BICADAS DO MEU APARO: Venda de cabritos sem ter cabras

Artur Soares

Escritor d’ Aldeia

 

Foi o anterior primeiro-ministro, Passos Coelho, que nomeou procuradora-geral da República, há seis anos, Joana Marques Vidal, que em 12 deste mês (hoje, dia em que escrevo) terminou o mandato. Esta função, altamente importante na vida da Nação, se, exercida com competência, com apartidarismo e sobretudo se, rigorosamente a Lei for cumprida, o povo sossega e acredita que os desvarios serão julgados e, em cada caso, os Tribunais aplicarão o que a cada cidadão couber.

Joana Marques Vidal (JMV) foi essa alta servidora da causa nacional, cargo que exerceu com inteligência, eficiência e que nunca se deixou manobrar ou influenciar pelos importantes, por grupos organizados ou por quaisquer partidos políticos, fossem quem fossem. A senhora JMV esteve à cabeça de todos os problemas que ainda hoje gangrenam o país, principalmente nos casos Ricardo Salgado e José Sócrates. O primeiro, enterrado até ao pescoço no caso do Banco Espírito Santo, no da Operação Marquês, no caso Monte Branco, etc., totalizando mais de trinta crimes. O segundo, José Sócrates, acusado de trinta e um crimes, onde as práticas de ambos envolveu milhões de euros como foi público.

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JMV, por ser como era, actuar segundo as Leis do Estado para que qualquer cidadão responda pelos seus maus comportamentos, levou a que a Justiça Portuguesa de então não tivesse pejo, e fez de José Sócrates o preso nº 44 da prisão de Évora, onde permaneceu pouco mais de um ano.

Todos os Partidos políticos têm gente rasteira que vende cabritos e cabras não têm. Mas gente ligada aos socialistas, na venda de cabritos sem possuírem cabras, nestes últimos anos, tem sido de bradar aos céus! Pelo que, os processos organizados, com arguidos identificados à espera de julgamento, irão decorrer no tempo da nova procuradora-geral da República, Lucília Gago, escolhida por António Costa da geringonça e nomeada pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Sabe-se que a Constituição da República aponta para um mandato de Procurador-Geral, de seis anos, mas pode haver recondução no cargo ou não. É aqui que Costa se baseia para nomear novo Procurador e que o Presidente da República não contesta porque, “sempre defendeu que o mandato do Procurador-Geral deve durar somente os seis anos”. Tudo bem.

Há quem afirme que Lucília Gago é uma cópia de Joana Marques Vidal. Se é, porque mudar? E porque não mudar? O problema é que José Sócrates tem a pública amizade de Lucília Gago e abandonou o Partido Socialista porque “o PS não o defendeu”.

Costa, portanto, quer na Procuradoria-Geral Lucília Gago e Marcelo tem que ter paciência: não pode esquecer que Sócrates pertenceu à máquina do poder como ele hoje pertence e, entre eles, diz-se: “já que não podes defendê-lo, pelo menos não o ataques”

Parece-me que podemos ter graves problemas nestas diabruras económicas em que vários indivíduos estão envolvidos e à espera de julgamento. Já há quem ponha a hipótese de “se houver julgamento na Operação Marquês (…)” e “os Magistrados não estão apetrechados do conhecimento científico necessário (…)”.

Passos Coelho, atempadamente, manifestou-se quanto à substituição de Marques Vidal ao afirmar que “entendeu quem pode que a senhora procuradora deveria ser substituída. Não houve, infelizmente, a decência de assumir com transparência os motivos que conduziram à sua substituição”.

Os políticos que têm governado, vivem convencidos que o povo esquece as “aventuras e as diabruras” (saques), que frequentemente praticam. Não deve ter sido por acaso que Sócrates, logo que anunciada a sua amiga Lucília Gago para Procuradora-Geral da República, correu a Vila do Conde e num hotel local proferiu uma conferência, onde acusou a direita portuguesa de estar empenhada no Processo Marquês, através da Procuradora Marques Vidal. Afirmou que o seu Processo foi “adulterado e viciado”, que “muito em breve” publicará um livro sobre isso, porque tem sido deveras “perseguido” e, que a “direita portuguesa chegou a esta mediocridade porque nada tem a propor aos portugueses, senão ter alguém no Ministério Público que sirva os seus interesses”.

Em Portugal, os crimes, são sempre culpa de um quarto elemento, onde só estiveram três. Os poderosos, gestores, ex-governantes, bancários etc., sempre saem limpos da chafurdice em que navegam. Os julgamentos estão à porta e falta saber se a nova Procurador-Geral da República tem músculos para abalroar a venda de cabritos sem possuírem cabras.

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(O autor não escreve segundo o novo acordo ortográfico).

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