Bicadas do Meu Aparo: Portugal, a clínica do emagrecimento

 

 

 

Escritor d’ Aldeia *

 

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“Deixem que as pessoas saibam a verdade e a nação estará segura e salva”.

(Abraam Lincoln)

Uma equipa sueca realizou um estudo entre cerca de dois mil trabalhadores a fim de concluírem como estes reagiam quanto a ordens dadas pelos seus chefes. O resultado foi geral: o coração tem alterações de ritmo, quando, quem trabalha, se vê frente a chefes incompetentes, irascíveis e injustos.

Também o nosso Eça de Queirós, sempre de pena em riste, escrevia em 1867: “Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade”.

E em 1891, interrogava-se: “Que fazer? Que esperar? Crédito não temos, dinheiro também não – pelo menos o Estado não tem: – e homens não os hão, ou os raros que há são postos na sombra. De sorte que esta crise me parece a pior – e sem cura”.

Barra da Costa, criminologista, afirmou em artigo publicado num jornal diário: “Portugal é hoje um paraíso criminal onde alguns inocentes imbecis se levantam para ir trabalhar, recebendo por isso dinheiro que depois lhes é roubado pelos criminosos e ajuda a pagar ordenados aos sem ideias e aos corruptos que bolsam certas leis”.

Pelo que se afirma, a incompetência revolta e a injustiça abafa o mais indiferente.

Na verdade, Portugal, na hora que passa e com estes ministros dos últimos dois governos, quanto a competência e a justiça social, devem ser o maior desastre de toda a nossa história, onde nos fazem caminhar para a grande clinica do emagrecimento em tudo que seja Portugal!

Temos o mar abandonado, que apenas (nos) serve para tomar uns banhos e pescar umas sardinhas, uma vez que não há frota pesqueira; temos a agricultura votada ao ostracismo, por inocência d’alguns, pelo oportunismo d’outros e pelo calaceirismo de muitos; não temos a fartura do dinheiro dos emigrantes, porque não confiam nos políticos, nos partidos e nas leis da roubalheira contidas nos “orçamentos de estado”; não temos um programa incentivador e convincente para o turismo, entre outros, nem temos políticos com ideias claras, profundas e inteligentes, que coloquem o povo a colaborar e a dar a “força” de que são capazes.

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Governam-nos? Não. Governam-se.

E como escreveu ainda Eça: os políticos existentes “discursam com cortesia e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm austeridade, nem o instinto político, nem a experiência que faz o Estadista”.

Temos sido governados ao acaso, por vaidades e interesses, com corrupção, por privilégios e influências de camarilhas, onde não há leis nem Justiça que os verguem.

Portugal é, na hora que passa, um país que no estrangeiro provoca ironias, e onde concluem que o pior de Portugal é falta de capacidade. Na verdade, se uma democracia avança com ilusórias políticas e por ignorantes da vida pública, surge a aversão, o lucro de ocasião, o medo do dia seguinte, o jogo escondido dos meliantes, a frieza do pensamento, que, como se sabe, é perigoso porque proporciona estômagos vazios.

Portugal tem o direito de não ter medo.

Medos devem ter aqueles que jogaram o país para o caos, com o regredir da qualidade da educação; com o assalto aos dinheiros bancários que o povo não fez; com canais de televisão dominados, onde a submissão é notória e onde os mais altos cargos são distribuídos pela cor do cartão partidário.

O desespero, a corrupção e a opressão andam à solta por tudo quanto é canto. E a “política à portuguesa”, pelo menos destes dois últimos governos, tem sido a de subir pelos pobres acima e pelos reformados, sacando-os; são vistos os professores como que uns recipientes onde se pode cuspir e os serviços de saúde são a grande funerária, onde facilmente se morre antes do tempo.

Estes governos socialistas, não têm amado os que trabalham, os que clamam por justiça contra os corruptos destes últimos vinte anos, têm bajulado e protegido os rapaces bem conhecidos da praça pública. E como diz o poeta: “já é tempo de ser tempo e o tempo” é: ser-se competente, ter juízo, combater as toupeiras do poder e aqueles que sugam “o sangue das manadas”, como cantava o Zeca Afonso.

 

* O autor não segue o acordo ortográfico de 1990.

* O autor não segue o acordo ortográfico de 1990

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