EUROPA – Egoísta ou Presunçosa

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Edmundo Marques

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Por volta dos anos noventa do século passado, ouvi um dia um prestigiado político alemão, dizer uma frase em que não acreditei na altura, mas que com o tempo se veio a tornar premonitória.

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E cito: se querem unir a Europa, façam-no enquanto nós, que vivemos a guerra estamos vivos e sabemos o que passamos. Quando morrermos, nunca mais conseguirão o vosso desejo actua, porque nas épocas de prosperidade, vem sempre ao de cima os orgulhos e interesses nacionais, e nunca conseguirão nada que prejudique um ou outro destes interesses, desvalorizados em tempos difíceis, mas predominantes em tempos de bem-estar físico e mental”.

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Palavras sábias dum homem sábio e muito experiente que sempre recordei e que me vinham frequentemente ao pensamento sempre que via os desmandos em que a Europa se perdia quando interesses não imediatos, mas previsíveis a prazo, se iam desenvolvendo.

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Como é possível que os dirigentes europeus, teoricamente recrutados entre os melhores, mais competentes e capazes, se deixaram enlear na desindustrialização mais que evidente quando qualquer economista, por pouco competente que seja, sabe que nunca de devem pôr na mesma cesta todos os ovos de que dispomos.

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Como entenderam confiar a sua defesa a terceiros que, por mais interessados que sejam terão sempre em primeiro lugar os interesses nacionais que representam.

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Como é possível confiar em loucos o abastecimento energético e reforçar até, num período em que já se vislumbravam alguns perigos no horizonte tornando a Europa refém de interesses alheios.

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Como é possível aceitar que homens que deveriam ter como único horizonte do seu trabalho o interesse de tantos milhões de europeus e em nenhum país, dos muitos que se consideram desenvolvidos e que, é indesmentível, tiveram visão e capacidade de decisão e de discernimento europeu, não se aperceberam dessa realidade tão evidente. Veja-se o caso de Ângela Merkel, a chanceler alemã até há tão pouco tempo considerada, e justamente, como um dos maiores pilares europeus, não se apercebeu da dependência da energia que tão necessária é, a um único país, quebrando todas as regras do bom senso comercial por mais confiança que lhe merecesse o seu interlocutor.

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Tal como no pós grande guerra os Estados Unidos da América, tiveram a visão de montar um Plano Marshall que, mantendo em funcionamento as fabricas americanas que já não vendiam armas para produzirem bens de que a Europa necessitava para a sua reconstrução inundando-a com os dólares necessários para pagar essa ajuda, que por sua vez mantinham em funcionamento a indústria americana, a Europa uniu-se, inter ajudou-se e criando até os chamados ironicamente de “euro dólares” ia ganhando alguns dividendos, emprestando, entre europeus aos países mais rápidos na sua recuperação os excedentes que os mais atrasados não conseguiam digerir com a velocidade desejada.

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A Europa prosperou, desenvolveu-se e simultaneamente desenvolveu também o seu ego imperialista que tão caro agora estamos a pagar.

Não soube reconstruir-se e simultaneamente tornar-se auto-suficiente.

Foi como as cigarras que, diz a lenda abandonam o que hoje são sobras, enquanto as formigas guardam o que sobra para os períodos de carência que sempre virão.

A Europa quis ganhar rapidamente e viver às custas desses ganhos, deixando aos outros países ditos pobres o trabalho desprezível que julgavam já não se ajustar ao seu desenvolvimento intelectual, tornando-se assim dependentes de terceiros que agora nos chantageiam.

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Esta foi uma atitude louca, quase tão interminável e louca como foi a estupidez europeia.

Agora resta-nos aguentar as dificuldades, corrigir com o tempo as nossas asneiras e recomeçar de novo.

E esperar que a próxima geração de dirigentes, sejam mais inteligentes do que foram os seus pais que lhes legam, em lugar de um continente prospero, desenvolvido e auto-suficiente, um continente com problemas, mas também com valores que apesar de tudo nos orgulham e enobrecem.

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Espero merecer dos nossos descendentes o termos sido tão estúpidos como foram todos os restantes europeus, perdoado pela nossa incorrigível preguiça e sobranceria.

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