Cabral Pinto com Exposição em Espinho

O consagrado pintor Cabral Pinto abre este sábado uma Exposição no Museu Municipal de Espinho e que estará aberto ao público até princípio de Setembro.

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Olhar o tempo no futuro que passa

O criador e a obra

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Texto: Manuel Porfírio

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Em Cabral Pinto artista visual, o professor, o formador, o gestor e dinamizador de projetos artísticos, educativos, culturais e o Diretor Artístico da Bienal de Cerveira são dimensões de uma história de vida indissociáveis na sua biografia artística.

A forte implicação, de Cabral Pinto, na causa pública da educação enquanto professor e dinamizador (ensino das tecnologias, das artes e do ensino artístico e profissional) levaram a uma presença algo discreta na cena artística.

O fazer e a intervenção e criação artística, assumem hoje, e já nos últimos anos uma dimensão central no homem criativo que o habita, tornando-se um criador incansável em permanente processo de criação

Como interventor cultural e gestor de projetos educativos e artísticos destaca-se, no campo da promoção das artes, a participação com o escultor José Rodrigues, Calvet Magalhães e João Nunes, entre outros, na criação da ARCA – Associação Regional de Cultura e Arte de Cerveira. Desde 1984 inicia uma colaboração permanente com a Bienal Internacional de Arte de Cerveira, integrando, nesse ano, o Conselho Executivo na V Bienal, e, a partir de 2016 Diretor Artístico da Fundação da Bienal de Arte de Cerveira e Coordenador Artístico, sendo hoje, conjuntamente com Helena Mendes Pereira, Diretor Artístico da XXII Bienal Internacional de Arte de Cerveira (2022)

As experiências de vida em diversas latitudes e longitudes, geográficas e culturais, nomeadamente Timor Leste (1970 /1972), Angola (1973 /1974) e as viagens ao médio oriente / mundo islâmico recentemente (2013, 2016 a 2022), bem como a participação /promoção de projetos de intercambio artístico internacionais (Galiza / Espanha, Sardenha / Itália, Paris/França, São Paulo /Brasil) influenciam a cosmovisão e mundividência que contamina com uma visão cosmopolita toda a sua obra.

Espírito independente, não alinhado nos modismos do tempo e nos caminhos que se percorrem, persegue no processo de criação artística uma persistente procura expressiva, com fortes raízes na estética neoexpressionista e no abstracionismo lírico.

Obra de continuidade, em permanente aprofundamento, sem ruturas ou cortes abruptos, propõe-nos ao longo de mais de cinco décadas de atividade um olhar sereno e tranquilo que revela, contudo, um criador não acomodado, mas de espírito inquieto e desassossegado.

Cada obra / quadro revela-se como um acontecimento poético. Pintura narrativa não descritiva constrói na simplicidade compositiva, o tempo e o espaço que conferem a densidade emocional às histórias de que nos falam as suas personagens.

De vocação expressionista a pintura de Cabral Pinto revela-nos uma escuta sensível do mundo, que tem em Henri Matisse a sua primeira referência estética nas artes visuais.

Em Portugal as suas afiliações estéticas emocionais encontram-se, entre outros, no lirismo nostálgico de Sá Nogueira (1921-2002), na gestualidade e na cor expressionista de Júlio Resende (1917-2011) e no experimentalismo formal e inquietude criadora de Júlio Pomar (1926-2018)

Cinco décadas de pintura, nas suas mais diversas expressões (desenho, pintura, gravura, serigrafia, design gráfico – cartelismo e editorial) interpelam-nos nesta exposição (de cariz antológica) a uma experiência de fruição ativa que não se esgote no mero ato contemplativo.

 Manuel Porfírio

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