A Caminho de Tarouca

Ester de Sousa e Sá

Escritora

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Subiamos a serra do Marão pela primeira vez, em pleno esplendor da primavera. Em Maio, no ponto mais alto da floração, a serra oferece-nos vastas extensões, como semeadas ao acaso, de carqueja e urze do monte.

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Entre o verde dos arbustos e árvores endémicas, manchas de amarelo vivo e violeta, destacam-se entre outras flores silvestres. Um verdadeiro regalo para os olhos, para quem como eu, adora a natureza e a singeleza das flores silvestres.

Estávamos a caminho de Tarouca, para um encontro de escritores regionais e, chegados ao topo da serra, avistamos Tarouca aninhada no vale, que àquela hora matutina, preguiçosamente acordava, banhada pelo sol morno da manhã. Situada entre dois rios, Varosa e Varosela que nascem em Portugal, na Várzea da Serra, e está localizada na sub-região do Douro, no distrito de Viseu, foi elevada a cidade em Dezembro de 2004.

Entusiasmados, com o que os olhos viam, e antecipando o prazer de descobrir naquele fim-de-semana, o que Tarouca tinha para nos oferecer, seguíamos de carro em velocidade moderada, serpenteando pela estrada em descida até ao fundo do vale. Quanto mais perto estávamos da cidade, mais nos envolvia o perfume agridoce da flor do sabugueiro, nome científico, Sambucus nigra, que em floração plena ornamentavam e perfumavam com suas flores brancas em forma de buquê as artérias da cidade.

O sabugueiro, é um arbusto na nossa flora autóctone, com flores brancas e bagas pretas que, com os anos, pode atingir até cinco metros de altura e tomar um porte arbóreo. Consta que esta planta ornamental, foi trazida e propagada naquela zona pelos monges de Cister, entre os séculos XII e XVII, para fins culinários e terapêuticos, dadas as suas inúmeras qualidades medicinais aplicadas no tratamento de várias doenças.

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TAROUCA TERRA DE ENCANTO

Disse adeus ao ninho junto ao mar…

embalado pelo marulhar das ondas,

subo a serra à procura doutros ares.

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Meus olhos correm vadios,

por paisagens deslumbrantes risonhas,

fugazes momentos mágicos de cor deslizam…

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Rompe o sol por entre as nuvens,

espalha raios de luz e esperança,

surge Tarouca esplendorosa vaidosa,

escondida entre montes e vales coloridos,

mimada namorada do rio Varosa.

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Perfume agridoce paira no ar,

são as ruas floridas de sabugueiro,

prazenteiras as boas-vindas dão

a todos que por lá passam,

parecem conspirar baixinho

para nos cativar o coração.

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Na encosta da Serra de Leomil avisto,

Santa Maria de Salzedas plantada no Vale Varosa,

com seu majestoso Mosteiro Cistercience.

Terra eleita pelos monges na nostalgia do tempo,

paraíso rural, isolado para orar e laborar,

com os olhos postos no firmamento.

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Lá no alto da Serra de Santa Helena,

Freguesia São Martinho de Várzea da Serra acena…

rendilhada por altos picos assim protegida do vento,

entre rica flora indígena rumorejam águas cantantes,

parece paraíso perdido que desperta o pensamento!

Aqui a Alma suspira por estar mais perto do Céu!

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E porque alimentar a Alma não é coisa pouca,

já tenho saudade de subir de novo a serra…

percorrer montes e vales encantados,

contar as estrelas ao luar e alegremente festejar,

com fraterna amizade de novo abraçar,

a boa gente do Concelho de Tarouca.

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(Ester de Sousa e Sá – do livro Viagem Interior)

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