Lendas e Mitos do Sul Brasileiro: O Crime do Bandeirante

“Lendas são narrativas transmitidas oralmente com o objetivo de explicar acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. Para isso há uma mistura de fatos reais com imaginários. Misturam a história e a fantasia. As lendas vão sendo contadas ao longo do tempo e modificadas através da imaginação do povo.”

O CRIME DO BANDEIRANTE

BORBA GATO foi um dos mais célebres bandeirantes paulistas. Genro de Fernão Dias Paes Leme, ajudou este a descobrir ricas minas de ouro na região de Sabará. Tendo de fazer uma longa viagem, em busca das esmeraldas, com que há muito sonhava, Fernão Dias deixou suas minas sob a guarda de Boba Grato.

Conhecendo, porém, o gênio exaltado e agressivo do genro, Fernão Dias, antes de partir, recomendou-lhe que não praticasse nenhuma violência se, por ventura alguém aparecesse com ordens do rei de Portugal, para se apoderar das minas.

Borba Gato prometeu que teria calma em qualquer emergência. Mas um golpe do destino o impediu de cumprir a promessa que fizera a seu querido sogro.

Passado algum tem, depois da partida de Fernão Dias, desembarcou no Brasil, Dom Rodrigo de Castel Branco, fidalgo espanhol, orgulhoso e prepotente, a quem D. Pedro II, rei de Portugal, concedera título de “Administrador Geral das Minas”, com jurisdição sobre todas as minas descobertas e a descobrir.

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Acontece que, anos antes, o então rei de Portugal, D. João VI, antecessor de D. Pedro II , concedera a Fernão Dias Pais jurisdição sobre as minas que ele viesse a descobrir, conferindo-lhe para isso, o título de “Governador da Terra das Esmeraldas|”.

Chegando a Sabará, o fidalgo espanhol quis apoderar-se das Minas de Fernão Dias, em nome de EL-REI. Naturalmente, Borba Gato a isso se opôs, fazendo grande esforço para se manter calmo diante da atitude violenta e autoritária de D. Rodrigo.

A fim de conseguir um entendimento cordial como fidalgo espanhol, Borba Gato propôs que os dois se encontrassem sozinhos, sem armas, em lugar afastado, apenas acompanhados por seus pajens.

Infelizmente, no meio da conferência, os dois se exaltaram. E um dos pajens de Borba Gato, temendo que seu amo fosse assassinado, deu um tiro de bacamarte em D. Rodrigo, matando-o.

Naquela época, os fidalgos eram considerados pessoas sagradas. Ai do brasileiro que matasse um fidalgo ! Jamais teria o perdão e sofreria o pior dos castigos ! Diante disso, Borba Gato fugiu para as brenhas e foi viver  no meio dos índios.

Atormentado pelas saudades  da família e desfigurado pelas dificuldades da vida nas selvas, Borba Gato sofreu profunda transformação. Sua pele tornou-se crestada e escura. Barbas e cabelos cresceram desmedidamente. Suas unhas ficaram enormes  e seus pés deformados. Sua fisionomia adquiriu uma expressão selvagem. Borba Gatos parecia um monstro  !

Não podendo mais suportar as saudades da esposa e dos filhos, Borba Gato resolveu retornar à Vila de São Paulo, para rever seus entes queridos. Para isso, viajou meses, muitos meses, através do sertão, com mil cuidados para não ser reconhecido. Finalmente, chegou à porta de sua casa. Tremulo de emoção, bateu palmas. Apareceu sua mulher. Dona Maria Leite. Borba Gato disse-lhe quem era e procurou abraça-la. Mas sua esposa recuou horrorizada ao ver aquele homem monstruoso. Gritou por socorro. Juntou gente. Vieram soldados. E ao saberem que aquele velho horrendo queria passar por esposo daquela bela senhora, os soldados espancaram-no sem piedade. Borba Gato chorou, implorou, mas foi em vão. Sua mulher e filhos não o reconheceram. Expulso de sua própria casa, com as costas a escorrer sangue e os olhos cheios de lágrimas, o infeliz bandeirante baixou a cabeça e tomou tristemente caminho das selvas, onde foi acabar seus dias.  …

 

Borba Gato

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Escrito por Juliana Bezerra ( Material colhido na internet

Professora de História

Manuel de Borba Gato foi um bandeirante paulista, descobridor de ouro e exerceu o cargo de juiz ordinário em Sabará.

Participou da Guerra dos Emboabas e era genro do bandeirante Fernão Dias Pais.

 

Biografia de Borba Gato

Manuel de Borba Gato nasceu em São Paulo, em 1649. Seus pais eram da Ilha Terceira e se estabeleceram na então capitania de São Vicente na década de 1630.

O pai, João Borba Gato, participou de bandeiras. Igualmente, seu tio, Belchior de Borba Gato, era um desbravador do sertão paulista e mais tarde se envolveu na revolta contra os jesuítas e na Aclamação de Amador Bueno (1641).

