Lendas e Mitos do Leste Brasileiro: Nossa Senhora da Glória

Desejo dedicar esta lenda, ao publicá-la no Jornal Minho Digital, a um amigo, leitor de meus textos.

Trata-se de um companheiro em Rotary, meu afilhado, integrante do quadro de associados representativos, do Rotary Club Duque de Caxias, no Estado do Rio de Janeiro. Seu nome, será encontrado no decorrer da narrativa da lenda, citado como “o ermitão português”. Devo acrescentar que meu afilhado não é português. É brasileiro, natural do interior do Estado Ceará, de onde veio ainda menino. Passando pela capital cearense, a cidade de Fortaleza, teve carona até a cidade de Salvador (Bahia), embarcando, sozinho, para o Rio de Janeiro. Na Rodoviária Novo Rio, sem nada conhecer, numa tarde de Domingo, veio para Duque de Caxias, à procura de um irmão mais velho, do qual tinha apenas o endereço da oficina mecânica no centro, um vizinho indicou-lhe o bairro  e a rua da residência do irmão. Finalmente chegou para alegria de alguns que se surpreenderam com a chegada do aventureiro.

Uma história dignificante e merecidamente tomada como exemplo para os jovens desejosos do progresso através do trabalho e persistência, diante de bons objetivos.

Temos biografias bem parecidas e muito me honro tê-lo como amigo.

Antônio J C da Cunha

Nossa Senhora da Glória

Contam que certo aventureiro tomara como madrinha de sua embarcação o nome de Nossa Senhora da Glória. Chegando à Bahia da Guanabara, perto da praia de Sapuicaitoba (hoje praia do Russel), resolveu festejar o acontecimento.

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Durante a festa, a imagem da santa desapareceu no nicho da embarcação e surgiu no alto da colina que havia em frente, iluminando as matas com esplendor de suas irradiações.

Terminada a festa, foi notada a ausência da imagem. O aventureiro procurou-a, em vão, por todo o barco, até que, atraído pelas luzes que brilhavam no meio da mata, foi encontrar a imagem no alto do outeiro.

Ao chegar ao lugar onde se encontrava a imagem, encontrou um ermitão que rezava diante da imagem. Censurou este o procedimento do aventureiro por ter tomado a santa, madrinha de sua embarcação. E afirmou que a própria imagem mostraria onde deveria ser erguida a capela para ser venerada.

O aventureiro declarou, então, que Nossa Senhora da Glória  “teria a sua capela e linda” no fim do um ano de viagem pelo mar. Nesse momento, para espanto das pessoas presentes, a imagem teria deslizado pela encosta da colina e sobre as ondas do mar, até alcançar o barco aventureiro.

Pouco tempo depois, o ermitão que chamava Antônio Caminha, esculpiu, em madeira, a imagem da santa, que foi entronizada no alto do outeiro da Glória. Dois anjos, então, apareceram, sob a forma de dois moços louros, e esculpiram, com maravilhosa perfeição, uma imagem igual à de Caminha.

O ermitão,  que era português, lembrou-se de enviar essa cópia da imagem para a Província dos Algarves, em Portugal, terra de seu nascimento. Os devotos da Glória, logo que souberam disso, foram queixar-se ao Bispo . O ermitão foi censurado e preso, mas não houve tempo para impedir a partida da santa para Portugal.

A embarcação que conduzia a imagem, foi assaltada por furiosa tempestade, no dia de São Tomé, e despedaçou-se de encontro a uns rochedos da cidade de Lages, no Algarves. A imagem foi lançada à praia, sendo recolhida pelo povo que a reconheceu como verdadeira SENHORA DOS MARES.

 

EM 13/03/2014 POR REGISCHRISTINO EM DEVOÇÃO MARIANAHISTÓRIANOSSA SENHORA

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Comentários e fotos colhidos na Walkidia (internet)

Segundo a lenda, Nossa Senhora apareceu a D. Pedro I, (1ª Dinastia em Portugal), o Justo, numa ocasião em que ele estava caçando na região que hoje é chamada de Glória do Ribatejo em Portugal, no ano de 1360 ou 1362 e que a Virgem o livrou de afogar-se na parte funda de um rio ou um lago que havia naquele local.

Glória do Ribatejo é uma localidade de Santarém, pertencente ao concelho de Salvaterra de Magos. Passou à categoria de freguesia em 29 de Agosto de 1966 e foi elevada a vila em 20 de Maio de 1993.

