Fogo que arde… e não se vê?

José Andrade

Reformado

Não me estou a referir ao amor. Esse, o fogo do amor, coisa que as novas mentalidades, frustradas e ‘modernaças’ pensam se vende como bilhetes para festival de Verão, não se  vê, e o seu calor, que é coisa que arde, lá isso é. Arde, é fogo, e até nos consumindo, nas cinzas é delicioso.

Não! O fogo que parece arder, arde, é ainda combustível a alimentar muito ao gente, é o rescaldo dos fogos que dizimaram o centro de Portugal. Rescaldo que tem servido para tudo. Até para pescarem novas ‘estrelas’ para os aquários partidários. Com mais ou menos visibilidade, o rol de independentes que têm dado colaboração aos programas partidários, consoante interesse ou não, são argumentos, usados ou abusados, grelhados nas brasas que servem ao indígena, quando abrem os menus de serviço às mesas de votos.

Mas é bom que perante os ‘aparelhos’ carunchosos e ferrugentos dos partidos, como salvação da alma política, onde a ideologia é moeda virtual, se alimente o que resta do ‘fogo de causas’, sem elas, atirando umas achas, mesmo que de madeira já queimada, para aquecer o ambiente.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

E o ‘ambiente’ criado com os fogos do verão passado, apesar da chuva, e agora até das tempestades com nomes sugestivos próprios, continua a ser de suspeitoso cariz. E estou a inferir, a dizer o que penso, após ler, e reler, duas noticias no jornal, o Expresso-online.

Com o mesmo tema em causa, o fogo, ou melhor, as vitimas dos fogos no centro de Portugal, uma das ‘caixas’ da noticia diz: “Lesados dos incêndios manifestam-se hoje (quarta-feira) em Coimbra”, e tem como suporte a foto de uma senhora segurando um cartão, onde se lê, “Salvem a floresta, não os bancos”, coisa que pelo vistos, os bancos,  tema e decisão dos políticos, no governo ou na oposição, que serve como boa arma de arremesso. Dos políticos, e dos manifestantes.

A outra ‘caixa’, um pouco mais acima, diz: “Detectadas 339 tentativas de fraude nos subsídios para vitimas dos fogos”.

Interessante não é!?

Já sabíamos que o fogo era um bom negócio. Agora já não só estival. Não passou ainda um mês, e foi possível ver um frondoso e lindo incêndio, em dia de chuva, filmado e fotografado, junto da autoestrada A28, a norte de Viana do Castelo. Não foi, nem será caso único. Este nosso Portugal é um país de maravilhas. Daí não parecer estranho, causar admiração, registar que haja até quem não se escuse em dizer bem alto, que existe a economia do fogo, e que é até uma boa ajuda para a dita. Linda a analogia, lindo o exemplo, bonita a procissão que tem tais andores. Os anjinhos é que são um pouco fora de moda, mas possivelmente o armador é pessoal amigo, gente que se dá bem com toda a gente, e colabora.

Depois das Comissões de cientistas, de especialistas, de personalidades, e até da Assembleia da República, se houver paciência para continuar a dar crédito, ouvir lamentos, e testemunhar tanta incompetência e sacudir água do capote, sabendo-se que neste tipo de coisas com o fogo, já nada é novidade, o espanto fica por conta das boas almas que acreditam que este mundo dos fogos é tal qual como nos é contado pelas ‘entidades’, e no fazer coisas, que não se vêm.

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