Tempos de Páscoa: Na verdade, este homem era justo!

Artur Soares

Escritor d’ Aldeia

 

Chegado ao território de Cesareia de Felipe, Jesus perguntou a seus discípulos: “No dizer do povo, quem é o Filho do homem?” Responderam: “Uns dizem que é João Baptista; outros, Elias; outro, Jeremias ou um dos profetas”. Disse-lhes Jesus: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Simão Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!” (Mateus 16, 13-15).

 

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Todo o homem pode ser admirado ou não por outros homens. Pelo positivo ou pelo negativo. Uns têm admiradores; outros têm fãs; outros têm mestres.

Os homens cristãos, para além de terem todos esses, têm mais um:

Aquele que foi e é o maior Homem da história humana.

Não tinha servos, mas chamavam-lhe mestre. Não tinha remédios, mas chamavam-lhe curador. Não se ocupou de batalhas militares, mas conquistou o mundo. Não cometeu crimes, mas crucificaram-No; foi enterrado numa tumba, mas vive. Nasceu sem uma concepção normal; superou a gravidade ao subir aos céus; subverteu a lei dos rendimentos decrescentes ao alimentar 5.000 pessoas com cinco pães de cevada e dois peixes. Ele é o começo e o fim.

 

Quem é este Homem de homens? No dizer de Santo Agostinho este Homem “é médico, cura feridas; apaga a sede e o ardor da febre, pois é fonte; é contra a iniquidade, porque é Justiça.Coloca-se ao lado dos aflitos, porque é força; para os que temem a morte, é Vida; para os que querem voar, é Caminho; para os indecisos ou os das trevas, é Luz e para os esfomeados é comida”.

Assim, poder-se-á acrescentar que pelo que se conhece de Cristo e da Sua vida, Nele, não fazia parte o medo, nem o desespero, a ansiedade, a insegurança e a instabilidade. Cristo não era Mestre passivo, mas provocava as mentalidades. Informava o suficiente, mas educava muito. Era económico a falar, dizendo muito em poucas palavras: era ousado, incendiário, perguntava mais do que respondia.

O homem é frequentemente previsível, apesar da sua complexidade. Cristo fugia a essa regra. Provocava as inteligências e instigava a quem por Ele passava. Cristo tinha metas.

 

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Cristo era aberto e inclusivo. Não classificava pessoas, nem usava “espíritos santos de orelha” para atingir os objectivos da Sua Missão e o de ser o perfeito Sacerdote. Ninguém era indigno de se relacionar com Ele, por pior que fosse o seu passado. Ora nós, cristãos, que confessamos Cristo nas nossas vidas, nos nossos corações – assim o afirmamos por vezes! – deixamos muito a desejar no relacionamento com os outros e, sobretudo, no amor aos irmãos que deveria existir. Cada um pensa ser o mais digno, o sem culpas de nada, ou, o que ainda é pior, sente-se o mais privilegiado de Cristo.

 

E quanto ao Espírito Santo… aceitamos o “espírito santo de orelha”, em vez de buscarmos a verdade dos acontecimentos.

 

Cristo vivia no Inverno, mas “conseguia” ver as flores da primavera.

Cristo apreciava ser investigado, analisado, mas com inteligência. (E dessa forma provocou os escribas e fariseus).

O Cristo real foi o que cometeu loucuras de amor por cada ser humano. Foi o que teve a coragem de esquecer a sua dor para pensar na dor do outro, mesmo que o outro fosse um carrasco, um perseguidor.

“O meu julgamento é justo, porque não busco a minha vontade, mas a daquele que me enviou”.

 

Finalmente, analisar, investigar ou dizer quem foi e quem é Jesus Cristo, será sempre um dos maiores desafios da ciência, assunto que nunca tentaram os ateus e tantos outros! Esta gente, dificilmente entenderá porque Cristo incendiou o mundo com a Sua vida e a Sua história, a menos que O descubram com a fé dos simples e dos humildes, uma vez que Ele ultrapassa os limites da previsibilidade psicológica. Até o Centurião Petrónio – vendo Cristo a morrer – silencioso e a tremer, não se apercebendo dos verdugos/assistentes à sua volta, estupefacto, diz: “Na verdade, este homem era justo”.  

Neste Justo, tudo se acha nele, e honrados se sentem os cristãos por seguirem o Mestre de todos os mestres. Pena é que existam cristãos/católicos descafeinados, mornos e insípidos: uns vivem segundo as suas conveniências, outros, apenas decoraram os Evangelhos.

 

(O autor não escreve segundo o novo acordo ortográfico).

 

 

 

 

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