Em reconhecimento, o rei mandou construir uma igreja, dando à Virgem o nome de Senhora da Glória, pelas muitas luzes e resplendores de que estava cercada, no ato da aparição.

Sobre a porta principal da igreja em Ribatejo, consta uma inscrição, em letra gótica, que mal se pode ler. Parece que se vê 1360, e se é esta a data, era certamente no reinado de D. Pedro I. Diz-se que a Senhora apareceu no lugar onde está a capela-mor, sobre o mesmo pedestal em que ainda se conserva a imagem da virgem. O templo é amplo e majestoso, mostrando ser obra real. O sitio é tão deserto, que em 12 km, ao redor, não há povoação nenhuma; mas junto à igreja há uma aldeia. Em frente da igreja há um vasto terreiro, arborizado, com algumas casas, para pousada dos romeiros.

 Dom Pedro I

  1. Pedro I, foi o 8º rei de Portugal e foi por sua ordem que foi erigida a Vila de Glória do Ribatejo.

Reinou apenas por 10 anos, e protagonizou a mais trágica história de amor do reino com D. Inês de Castro, a aia, galega, de sua mulher, D. Constança.
A ordem do assassinato partiu do seu pai Afonso IV, o que levou a que a relação entre os dois se tivesse deteriorado .Devido ao triste desenlace desta história ficou conhecido por dois cognomes (O Cruel ou O Justo), graças à perseguição e a forma violenta como executou os assassinos de sua amada.

Segundo a lenda, o Rei coroou Inês, já cadáver, tornando-a Rainha de Portugal, levando a corte a participar na cerimônia e obrigando-os a beijar mão da falecida.

“D. Pedro revelou-se um excelente estadista, era um bom administrador, e foi um defensor das camadas mais desprotegidas da população.”
Os seus 10 anos de reinado tornaram-no tão popular que dizia o povo ” Que tais dez anos nunca ouve em Portugal como estes que reinara el Rei Dom Pedro”

O corpo do rei, jaz à beira da sua amada, no mosteiro Santa Maria de Alcobaça, uma obra prima do gótico em Portugal e considerado uma das 7 Maravilhas em território português.

 

Devoção Mariana

Nossa Senhora da Glória é o título que se refere a três verdades de fé professadas pela Igreja: a Dormição de Nossa Senhora, sua Assunção ao céu em corpo e alma e sua Glorificação como Rainha do céu e da terra. São o quarto e o quinto Mistérios Gloriosos do Terço.

A devoção relembra a coroação da Virgem como rainha.

Dormição da Virgem Maria.

Mosaico na Igreja de Chora em Istambul.

 

Dormição de Nossa Senhora

A Dormição de Maria é uma verdade de fé professada pela Igreja. Segundo a Tradição da Santa Igreja Católica Apostólica Romana: Maria faleceu por volta dos 58 anos de idade, em Jerusalém. Após sua morte, seu corpo foi velado com grande emoção e vigílias pelos cristãos. Vários apóstolos vieram de longe para se despedirem da mãe do Salvador. Depois, seu corpo foi sepultado, provavelmente no Horto das Oliveiras.

A “Dormição de Maria”, também chamada de Dormição da Theotokos (em grego: ???????? ???????? – Koím?sis, frequentemente latinizado como Kimisis, e Uspénie em língua eslava eclesiástica, termos que se referem ao ato de dormir), é uma das grandes festas da Igreja Ortodoxa e das Igrejas Ortodoxas Orientais e Católicas Orientais que comemoram a “dormição” ou morte da Theotokos (Maria, literalmente traduzido como “portadora de Deus”), e sua ressurreição corporal antes de ser elevada ao céu. Ela é celebrada em 15 de agosto (28 de agosto no calendário juliano ainda observado por algumas denominações) como a Festa da Dormição da Mãe de Deus. A Igreja Apostólica Arménia celebra a Dormição não numa data fixa, mas no domingo mais próximo de 15 de agosto.

 

O túmulo de Nossa Senhora da Glória fica vazio

Um dos apóstolos, provavelmente por estar distante fisicamente, chegou a Jerusalém algumas horas depois que o corpo de Maria tinha sido sepultado.  E ele quis muito ver o corpo de Nossa Senhora pela última vez. Mas quando abriram o túmulo para que o apóstolo pudesse vê-la, o corpo da Virgem não estava mais lá. Todos, então, glorificaram a Deus reconhecendo que Maria tinha sido elevada ao céu não só em espírito, mas também em corpo físico. Por isso, desde os primórdios, os fiéis festejam a Assunção de Nossa Senhora e sua glorificação no céu. E é daí que se origina o título Nossa Senhora da Glória.

