criança com minha Mãe, independentemente de quem é o Sucessor de Pedro. Aprendi, pela vida fora, a respeitar o Papa e aprendi que tenho a obrigação de lhe obedecer e apoiar quando fala “ex-cathedra” o que tenho feito sempre. Por favor, sejamos justos no tratamento da liberdade e respeitemos os outros quando não leem pela mesma “cartilha”. Como defendo que não há católicos de primeira (a não ser os santos?) e católicos de segunda, os que não pensam como eu, assim continuarei. E se achar que este Papa nem sempre usa linguagem límpida e sem ambiguidades ou se preferir falar de uma tal “conversão ecológica”, ninguém me poderá impedir de achar que não posso concordar e exprimir o meu pensamento, respeitando, porém, quem não pensa assim. E quando digo Papa, aplico o mesmo raciocínio a outros servidores do Evangelho, sejam Cardeais ou simples Leigos! Fui claro?

Carlos Aguiar Gomes 

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