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José Rodrigues Lima
Antropólogo
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BRANDA DA AVELEIRA, “OLHARES ECOLÓGICOS SOBRE A TERRA” E PENSADOR BRASILEIRO LEONARDO BOFF CONCEDEU NOTABILIDADE ATRAVÉS DE VIDEOCONFERÊNCIA.
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A Declaração Patrimonial proclamada em 1996, e inserida no Projeto Cultural “Memória e Fronteira”, preconiza a comemoração anual do Dia do Brandeiro.
Pretende-se homenagear todos aqueles que seguiram a rota da transumância, partindo da parte baixa da freguesia da Gave para as terras altas da Aveleira apascentando o gado ovino, bovino, caprino e cavalar.
Em 1996, o Primeiro-Ministro de Portugal, Engenheiro António Guterres, enviou uma mensagem associando-se à comemoração.
Referindo-se aos brandeiros regista que naquele espaço geo-cultural do Alto-Minho “traçam rotas muitos caminheiros de olhos cheios de memória e pensamentos lavados pela aragem”.
Pretendeu-se comemorar as “Bodas de Prata do Dia do Brandeiro” com visibilidade, reforçando o património material e imaterial daquele espaço geo-cultural e transmitir para o futuro “lugares de memória humanizados”, recordando os brandeiros que através do tempo sentiram a dureza da transumância.
Os brandeiros são portadores de mundividências sábias e transportam memórias de homens de carácter forjados pela fadiga dos passos grandes e firmes, desafiando o tempo longo.
A organização da efeméride alcançou o objetivo de sensibilizar para a proteção da biodiversidade ecológica, sublinhando a urgência da conservação da natureza, “terra mãe, cuidando da casa comum”.
PUBInspirados pela célebre carta do Chefe Seattle em 1854, aceitamos “que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à Terra acontecerá aos filhos da Terra”.
As declarações patrimoniais aprovadas pela assembleia de melgacenses assinalam também o pensamento da Encíclica “Laudato si” do Papa Francisco (2015) (sobre o cuidado da casa comum).
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SESSÃO COMEMORATIVA
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A sessão comemorativa dos 25 anos do Dia do Brandeiro decorreu com brilhantismo no salão localizado no adro da Senhor da Guia.
Os gaiteiros da freguesia da Gave deram ar festivo à efeméride, e os sons espalharam-se pelo território da Branda da Aveleira, contribuindo para a animação dos lugares de memória humanizados, reforçando a comunidade agro-pastoril.
Na abertura da sessão usou da palavra Manuel Batista, Presidente do Município de Melgaço, que sublinhou o valor da transumância através do tempo longo, referindo brandeiros pela sua presença e trabalho manifestaram “a arte da sobrevivência ativa, conjugada com a arte da solidariedade ativa”.
A intervenção de José Rodrigues Lima que acompanhou os 25 anos da comemoração fez uma síntese da memória do acontecimento que consta do tecido histórico-cultural de Melgaço, destacando a importância das comunidades de montanha registadas na geografia humana.
“Quem é do monte volta para o monte, como o melro puxa à silvareira”.
Referiu, ainda, a Declaração Patrimonial da Branda da Aveleira, 1996, assinada na data por mais de 600 participantes.
Seguiu-se a análise referente à importância histórico-cultural das brandas e inverneiras, havendo oportunidade do historiador-arqueólogo Joel Cleto tecer considerações pertinentes a respeito da origem do Parque Nacional Peneda-Geres e às marcas da transumância, sublinhado a importância cultural.
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VIDEOCONFERÊNCIA
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A videoconferência proferida pelo ecologista, filósofo, teólogo e professor Leonardo Boff notabilizou a comemoração dos 25 anos do Dia do Brandeiro.
Teve como tema “Olhares ecológicos sobre a terra”.
O reconhecido pensador tendo acompanhado via digital toda a sessão concretizou uma intervenção sábia.
Teve a clareza de afirmar que estava a participar numa sessão que apelidou de “mística”, pelo facto do respeito que a terra-mãe tem merecido na Branda da Aveleira e o cuidado que os responsáveis dispensam à ecologia e às alterações climáticas.
Já na parte final houve oportunidade de serem colocadas questões pertinentes à situação climática e a importância da educação na construção da biodiversidade.
Foi registado que os conceitos de cuidar e solidariedade são imprescindíveis para podermos caminhar com esperança no futuro das sociedades do humanismo.
A conferência pode ser visualizada nas redes sociais do município de Melgaço.
Foi um tema de grande significado cultural que notabilizou o acontecimento socio-cultural.
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EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA
Registamos a visita à branda da organização da “Melgaço Internacional Documentary Film Festival” e dos participantes, visitando o modus vivendi dos brandeiros, dando especial interesse à paisagem cultural e às cardenhas.
A comemoração dos 25 anos mereceu uma exposição fotográfico do especialista Luís Miguel Portela, que está patente num salão do edifício junto da capela da Senhora da Guia e na Junta de Freguesia da Gave.
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MEMÓRIA DOS ANTEPASSADOS
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No final da tarde houve a participação de uma memoria litúrgica, recordando todos aqueles que pisaram a terra da branda, sendo chamados à presença dos participantes familiares, amigos, investigadores e autoridades civis.
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