Bicadas do Meu Aparo: Adormecem o país

 

 

 

Escritor d’ Aldeia

 

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Com altos e baixos, desde o início da Portugalidade, sempre fomos um povo activo, com governantes (nas épocas mais difíceis) inteligentes, gente sem medos e permanentemente virados a pensar e a segurar o futuro.

Razões porque tivemos o maior império da Europa, dele beneficiando, e o mundo conhecia-nos pelos feitos, ardor e coragem demonstrada. Vivíamos a “era dos descobrimentos” e além do respeito, temiam-nos!

Fomo-nos acomodando, facilitando, engordando junto das lareiras no inverno ou nas frescas temperaturas de quintas e palácios no verão. Lentamente, como as pesadas tartarugas, fomo-nos reduzindo. Quinhentos anos depois da referida “era”, estamos como os talhantes feitos ao bife; como os pescadores, andamos a ver navios e como os elefantes andamos de tromba.

O Portugal de hoje é conhecido pela moina, sem ideias e o povo sente que cantiga não falta a quem não pensa, mas canta. E na verdade muita cantiga existe duma ponta a outra deste quintal de cantadores, que não chegam a ter a beleza do cântico (natural) das aves. Adormecem o país!

Vendem e impõem o que querem e como querem. Não programam o futuro, não tornam mais leve o sofrimento nacional e procurando adormecer o país com falsas cantigas como a serpente faz aos passarinhos, insolentemente afundam os mais débeis e garantem a lagosta diária aos usurários.

Adormecem o país com ausência de reformas, com a eterna gestão quotidiana da nação, com o aumento de problemas nacionais, com publicidade política e mentira, com beijinhos e selfies e com a necessidade de obterem atitudes de vassalagem e bajulações.

A saúde em Portugal tem sido minada: saúde mais cara, mais de um milhão de cidadãos sem médico de família, serviços encerrados e centros de saúde a meio-gás, demorados, e morgues com mais movimento. A Justiça é o descalabro que se vê e sente.

A Educação, educação que ninguém entende e quer, limita-se a encerrar escolas, a vandalizar a alma e o profissionalismo dos professores, a não preparar jovens com cursos viáveis e de harmonia com as necessidades nacionais, a negar-lhes um futuro decente e permanente, onde no início de cada ano, centenas de alunos vegetam no tempo por falta de aulas, por falta de professores e de atempada organização.

Temos do Minho ao Algarve jovens que nem estudam nem trabalham. Vivem no limbo e no silêncio das frustrações, das migalhas que adquirem dos pais ou de outros familiares, das habilidades de ocasião e, em vários casos, de roubos e assaltos.

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Vários destes Estabelecimentos de Ensino não têm alunos para darem os cursos programados. Alunos, mais de mil e quinhentos, não consegue – a preço razoável – onde dormir e centenas de médicos recusam especialidades, porque, para servirem um Serviço Nacional de Saúde que foge às leis e à normalidade do serviço.

Há poucos alunos para as universidades e com o mínimo de qualidade. Mas um anúncio na televisão para seleccionar quinze jovens concorrentes para irem ao big brother ou ao secret story – casa dos segredos, aparecem cento e vinte mil

Tudo isto dá que pensar! Dizem que somos da Europa e estamos na Europa. Mas para estar nela, necessário se torna educar, formar gente para o trabalho, criar trabalho, produzir e saber economizar.

É verdade que o povo vai trabalhando, mas não motivado nem confiante, porque os governantes que temos tido – terceira, duma segunda categoria – ganhando bem e gastando melhor, vão descansando através dos cortes a quem já nem tanga tem.

Infelizmente, os políticos que actualmente se têm de tragar, sendo poucos, pouco fazem, muito dizem e nada mudam neste país dormente ou insolentemente acomodados. Adormecem o país!

Dividem-se os militantes partidários. Não evidenciam a imperiosa necessidade de salvar da forca o país; acusam-se mutuamente, lavam roupa com côdeas na praça pública através dos caixotes televisivos, onde estes apenas evidenciam a necessidade de matar a sêde aos Dráculas das audiências.

Porquê este adormecimento do povo?

Porque é necessário dar-lhes circo; preparar as próximas eleições de 10 de Março de 2024, que darão aos partidos milhares e milhares de euros pelos votos; não mexer nem falar nos problemas que nos esmagam e ter em atenção a vénia ou o prestar vassalagem a quem tem (garantidamente) à mesa o champanhe ou o fiel caviar.

Há que fazer acção, vencer com factos, com programas essenciais para o país e com razões, para convencer. Vencer pela mentira ou pagando para vencer, é vencer mal. E aos vencidos, mas não convencidos, só lhes resta um comentário: vencer assim, só de palhaços e de adormecidos.

 

(O autor não segue o acordo ortográfico de 1990)

* O autor não segue o acordo ortográfico de 1990

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