Bicadas do Meu Aparo: Sulfatadores

Artur Soares

Escritor d’ Aldeia

 

Entramos no sexto mês virológico onde pouco se tem resolvido e onde falha a luz ao fundo do túnel. A verdade é que há necessidade de fazer de conta que tudo vai passar. A vida não pode parar e a Humanidade tem de sobreviver.

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Toda essa acção, leva às recuperações e às remodelações na economia, na saúde, no ensino e em tudo. Sendo assim, os políticos e a política têm de saltar para a arena e saberem dominar feras, intrusos e rapaces.

O bom agricultor sabe cuidar da sua vinha. Planta a videira, estruma-a, rega-a, poda-a, desvia-lhe o joio que a enfraquece e espera que os cachos apareçam. A meio do crescimento, o agricultor manda sulfatar a uvas, para que o mal não destrua o seu trabalho e o milagre da vida agrícola. É assim também na vida política.

O bom Governo sabe, faz e cuida. A oposição sulfata: vê o desenvolvimento dos cachos, aponta os males, fiscaliza, para que o fruto possa ser distribuído a todos e a vinha prospere. Ora em Portugal, neste tempo virológico, nota-se que os sulfatadores, a oposição ao poder governativo, adormeceu. Ou os sulfatadores estão doentes ou o sulfato – a garra oposicional – levou-a os ventos.

Vivemos em democracia, temos um Parlamento e os debates políticos de qualidade entre todas as forças representadas, ressonam. Não se vêm debates onde se discutam as grandes prioridades nas diversas áreas da governação; não se ouve os partidos da oposição a este Governo apresentarem alternativas ao que o Governo vai dizendo e fazendo. O confronto político, que deve ser constante e saudável no Parlamento é morníssimo: vê-se mais uma acção teatral entre todos, do que o trabalho constante a ser efectuado, porque pago pelos portugueses.

Todos os políticos, em democracia, têm a obrigação de se “confrontarem” com ética de alta qualidade e com excelência nos debates a discutir, sem ninguém estar à espera de que o Governo caia e sem que o Governo tenha receios em cair.

Recordo que aquando da posse de Rui Rio como presidente dos Social Democratas, escrevi da minha forte esperança na sua pessoa, na sua experiência e convicções, estas, minhas também. Passado este tempo tenho dúvidas e as convicções que a Rui Rio julgava inabaláveis, receio-as, confesso. Enquanto Sá Carneiro tinha como metas: “primeiro está o país e em segundo lugar está o PSD”, no líder da oposição, parece que primeiro está o poder que tenta ter e o dinheiro que deve receber.

Compreende-se que Rui Rio tenha colaborado com o Governo nesta miserável pandemia chinesa. Mas não se pode aceitar que a fiscalização ao Governo, mesmo em tempos virológicos, se apresente permanentemente tardia ou em coma.

Não há governos perfeitos, acção política perfeita. Logo, a oposição tem sempre lixo para queimar a qualquer Governo, tem sempre perguntas a fazer, tem sempre maneiras de apresentar, democraticamente, caminhos diferentes e mais importantes que os que governam e executam.

Não há governos e acções políticas perfeitas, repito. Temos nas forças/oposição, Partidos de direita que testemunham com grande evidência, incapacidade perante o que vêm, o que se passa no país. Temos Partidos na esquerda que não passam de sulfatadores dispensáveis e prontos a recolher os cachos que não semearam e não adubaram. Os Partidos da direita – a par do PSD, que é do Centro político – nada exibem em benefício dos portugueses que António Costa já não tenha exibido e feito. Que digam esses Paridos todos da oposição, que programa têm e em que beneficiavam os portugueses, que este Governo não tenha.

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António Costa e o seu Governo, tem contentado os da Direita, da Esquerda e do Centro. Sendo assim, como rabeia e onde, o CDS? Que peso ou que louros tem colhido toda a Esquerda para se justificarem? Que força ou que músculos exibe o PSD na sua oposição cautelosa, calculista, que tenha a pretensão de ganhar votos ou de ser futuramente Governo?

Rui Rio vai sulfatando, mas muito pouco. Rui Rio ainda não pensou nos candidatos às próximas eleições autárquicas! Nada apresentou de diferente sobre as remunerações e colocações dos profissionais de saúde e do ensino, respectivamente! Nada apresentou de diferente sobre a possível riqueza de Portugal nas áreas dos têxteis, do calçado, do mar e do turismo! Nada apresenta de diferente nas reservas de ouro, de prata, platina, ferro, cobre, gás natural, xisto, etc., em que Portugal é um dos grandes da União Europeia. Na verdade, o bom agricultor tudo faz pela sua vinha. Pena é que os sulfatadores não mereçam o que ganham, por não fiscalizarem a horta que lhes foi confiada.

(O autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico)

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