Bicadas do Meu Aparo: Razão e desorientação

Artur Soares

Escritor d’ Aldeia

 

 

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Se um indivíduo passar por outro e lhe chamar maluco, pode não acontecer nada. Mas se a acusação for constante, o perseguido pode enervar-se, descontrolar-se e ter uma atitude de violência contra o perseguidor. Se assim pode acontecer, coloquemos como perseguidos os cidadãos do nosso país.

Temos tido nestes mais de quarenta anos de democracia, políticos que chamam maluco a todos os portugueses. É a corrupção, o oportunismo, o enriquecimento indevido, as incompetências governativas, o nulo respeito pelos eleitores, o caos no Ensino e as debilidades ultimamente sentidas nos serviços de Saúde que, tão caros são ao país. São ainda as injustiças salariais e os saques às reformas dos aposentados do Estado, iniciados há nove anos por José Sócrates/ Passos Coelho e continuadas por António Costa. Razão por que, tanto peso nos cidadãos, saques e injustiças permanentes em prol da algibeira dos políticos, leva a que qualquer povo use de violência por permanentemente como o outro, lhe chamarem de maluco.

Afirmei há mais de uma década, que “nada se dando ao homem ou tirando-se-lhe o pouco que tem, ele jamais encontrará a verdade. Dando-se-lhe tudo, não a encontrará também e, ver-se-á depois que os seus actos de violência serão tantos como abelhas num cortiço.”

Na verdade, estes dois Governos de António Costa, mais nada têm feito a não ser assistir-se a uma política adornada por uma propaganda sem igual nestes últimos anos. Permanentemente chamam malucos aos portugueses. Falam-lhe em crescimento económico, no virar da página da vida nacional, nos feitos a realizar do Minho ao Algarve, num serviço nacional de Saúde que é o orgulho socialista, nos bons métodos e qualidade no Ensino. Nunca indicaram os cortes que fizeram, o não investimento propositado, a balbúrdia que reina em todos os locais de trabalho do Estado, etc. Sendo assim, é assim infelizmente, que povo querem atender, defender, promover, libertar e afirmar-se a existência de saudável democracia?

Temos violência nos serviços de Saúde, nos estabelecimentos de Ensino, nas ruas de qualquer cidade, onde se mata ou se esfola e ninguém, seja onde for, se sente seguro e com paz. Culpa de quem? De todos, dir-me-ão. Mas donde vem o exemplo?

Não é verdade que as águas veem do ponto mais alto para o mais baixo? Se a classe política, se a elite do país dá testemunhos de maus exemplos, de má conduta, de desinteresse pelo povo, que querem, a não ser actos de violência? Não é verdade que o povo diz que quem semeia areia colhe calhaus?

Será que os professores deste país vivem felizes por serem professores? Será que têm razões para se dedicarem ao Ensino para além do que lhes é pago? Não. Não têm incentivos para se sacrificarem e não vivem felizes, porque o Estado entende que os pode sugar. Será que todos os profissionais de Saúde podem também sacrificar-se e sentirem-se realizados? Não podem, porque o Estado, único responsável pela violência nos serviços de Saúde, entende que esses profissionais são profissionais normais, quando não são: são profissionais – bem como os professores – especiais.

Os médicos têm de saber curar ou atenuar dores e “sentirem a aflição” dos doentes que atendem; os professores, porque são profissionais que educam e que preparam os homens de amanhã. E um povo doente por culpa do Estado ou homens incultos pela incompetência do mesmo Estado, não pode ter “os homens de amanhã”

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Pela propaganda política atrás mencionada por estes dois últimos Governos, é fácil verificar-se que o que pretendem é não pagar o devido a quem trabalha e acusarem-nos de culpados pelas anomalias verificadas e pelos actos de violência registados.

Não fazem reformas nem na Saúde nem na Educação. Não colocam profissionais onde faltam; não conhecem o valor das forças de segurança; não colocam os centros de Saúde a funcionar para esvaziar as urgências hospitalares. Optaram antes por fechar centros de Saúde, onde se podiam atender todos os casos de não internamento.

Antigamente, o doente ia ao seu centro de Saúde. Daí, seria encaminhado ou não para os hospitais. As urgências funcionavam sobretudo como uma “passagem” para serem internados, para feridos em acidentes de viação, bêbados de ocasião e pouco mais. Agora não.

Os serviços de urgência hospitalar metem medo: Balbúrdia, faltas de respeito, gente a gritar com dores e sem dores e passa uma eternidade  para se ser atendido numa Urgência…, quantas vezes atendido a correr, porque a fila não pára de crescer e, a revolta é visível ao entrar ou ao sair das urgências hospitalares. Logo, Razão têm-na os utentes e, Desorientados, são os políticos ou as políticas que nos governam.

(O autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico)

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