Com este em torno familiar, o jovem Manuel Borba Gato se tornaria bandeirante e se casou com Maria Leite, filha do “Caçador de Esmeraldas” e índios, Fernão Dias Pais.

A vida de Bandeirante

Manuel Borba Gato, em companhia do sogro, percorreu entre 1674 e 1681, as matas de São Paulo e do Mato Grosso.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Imagem idealizada de Borba Gato, séc. XX

 

Após 1681, quando Dias Paes já havia morrido, dirigiu-se para Minas Gerais onde se desentendeu com um fidalgo e acabou o matando. Para não ser condenado preferiu se evadir nas matas e acabou encontrando ouro no Rio das Velhas. Desta maneira, negociou com as autoridades o perdão pelo crime em troca de revelar a localização exata dos veios de ouro.

Assim, em 1698, obtém o perdão e o posto de lugar-tenente (oficial que desempenha, por delegação, as funções de outra pessoa). Em seguida, indicou onde estava o metal precioso nos ribeirinhos e na serra de Sabará.

Mais tarde, ascenderia ao posto de Tenente-general do Mato e foi responsável pela organização da justiça, divisão das lavras de ouro e o envio dos impostos que correspondiam à Coroa portuguesa.

Consta que Borba Gato era muito estimado pelos governadores de São Paulo, pois entregou várias permissões para explorações de minas, datas e lavras a amigos e parentes.

Durante a Guerra dos Emboabas colocou a população do arraial do rio das Velhas (atual Sabará) contra o forasteiro Manuel Nunes Viana.

Inclusive, Borba Gato fixou um bando (documento afixado para a população saber das resoluções oficiais) exigindo a retirada de Nunes Viana do arraial. O desentendimento entre os dois foi o estopim, entre outros fatores, à guerra que confrontaria bandeirantes e recém-chegados nas Minas Gerais.

Borba Gato morreu em 1718 e seus restos mortais se encontram em local desconhecido.

 

Estátua de Borba Gato e Polémica

Bandeirantes como Raposo Tavares, Fernão Dias Paes e Borba Gato, fazem parte da formação histórica da cidade e do estado de São Paulo. Os três nomes citados batizam ruas, estradas e possuem estátuas no Museu Paulista.

Afinal, por causa das bandeiras, os limites do Tratado de Tordesilhas foram alargados e a América Portuguesa cresceu. Posteriormente, os soberanos de Portugal e Espanha teriam que assinar outros tratados a fim de resolver as questões de limites entre suas colônias na América.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Estátua de Borba Gato, em Santo Amaro

 

No entanto, a historiografia brasileira tem reavaliado o papel dos bandeirantes, pois um dos objetivos dessas expedições era caçar indígenas e escravizá-los. Muitas vezes, aldeias inteiras eram destruídas e seus habitantes dispersados para sempre.

Borba Gato, além de ter uma estátua no Museu Paulista, conta com um grande monumento de 10 metros de altura e 20 toneladas no bairro de Santo Amaro. Inaugurada em 1963, de autoria de Júlio Guerra, retrata o explorador de barba, chapéu e arma na mão.

Em 2008, um grupo de moradores da cidade questionou o valor da homenagem a um homem de virtude duvidosa e propôs eliminar o monumento. A iniciativa não prosperou, mas a reflexão ficou para as gerações futuras.

Novamente, em 2020, o monumento foi pichado, pois muitos consideram que uma pessoa que causou tanto sofrimento aos indígenas não merece estar em via pública.

 

Sobre BORBA GATO MUITO MAIS PODERÁ LIDO NO SITE A SEGUIR INDICADO. PARA QUEM GOSTA DE HISTÓRIA, E NESTE CASO, A HISTÓRIA DA FORMAÇÃO DE SÃO PAULO, RECOMENDO O SITE :

https://jornalistaslivres.org/borba-gato-a-estatua-de-um-genocida-estuprador-e-escravagista-que-merece-arder-em-chamas/

 

António J. C. da Cunha

Empresário luso-brasileiro no Rio de Janeiro

Natural de Geraz do Minho – Portugal

Academia Duquecaxiense de Letras e Artes

Associado do Rotary Club Duque de Caxias – Distrito 4571

Membro da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade

Membro da CPA/UNIGRANRIO

Diretor Proprietário da Distribuidora de Material Escolar Caxias Ltda

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1 comentário

  1. As lendas brasileiras são riquissimas rá mostra a nossa real Hístória,. O personagem Borba Gato mostra ao mesmo tempo um explorador das riquezas das terras de Minas Gerais e São Paulo, com mostra o seu lado cruel contra ons indigenas, que sempre foram injustiçados poís a ganância dos homens Brancos pelas suas terras e riquezas , eram os motivos. Parece até que o tempo não passa pois hoje nos nossos dias , pasmen no secúlo XXI nos deparamos com essas lutas travadas por terras e pelas riquezas do nosso povo indigena. Os povos Yanomani por pouco não foram dizimados .Ao autor que nos contemplam sempre com as histórias de várias regiões do Brasil, nosso agradecimento.

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