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Entrevista com a escritora Viviane Gouvêa

Viviane Gouvêa, formada em ciências sociais e mestre em ciências políticas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, trabalha no Arquivo Nacional desde 2006.

Nesta instituição desenvolve projetos de pesquisa e de difusão de acervo, envolvendo temas caros à nossa história, sendo atualmente editora responsável pelo site de estudos republicanos. Já foi tradutora e trabalhou com pesquisa de mercado e consumo antes de iniciar a atual carreira.

Fotógrafa, viajante aventureira, sommelier de cerveja, irremediavelmente apaixonada por literatura e política desde a adolescência.

 

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“O eixo central do livro é a atuação ilegal do Estado brasileiro diante das demandas de grupos sociais mais vulneráveis, e aqueles posicionados na base da nossa pirâmide social, quando estes questionam esta estrutura social excludente, desigual.”

 

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Escritora Viviane Gouvêa, é um prazer contarmos com a sua participação na Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia. Conte-nos, o que a inspirou a escrever “Extermínio – Duzentos anos de um Estado genocida”?

Viviane Gouvêa – Trabalho com projetos de difusão do extenso acervo do Arquivo Nacional há muitos anos (desde 2006). Através dos registros guardados na instituição, discutimos questões cruciais da nossa história, mas obviamente por me encontrar em um ambiente institucional, há limites para a forma com que os temas podem ser abordados. Estes limites são inerentes à atividade em uma instituição pública, mas a partir de 2018 eles foram acentuados por questões políticas, por censura mesmo. Quando a pandemia chegou e nos trancou em casa, comecei a juntar e a escrever sobre estes temas, pesquisando-os além do acervo do Arquivo Nacional. O livro foi tomando forma, e a aproximação do Bicentenário da Independência inspirou o formato final, de contar essa história a partir do nascimento deste país.

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Quais principais objetivos a serem alcançados por meio da leitura desta obra literária?

Viviane Gouvêa – O eixo central do livro é a atuação ilegal do Estado brasileiro diante das demandas de grupos sociais mais vulneráveis, e aqueles posicionados na base da nossa pirâmide social, quando estes questionam esta estrutura social excludente, desigual. Fala-se muito (e devemos, certamente) sobre os períodos autoritários pelos quais passamos, mas é fundamental discutir a permanência de dispositivos ilegais e violentos durante nossos períodos democráticos, e está é um dos objetivos do livro: fazer-nos pensar nos limites das nossas democracias, que permitem que grupos específicos continuem a viver sob a égide da violência oficial. Outra questão é trazer uma documentação, muitas vezes oficial, para o grande público leigo, acostumado atualmente a achar que uma montagem no instagram é fonte de informação inquestionável.

Destaque os principais desafios para escrita do livro.

Viviane Gouvêa – O livro não possui caráter acadêmico, mas tem compromisso inabalável com a verdade possível. Manter a linha demarcada entre um livro de difusão científica e um trabalho acadêmico (que demandaria uma metodologia diferente) exigiu muito da minha atenção. Em alguns momentos o volume de informações pesquisadas era tanto que manter o foco no assunto, na abordagem escolhida também foi um desafio.

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A quem indica leitura?

Viviane Gouvêa – Indico a todas as pessoas interessadas em história, em política, em entender as origens da nossa violência, tanto a institucional quanto a cotidiana. Nossa sociedade é hostil, e não é de hoje, mas atualmente, por razões que escapam ao escopo de discussão do livro, os conflitos se explicitam de forma crua e escancarada, e é difícil não se chocar com tanto ódio e intolerância. Mas compreender as origens das nossas intolerâncias, ao menos parte da origem, mostra-se ainda mais importante.

O que mais a atrai em “Extermínio – Duzentos anos de um Estado genocida”?

Viviane Gouvêa – Gosto da proposta, obviamente, já que foi escolha minha. E a questão da linguagem com que foi escrita me atrai bastante. Como não escrevi um livro acadêmico, mas de popularização de história, pude me soltar das amarras de uma linguagem muito formal, além de me posicionar claramente em relação aos fatos narrados – por vezes, de forma até bastante apaixonada.

Apresente-nos a obra.

Viviane Gouvêa – Apresentando registros históricos de vários casos em que as forças de segurança agiram ao arrepio da ordem legal para manter uma estrutura social excludente e em silêncio aqueles que a desafiavam, Extermínio se utiliza de uma linguagem acessível e uma narrativa envolvente para contar partes macabras da nossa história. Em oito capítulos que se iniciam na Cabanagem paraense do pós-independência e terminam na favela do Jacarezinho em 2021, o livro expõe as feridas de uma sociedade hostil em uma obra mais do que atual: do genocídio indígena aos assassinatos de trabalhadores rurais – para sempre impunes -, Extermínio mostra-se mais do que necessário se quisermos aprender as origens de tanto ódio e violência para enfim superá-las.

Onde podemos comprar o seu livro?

Viviane Gouvêa – O livro foi lançado pela editora Planeta, está disponível em livrarias físicas no Brasil e pode ser comprado online a partir link https://www.planetadelivros.com.br/livro-exterminio/359272, que oferece opções de canais de compra.

Quais os seus próximos projetos literários?

Viviane Gouvêa – Ainda é um pouco cedo para pensar nisso, mas essa era de ódio e mentira em que vivemos é tristemente “inspiradora”.

Como concilia vida pessoal, profissional, com a escrita?

Viviane Gouvêa – No meu caso, meu trabalho cotidiano, meu emprego formal, tem relação estreita com minha escrita. Extermínio é meu primeiro livro e foi fruto de anos de pesquisa mas também da pandemia, que me obrigou a ficar em casa e, por paradoxal que pareça, trabalhar minha disciplina. A partir de então, venho mantendo essa divisão, essa disciplina, e tenho apoio do meu companheiro também com as questões domésticas.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o a escritora Viviane Gouvêa. Agradecemos sua participação na Divulga Escritor: Revista Literária da Lusofonia. Que mensagem você deixa para nossos leitores?

Viviane Gouvêa – Leiam, baixem livros, comprem livros. Questionem as informações passadas não apenas pela “mídia tradicional,” como a extrema direita gosta de pregar, mas principalmente por pessoas virtuais que adquiriram notoriedade na internet sem nenhuma bagagem anterior. Questione a forma com que você se informa, reflita sobre aquilo que você escolhe acreditar: porque acredita em uma mensagem qualquer de Whatzapp mas se recusa a aceitar um relatório da Organização Mundial de Saúde, por exemplo? É porque a mensagem de Whatzapp veio de alguém que você conhece? Tem certeza de que este é o único, o melhor critério de veracidade de uma informação? Será que uma pessoa que você conhece (independente de quem seja) é capaz de fornecer a você uma verdade integral sobre o mundo, só porque você a conhece?

Pense sobre isso. Pense sobre aquilo que você escolhe acreditar.

 

Divulga Escritor, unindo você ao mundo através da Literatura

Quer ser entrevistado? Entre em contato com nosso editorial, apresentaremos proposta.

Contato: smccomunicacao@hotmail.com

 

Shirley Cavalcante

Jornalista / Editora de Lusofonia

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