São João Damasceno formula assim a tradição da Igreja de Jerusalém: São Juvenal, Bispo de Jerusalém, no Concílio de Calcedônia (451), levou ao conhecimento do Imperador Marciano e Pulquéria, que desejava possuir o corpo da Mãe de Deus, que Maria morreu na presença de todos os Apóstolos, mas que o seu túmulo, quando aberto, a pedido de São Thomas foi encontrado vazio; a partir do qual os Apóstolos concluíram que o corpo foi levado para o céu.

 

A Assunção de Nossa Senhora da Glória

Assunção quer dizer ser elevado (a), ou seja, Maria não subiu ao céu pelo seu próprio poder, mas foi levada ao céu pelo poder de Deus. É o quarto Mistério Glorioso contemplado no Terço. A Assunção de Maria é também um dogma da Igreja Católica proclamado pelo Papa Pio XII em 1950. No documento eclesiástico promulgado no dia primeiro de novembro de 1950, Festa de Todos os Santos, o Papa Pio XII declarou como dogma revelado por Deus que Maria, Mãe imaculada perpetuamente Virgem de Deus, após a conclusão da sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória dos Céus.

 

Sinal para todo cristão

A Festa da Assunção de Maria, como Nossa Senhora da Glória é um sinal para nós que um dia, pela graça de Deus e os nossos esforços, também poderemos nos juntar à Mãe Santíssima, dando glória a Deus. A Assunção é uma fonte de grande esperança para nós, pois aponta o caminho para todos os seguidores de Cristo, que imitam a sua fidelidade e obediência à vontade de Deus. Onde Nossa Senhora está agora, nós também estamos destinados a estar e podemos esperar por isso contando com a graça divina. O fato de Maria ser elevada ao céu depois que sua vida na terra terminou é o resultado lógico de sua natureza imaculada, exclusivamente protegida – também pela graça de Deus – do pecado original.

 

Catecismo cita Nossa Senhora da Glória

O Catecismo da Igreja Católica, capítulo 3, 6, diz:

Finalmente, a Virgem Imaculada, preservada e imune de toda mancha do pecado original, quando terminada sua vida terrena, foi levada em corpo e alma à glória celestial, e exaltada pelo Senhor como Rainha de todas as coisas, de modo que ela pode ser mais plenamente conformada com seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte. A Assunção da Virgem é uma participação singular na Ressurreição de Jesus e uma antecipação da ressurreição dos outros cristãos.

 

Imagem de Nossa Senhora da Glória

Nossa Senhora da Glória é representada com os braços abertos num ato de louvor a Deus, tendo sobre sua cabeça uma coroa de 12 estrelas, conforme é mencionado no livro do Apocalipse. Algumas imagens apresentam Nossa Senhora com o Menino Jesus.

 

Orações a Nossa Senhora da Glória

Pai amoroso, Vós que elevastes a Virgem Maria ao céu para compartilhar a vossa comunhão de amor, fazendo com que ela se torne exemplo e esperança para cada um de nós, pela vossa misericórdia e pelo sacrifício de nossas orações, aceitai-nos para aquele abraço santo e definitivo na glória eterna, junto convosco e com a Virgem Maria. Isso nós vos pedimos por Cristo nosso Senhor. Amém.

 

Nossa Senhora da Glória, um conforto nas dificuldades.

Falando sobre Nossa Senhora da Glória, o Papa Bento XVI afirmou:

Ao contemplar Maria na glória celestial, entendemos que a terra não é a pátria definitiva para nós também, e que, se vivemos com o nosso olhar fixo nos bens eternos, a terra se tornará mais bela. Consequentemente, não devemos perder a serenidade e a paz mesmo no meio de tantas dificuldades cotidianas. O sinal luminoso de Nossa Senhora recebida no céu brilha ainda mais intensamente quando as sombras tristes de sofrimento e violência parecem pairar no horizonte.

Podemos estar certos de que: do alto, Maria acompanha os nossos passos, com preocupação, gentil, dissipa a escuridão nos momentos de trevas e angústia, tranquiliza-nos com a sua mão materna. Apoiados por esta consciência, vamos continuar confiantes no nosso caminho de compromisso cristão onde quer que a Providência nos levar. Vamos avançar em nossas vidas sob a orientação de Maria.

