BICADAS DO MEU APARO: Estranhas mentalidades

 

Artur Soares

Escritor d’ Aldeia *

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Há uns tempitos para cá, tem-se falado e escrito com uma certa regularidade sobre a ditadura de Salazar, sobre a sua actuação política, sobre a forma como regulamentava a vida económica e social e muito mais se tem lido e ouvido. Uns têm saudades do homem, outros rejeitam-no. É a democracia em acção.

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Desse modo, através das televisões e da imprensa escrita, na rua ou nas praças, encontramos facilmente uns filósofos (ou fisólofos?), uns andrés-venturas ou uns manéis loff’s que sempre que podem vomitam: os primeiros, faladura ruminada, e os outros despejam demagogia de cavalariça.

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Os andrés-venturas apoiam a ditadura, a pena de morte, a castração aos pedófilos e a prisão perpétua aos ciganos. Os manéis loff’s escondem a história da primeira república, com os seus saques, perseguições, não são capazes de dizer como Salazar recebeu a liderança do país – na banca rota, o povo a morrer de tuberculose e escondem que a primeira república apoiava a não independência do então ultramar português.

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E se os andrés-venturas pararam no tempo, se apoiam a fome, a doença de então, o alfabetismo oficial e certa teimosia política de Salazar… Se os manéis loff’s desconhecem a rigor a história salazarista, se defendem uma democracia totalitária, um capitalismo de estado que esmaga trabalhadores e o direito de pensar, bem como o direito a ter deveres e direitos… então uns e outros não deviam viver em Portugal. Os primeiros deveriam procurar viver nos regimes – que os há – fascistas e, os outros, deveriam viver nos regimes totalitários – que os há – comunistas, como por exemplo Cuba ou a Coreia do Norte. Estes senhores defensores da não democracia pluralista são inimigos dos Direitos Humanos, inimigos de qualquer espécie de liberdade que não seja a liberdade deles.

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É evidente – e hoje mais que nunca se sabe da vida económica e social de todos os países – que a democracia pluripartidária tem os seus defeitos, os seus altos e baixos e tem os políticos sérios, os corruptos, competentes e incompetentes. Mas existe no povo a liberdade de escolher, de substituir e de jogar fora os vampiros que possam sugar a vida, a paz e o bem dos cidadãos. Ora os andrés-venturas e os manéis-loff’s querem o recipiente da lavadura e dos privilégios só para eles e todos os outros são terreno a calcar, como o elefante calca por onde passa.

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Há incompetências entre os políticos escolhidos? Há. Existe entre muitos, corrupção? Existe. Mas uma democracia plena ou semiplena, tem Tribunais democráticos, tem o sentido de exercer a Justiça e estará sempre pronta a defender o povo dessa gente e a cobrar aos infractores o pagamento dos seus crimes. E na democracia dos venturas e dos loff’s, pode haver criminosos, mas se não tiverem a sorte de ser da mesma panela que eles, ficam desaparecidos no alto mar e na zona dos tubarões.

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Vejamos alguns exemplos, como a democracia da Venezuela, da Polónia, de Macau, de Hong Kong, Cuba e por aí fora. Quem conhece a vida social desses países? Que liberdades têm de pensar, de ser, de ir, de escolher ou de opinar? Zero! Que liberdades têm as televisões e os restantes órgãos da Comunicação social? Que escrevem os escritores e que cultura é dada a esses povos? Quantos democratas defensores dos Direitos Humanos não estão presos por esse mundo fora? Milhares e milhares. Ora esta democracia dos venturas/loff´s, são a indústria real de fazer soterrados ou pessoas sem direito de pensar e agir livremente.

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Não desconheço os defeitos da democracia que defendo e a democracia que de certo modo existe no meu país. Mas conheço a democracia dos venturas, que sofri na pele e me tentaram calar, e conheço a democracia dos loff´s, a democracia das “amplas liberdades” que me tentaram eliminar.

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Estranhas mentalidades, estranhas pessoas e estranhos democratas, que escondem a verdade histórica ou pretendem dar como alimento um passado àqueles que amam a liberdade e têm o direito de ser e de estar.

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* (O autor não segue o novo Acordo Ortográfico)

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