José Leal
Professor de Educação Física e Desporto
O Carlos Alves vive em Alvaiázere, entretendo-se com as suas vinhas, a produzir para os amigos.
Mecânico de helicópteros esteve no Ab7 na fase crítica da guerra, quando a Frelimo tentava a todo o custo impedir a construção da Barragem de Cabora Bassa.
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Mas esta é uma história diferente…
Carlos Marques Alves – 1º Cabo Especialista M.M.A.
Nasceu em Alvaiázere em 1951.
Em Maio de 1970, alistou-se como voluntário na BA2, na Ota, onde fez a recruta e o curso de Mecânico de Material Aéreo. De Maio de 1971 a Janeiro de 1972, trabalha na manutenção do F-86, altura em que é mobilizado para Moçambique, sendo colocado na BA10, na Beira, onde trabalha na
manutenção (estruturas) do Nordatlas.
Em finais de 1972, é colocado no AB7, trabalhando na linha da frente dos Alouettes 3, até Janeiro de 1974, altura em que termina a comissão. Até Outubro deste ano, é colocado na linha da frente dos F-86, na BA5 de Monte Real, passando aí à disponibilidade.
PUBNa vida civil, é durante 14 anos encarregado geral de uma fábrica de pneus, depois passa para a função pública e neste momento está aposentado
Vive em Alvaiázere.
Numa Base tão operacional como a de Tete o vaivém de aeronaves era constante, nomeadamente os hélis.
Eram as “ambulâncias da guerra”. Dado o alerta, saíamos o mais depressa possível, socorrendo um camarada que tivesse pisado uma mina, ou “atravessado” o trajecto de uma bala. Mas nem sempre era assim.
Numa altura de que não recordo a data, fomos chamados para uma evacuação numa zona entre a Muchena e a Casula. Chegados ao local, só se via fumo, palhotas queimadas e a tropa a deambular entre elas. Aterrámos no meio de uma nuvem de cinza, saí do héli com a maca preparado para a evacuação do ferido e um militar do Exército, diz-me que a maca não era necessária. Perante a minha surpresa, conduziu-me a uma cerca que estava cheia de cabritos, dizendo que podia levar os que quisesse.
Com a sua ajuda carreguei talvez uns 10, que me deram uma trabalheira dos diabos, na viagem que durou cerca de meia hora, até Tete. Chegados ao AB7, chamei o amigo Peralta, homem entendido na matéria, que se encarregou de preparar metade, ficando os outros amarrados num canto do hangar, acabando por ter um destino des- conhecido.
Durante uma semana, acho que até ao pequeno-almoço comi cabrito. Os que mesmo assim não foram consumidos e guardados no frigorífico da cozinha, acabaram por ser retirados por ordem superior, por estarem “impróprios para consumo”.
Nunca acabei por saber de quem saiu a ordem da evacuação e como é que depois foi justificada.
As missões que mais gostava de fazer eram os reabastecimentos (TGERS) à tropa que andava em patrulha no mato. Adorava interagir com o piloto, na navegação até aos locais onde estavam estacionados.
Havemos de falar disto…
Heliporto do hospital de Tete onde chegavam a maior parte das evacuações por helicóptero