Papa Bento XVI,, Audiência Geral, em Castel Gandolfo no dia 16 de agosto de 2006.

Morte da Virgem.

Ano 1461. Por Mantegna, atualmente no Museu do Prado, em Madrid.

 

Detalhes sobre a dormição

A Dormição da Maria é celebrada em 15 de agosto (28 de agosto no calendário juliano), o mesmo dia da Festa da Assunção de Maria da Igreja Católica. Apesar de ambos comemorarem o mesmo evento (a partida de Maria deste mundo), as crenças não são exatamente idênticas.

A ortodoxia ensina que Maria passou por uma morte natural, como qualquer outro ser humano; que sua alma foi recebida por Cristo após a sua morte e que seu corpo foi ressuscitado no terceiro dia, no qual este corpo foi finalmente elevado ao céu para se juntar à sua alma. Seu túmulo foi encontrado vazio no terceiro dia.

O ensinamento católico defende que Maria foi “assumida” no céu de corpo e alma, justamente como seu filho Jesus ascendeu. Alguns católicos concordam com os ortodoxos que este evento teria ocorrido após a morte de Maria, enquanto outros afirmam que ela não experimentou a morte. O Papa Pio XII, na sua constituição apostólica Munificentissimus Deus (1950), que definiu dogmaticamente o dogma da Assunção, deixou a questão propositadamente em aberto sobre se Maria teria ou não morrido no momento de sua partida, mas alude à sua morte pelo menos cinco vezes. Porém, durante uma audiência geral em 25 de junho de 1997, o papa João Paulo II afirmou que Maria, de fato, experimentou a morte natural antes de ascender. Ele disse:

É verdade que no Apocalipse, a morte é apresentada como uma punição pelo pecado. Porém, o fato de Igreja proclamar Maria livre do pecado original por um privilégio divino único não leva à conclusão de que ela também teria recebido a imortalidade física. A Mãe não é superior ao Filho, que morreu, dando à morte um novo significado, mudando-o para um meio de salvação. Envolvida na obra redentora de Cristo e associada a seu sacrifício salvador, Maria foi capaz de compartilhar de seu sofrimento e morte pelo bem da redenção da humanidade. O que Severo de Antioquia diz sobre Cristo também se aplica a ela: “Sem uma morte preliminar, como poderia teria ocorrido a Ressurreição?  Para compartilhar da Ressurreição de Cristo, Maria teve que primeiro compartilhar de sua morte. O Novo Testamento não nos dá nenhuma informação sobre as circunstâncias da morte de Maria. Este silêncio nos leva a supor que ela teria ocorrido naturalmente, sem nenhum detalhe adicional que merecesse atenção.

Se não fosse este o caso, como poderia a informação sobre ela ter permanecido escondida de seus contemporâneos e não ter sido passado para nós de alguma forma? Sobre a causa da morte de Maria, as opiniões que querem excluí-la da morte por causas naturais parecem sem fundamento. É mais importante olhar para a atitude espiritual da Abençoada Virgem no momento de sua partida deste mundo.

Neste ponto, São Francisco de Sales defende que a morte de Maria se deu por um transporte de amor. Ele fala de uma morte “no amor, do amor e através do amor”, chegando ao ponto de dizer que a Mãe de Deus morreu de amor pelo seu filho Jesus (“Tratado sobre o Amor de Deus, livro 7, c. XIV). Qualquer que tenha sido, do ponto de vista físico, a causa orgânica, biológica do fim de sua vida terrestre, pode-se afirmar que para Maria a passagem desta vida para a outra foi o desenvolvimento completo da graça na glória, de modo que nenhuma outra morte pode ser tão adequadamente chamada de “dormição” como a dela.

Ícone da Dormição por Teófanes, o Grego, 1392. A Virgem aparece deitada numa liteira rodeada pelos doze apóstolos.

 

Desenvolvimento da tradição da Dormição

A tradição da Dormição está associada com vários lugares, principalmente com Jerusalém, que abriga o túmulo de Maria e a Basílica da Dormição de Maria, e com Éfeso, onde está a Casa da Virgem (Meryem Ana).

Durante os primeiros quatro séculos, nada se escreveu sobre o fim da vida da Virgem Maria, embora se afirme, sem documentação sobrevivente, que a Festa da Dormição já era observada em Jerusalém logo depois do Concílio de Éfeso (431).

