Acreditamos que, em democracia regime pelo qual nos governam, há quarenta e nove anos, tudo seria mais fácil e ágil.
Assim nos prometeram. Que qualquer actuação nos diversos campos da actividade, privada e principalmente pública, e dos poderes que frequentemente lidamos, seriam despidos da carga burocrática acabando com os paquetes que carregavam resmas de dossiers e outras papeladas de gabinete para gabinete, tivessem os dias contados. Finalmente tinha chegado, para além da liberdade, a igualdade, éramos todos iguais e tratados como tal. Puro engano. Nunca houve tantos engenheiros e doutores.
Que, depressa ultrapassaríamos o nosso atraso social, democrático e de desenvolvimento, apanharíamos o rumo dos países mais desenvolvidos da Europa a que sempre pertencemos e nos queremos comparar.
Mais tarde, disseram-nos que, com o uso dos computadores, seria ainda muito melhor, mais simples e ágil. E, nós, os leigos, acreditamos, agora é que ia ser.
Quando os ditos computadores chegaram e começaram a ter expressão, ou mesmo a impor-se entre nós, seria muito melhor, prometiam. Por essa altura, já metade dos portugueses começava a desacreditar no que via, na máquina estatal, porque no seu dia-a-dia e na pele sentia os efeitos contrários. A achar que o Estado não é pessoa de bem.
Dinheiro não era problema, porque com a adesão à então CEE, teríamos dinheiro a rodos. E tivemos, mas como diz a cantiga: o dinheiro mal ganho, água o deu água o levou.
GOSTA DESTE CONTEÚDO?
- Não se esqueça de subscrever a nossa newsletter!
Quando se democratizou o uso da Internet, a mensagem política que foi passando ia sempre no sentido da agilização de processos e desburocratização do aparelho estatal. E continua.
Agora com o 3G é que vai ser, e com os Magalhães de borla! E depois, com o 5 G nem se fala.
Só que a bota continuava a não bater com a perdigota. Nem bate. Quer dizer: basta olhar para qualquer Município do país que, por mais pequeno que seja, enfezado, e muitos são mais pequenos que Juntas de Freguesia, para ver que, em muitos casos é o maior empregador. Apesar de isto tudo, cada vez têm mais funcionários, ou que os governos são enormes e despesistas.
O sector estatal no primeiro trimestre de 2023 bateu o recorde com 745.642 funcionários. É obra!
Mas então no que ficamos? Pergunta o cidadão menos atento e esclarecido, aquele que já em nada acredita. O que é que agilizaram os computadores e a Internet? Agilizaram e muito. Isso é inquestionável, e indiscutível. Na vida das pessoas e das empresas privadas, excepto o Estado. Esse monstro nunca se agiliza, só existe para complicar a vida de quem trabalha, investe e produz. Existe para empregar boys e girls, pagar favores, como se as novas tecnologias não existissem. Cada vez são mais.
E se, com tanto funcionário, visse-mos os serviços a funcionar melhor, até “engolia-mos “ este monstro despesista, inútil, e ineficaz. Assim como é que se justifica este desmesurado número com quase tudo a piorar diariamente no aparelho do Estado. Onde é que eles estão escondidos?
Apesar dos simplex e das vacas voadoras, que aligeiraram alguns procedimentos e que foram bons, mas que precisamos de muitos mais, e com urgência, o Estado se encarregou-se de ir criando mais centralismo e burocracias que mais não são que, uma justificação, para empregar tanta gente.
Por aqui, excepto a Câmara Municipal, o que vemos são as repartições públicas com cada vez menos funcionários, e muitos serviços foram extintos.
Afinal a democratização e o uso dos computadores e da internet, nada contribuiu para que a máquina estatal emagrece-se e, enxuta, ficasse a funcionar como uma empresa privada, como nos diziam e prometiam, que ia funcionar. E prometem.
O que assistimos é que, há que dar tacho aos alunos das madrassas partidárias, concelhias, distritais e nacionais, verdadeiros zombies que vagueiam por gabinetes sem ninguém saber o que são nem o que fazem. São assessores, secretários, adjuntos e quejandos. Por ali andam para, por vontade do chefe, serem requisitados a qualquer momento, para outro cargo qualquer aonde o chefe quiser.
Por onde quer que estejam, devem estar a fazer sombra uns aos outros. Nada de útil não se vislumbra.
A competência deles, ou as experiências profissionais, não interessam para nada.
Assim como assim, um dia, chegam a governantes.
(José Venade não segue o actual acordo ortográfico em vigor).