Os pescadores lúdicos do Porto de Abrigo, em Viana do Castelo, popularmente conhecido como Marina dos Pobres, estão indignados por há mais de um ano estarem impossibilitados de utilizar o porto para ancoragem de embarcações.
Os proprietários estão indignados com a paragem das obras de manutenção, que segundo os utentes contactados pelo Minho Digital estão paradas desde o passado mês de julho, e pelo facto de não estarem autorizados a guardar os barcos em segurança no Porto, ainda que nenhuma operação de manutenção esteja a ser realizada desde o início do verão. As vozes de protesto são direcionadas à delegação vianense da Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL).
O porto de abrigo a montante da Ponte Eiffel foi criado para que os proprietários de pequenas embarcações pudessem retirar os barcos do leito do rio. Com o passar do tempo e com a natural deterioração do espaço, a APDL – entidade responsável pelo espaço-, avançou para obras de manutenção, que previa o desassoreamento do porto para reposição das cotas de fundo iniciais e a remodelação dos passadiços centrais que permitem o acesso aos barcos. Os proprietários foram notificados para retirar os barcos no final do 2015, mas só em julho do corrente ano terminou o processo desassoreamento do porto. Esperava-se, então, que os passadiços fossem rapidamente colocados para que o porto voltasse ao funcionamento normal, mas desde julho que os trabalhos cessaram e os proprietários continuam impossibilitados de ancorar os barcos no porto.
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Um dos lesados é Né Basto, pescador lúdico que impossibilitado de guardar o seu pequeno barco pesqueiro no porto de abrigo, se viu obrigado a ancorar junto à doca da lota. “O meu barco está a ser destruído pelos navios que entram na doca com a mesma velocidade com que navegam em alto mar”, queixa-se este utente do porto de abrigo. Já Alfredo Carvalho, que também se dedica à pesca lúdica, tem o barco ancorado junto ao edifício do Remo. “Estamos a ser prejudicados”, reclama o proprietário. “Não queremos mais do que voltar a ancorar aqui os barcos, nem que seja provisório. Na hora de colocar os passadiços voltamos a retirar os barcos”, refere Alfredo Carvalho.
Outro dos queixosos é Augusto Basto, que há cerca de 30 anos tinha o seu barco no porto de abrigo. Agora está em seco, guardado numa garagem e à espera que o porto possa voltar a ser utilizado. “O barco estraga-se em seco”, explica antes de explicar aquilo que pretende: “quero que façam a obra para por voltar a trazer o meu barco”. Né Basto diz que os utilizadores do porto de abrigo estão “revoltados pelo desprezo e desconsideração”, até pela falta de informação por parte da APDL, clamando ainda “respeito pelas pessoas que estão cá há 20 e 30 anos”.
PUBContacto pelo Minho Digital, a delegação vianense da APDL, na voz do Director Vasco Cameira, garantiu que “está em curso o processo de reabilitação dos passadiços flutuantes que foi necessário desmontar e se verificou estarem muito danificados” e esclarece que, desde o início das obras de recuperação, foram providenciados “lugares em número suficiente para parquear ou fundear as embarcações que utilizavam esta doca de recreio” e que esses lugares “continuam disponíveis”. A partir do momento em que as obras sejam finalizadas, a APDL prevê que o porto de abrigo passe a ter um custo de utilização associado: “a APDL prevê aplicar o tarifário aprovado para a doca de recreio de montante logo que estejam concluídos todos os trabalhos e repostas as condições de operação e parqueamento das embarcações”, esclarecendo ainda que os trabalhos representam um investimento total de cerca de 312 mil Euros”. A APDL, no entanto, não adiantou datas para a conclusão dos trabalhos de manutenção.