No final do século V, quando as primeiras tradições sobre a Dormição começam a aparecer nos manuscritos, Stephen Shoemaker detectou a repentina aparição de três distintas tradições narrativas descrevendo o final da vida de Maria (além de um punhado de outras atípicas): ele as chamou de “Palma da Árvore da Vida”, “Belém” e “Copta”.

 

No Brasil

A festa de Nossa Senhora da Glória é a mesma festa litúrgica da Assunção de Nossa Senhora, em que a Igreja celebra a glorificação de Maria coroada como rainha do céu e da terra.  Por isso, Nossa Senhora da Glória é representada com uma coroa na cabeça, um cetro na mão e o Menino Jesus nos braços.

A devoção a Nossa Senhora da Glória chegou ao Brasil em 1503, trazida pelos primeiros colonos portugueses que aqui chegaram e construíram a primeira igreja a ela dedicada em Porto Seguro, na Bahia.

Altar de N.S Gloria no Rio de Janeiro

 

A devoção no Rio de Janeiro

A devoção a Nossa Senhora da Glória surgiu no Rio de Janeiro no início do século XVII, alguns anos após a fundação da cidade, quando no ano de 1608, um certo Ayres colocou uma pequena imagem da Virgem numa gruta natural existente no morro. Mas as origens históricas remontam a 1671. O ermitão Antonio Caminha, natural de Aveiro em Portugal, esculpiu a imagem da Virgem em madeira e ergueu uma pequena ermida no “Morro do Leripe”, onde já existia a gruta, formando-se em torno um círculo de devotos. Diz a lenda que para presentear o rei D. João V, Caminha fez uma réplica da imagem embarcando-a para Portugal. O navio que a transportava naufragou e as ondas a levaram para uma praia na cidade de Lagos, no Algarve. Aí frades capuchinhos a recolheram, levando-a para o convento onde é cultuada até os dias atuais, na Igreja de São Sebastião.

As terras com o nome de Chácara do Oriente, compreendendo o Outeiro, pertenciam a Cláudio Gurgel do Amaral e foram doadas à Nossa Senhora em escritura pública de 20 de junho de 1699, com a condição de ser edificada uma capela permanente, e que nela fossem sepultados o doador e seus descendentes. Pelo contexto da escritura depreende-se que em 1699 já havia uma Irmandade para cultuar Nossa Senhora da Glória, confraria que segundo o “Santuário Mariano” possuía, em 1714, “quantidade de dinheiro para dar princípio a uma nova e grande igreja de pedra e cal, porque a primeira que se fez foi de madeira e barro.”

Óleo sobre tela de Nossa Senhora da Glória e o Menino Jesus pertencente à Irmandade do Outeiro da Glória

A Irmandade de Nossa Senhora da Glória foi canonicamente instituída a 10 de outubro de 1739, ano em que se concluiu a construção do templo, por ato provisional do Bispo do Rio de Janeiro, Frei Antonio de Guadalupe, em resposta a uma petição dos Irmãos. A Igreja ganhou enorme prestígio quando da chegada da Corte Portuguesa, em 1808. A família Real tinha especial predileção por ela. Em 1819 a princesa Maria da Glória foi trazida por seu avô, D. João VI, para a cerimônia da consagração. A partir de então todos os membros da família Bragança, nascidos no Brasil, são consagrados na Igreja.

A 27 de dezembro de 1849 D. Pedro II outorgou o título de “Imperial” à Irmandade. Após esta data todos seus descendentes nascidos no Brasil são membros da mesma. O advento da República respeitou esta outorga. Durante o governo de Getúlio Vargas foi declarada “Monumento Nacional”, e como tal tombada pelo Decreto-Lei de 25 de abril de 1937, que preserva os bens de valor artístico e histórico. O tombamento ocorreu a 17 de março de 1938, inscrito no Livro Tombo do Ministério de Educação e assinado por Rodrigo de Mello Franco de Andrade. A 1° de novembro de 1950 o Papa Pio XII conferiu à Igreja da Glória o título de “Basílica Nacional da Assunção”.

 

António J. C. da Cunha

Empresário luso-brasileiro no Rio de Janeiro

Natural de Geraz do Minho – Portugal

Academia Duquecaxiense de Letras e Artes

Associado do Rotary Club Duque de Caxias – Distrito 4571

Membro da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade

Membro da CPA/UNIGRANRIO

Diretor Proprietário da Distribuidora de Material Escolar Caxias Ltda

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3 comentários

  1. Meu amigo e Padrinho de Rotary, Antonio J C da Cunha

    Deveras estou muito feliz pela sua homenagem ao denominar o nome do Ermitão com meu nome Antonio Caminha. Reproduziste muito bem a minha chegada ao Rio de Janeiro, mas, não me considero um aventureiro pois tinha destino certo que era a residência do meu querido irmão( In Memorian) José Neiva Caminha, mas, tens razão em chamar de aventura as minhas andanças para chegar a sua residência e sem dúvidas contei com as orações da minha querida mãe (in memoriam), Maria Barbosa Caminha, que rezava todos os dias e com certeza elevava o nome de N Sª da Glória. A história é exatamente essa: sai de Fortaleza num AVIÃO da FAB – modelo C 147, em companhia de amigo e colega de faculdade de Medicina do meu irmão Raimundo Neudo Caminha (in memoriam), de nome Fernando. Quando chegamos em Salvador, na Bahia o comandante nos informou que não poderia nos trazer para o Rio de Janeiro (e isso já sabíamos que poderia acontecer), só que esse amigo tinha um compromisso de me acompanhar até o RJ , só que em dado momento ele disse, vejo que és um garoto esperto, nessa ocasião eu estava com 15 anos, e perguntou se eu poderia vir sozinho, pois ele iria pegar um ónibus para São Paulo, seu destino final. E assim aconteceu. Começou a aventura) . Ao desembarcar na rodoviária, olhei para os lados e não vi o meu irmão e nem a sua família. Passaram-se alguns minutos e decidi me informar aonde poderia pegar o ónibus para Duque de Caxias e assim o fiz. Dentro da condução puxei conversa com um senhor que se preocupou e se dispôs a me ajudar , informando-me que o endereço do trabalho do meu irmão era bem perto do local aonde iriamos descer, e assim nos dirigimos ao endereço. Chegando lá estava fechado pois já eram quase 18;00 horas e era um sábado. Conseguimos o endereço da residência e me levou até o ponto do ónibus: Estrada das Pedrinhas, Rua A 521 Casa 6 – Covanca – Duque de Caxias. Cheguei ao largo, Desci (já estava à noite ). Atravessei a Rua. adentrei numa padaria e indaguei aos presentes se sabiam aonde o meu irmão José (Mecânico) morava e ninguém sabia. Mas informaram: olha essa Rua está longe daqui é para ir lá para dentro. Peguei a minha mala e a rede que carregava e fui caminhando. Conforme caminhava as lágrimas começaram a brotar e a escuridão avançava. E já me desesperando vi três mulheres e contei o drama que estava vivendo. Nisso elas conseguiram parar um ónibus. Conversaram com o motorista e esse logo disse sobe aí: que conheço esse endereço e me deixou na entrada da vila e me disse é aqui. É só procurar a casa 6 – E ao chegar ao portão vi o meu sobrinho Marcos Caminha, que tinha ido com seus pais a Fortaleza por isso reconheci, passando correndo pela casa, aí eu não tive dúvidas que Deus tinha me guiado e que a minha aventura (pesadelo) tinha chegado a um porto seguro. Amigo Antonio J C Cunha: tive que reproduzir esse relato para fazer jus ao termo de aventureiro. Esse ermitão que T denominaste de Antonio caminha, sem dúvidas, recebeu todas as benções de N. Sª da Glória.
    Tens trazido para o deleite de todos nós grandes contos e curiosidades das ricas Histórias dos Países Luso-Brasileiros.
    Muito Honrado pela tua distinção . Abraços

    Antonio Numan Caminha

  2. Salve, Antonio Joaquim !
    Você construiu um texto rico em informações. Um hino à fé, à religiosidade. Esta hoje tão escassa entre nós.
    A importância e a beleza da matéria recebeu o acréscimo enriquecedor da manifestação do Antonio Caminha, personagem real meritoriamente presente em sua narrativa.

  3. Geraz, não Gerou, do Minho.
    Obrigado.
    Não li.
    Percorri.
    Auxílio de Nossa Senhora de…
    Mãe de todos, mesmo os que não querem.
    Parabéns investigador.
    Chateio tudo que informa desde que comecei a ler.
    Leitor de escritos.
    Acordo.
    Importa saber escrever e ler.
    Fazer contas.
    MD, qual Expresso.
    Obrigado colunistas.
    Desculpem o chato.
    Saúde e Páscoa Feliz.

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