Memorial de Pedrógão Grande ou a falta de vergonha?

Tantas vezes ouvimos dizer que é com os erros que aprendemos?

Aquilo que até ali, não vimos ou simplesmente descuramos, como foi o caso vertente e que acabou em tragédia, devia ter provocado uma reacção imediata, no sentido de corrigir o mesmo erro. É certo que, depois de casa roubada trancas à porta para, pelo menos, emendar ao mão e prevenir os erros futuros, porque o mal está feito. Mas nem isso se verificou. Nem, assim, com esta tragédia o governo aprendeu.

O Estado podia e devia ter mecanismos para minimizar casos como o que aconteceu, com os violentos incêndios, em Pedrogão Grande, a 17 de Junho de 2017, e em que morreram 66 pessoas, centenas de feridos, centenas de casas ardidas e vidas completamente destroçadas estropiadas. Mas isso era pedir muito.

Pois bem, não tinham e não têm, nem tiraram nenhuma conclusão da tragédia que ali, e ao seu redor, se desenrolou. Não havia e continua a não haver planeamento florestal.

Hoje, Pedrogão Grande e outros concelhos afectados, estão no mesmo pé que estavam em 2017, em Junho ou em Outubro.

Basta ver, para se aquilatar, que, se voltar a arder, tudo se poderá repetir, de novo. Ali, ou noutro ponto de Portugal.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Esperava-se muitas coisas, muitas correcções com vista ao futuro. E, na verdade, muito nos foi prometido. Coisas como: precaução, prevenção, limpeza e planeamento/ordenamento do território florestal.

Nada disso aconteceu, nem lá, nem pelo país. Continuamos abandonados.

Só na fatídica estrada EN 236-1, conhecida mundialmente como a estrada da morte, aonde 47 pessoas perderam a vida ensanduichadas no interior das viaturas numa estrada que não tinha saída para lado nenhum, mesmo assim, o governo não tomou a iniciativa de alargar aquela via, para que ficasse segura, em situação de incêndios futuros. O que é que podemos esperar?

Houve culpados por este encurralamento negligente? Houve, como todos sabemos.  Mas o que é que lhes aconteceu? Nada, como sempre.

O que foi evidenciado, nesta tragédia, foi a pronta generosidade dos portugueses, que não se pouparam a esforços na ânsia de minimizarem, de alguma forma, a tragédia verificada. O auxilio foi imediato, na senda daquilo que é muito característico em nós. A solidariedade, que gesto tão bonito, que prontidão com que as pessoas para ali se deslocaram com a sua contribuição.

Porém, a dona  roubalheira, (habitual,) depressa montou a tenda e abocanhou os bens e o dinheiro  doados pela generosidade dos portugueses. Foi disto que mais se ouviu falar. Não a de, uma correcta repartição, indemnização e reconstrução do edificado ardido. Se isto indigna os portugueses e faz com que no futuro sejam mais comedidos? É claro que faz.

Quantos é que foram levados a julgamento e estão presos por via dos roubos e outras falcatruas?

O que é que o governo fez, em Pedrogão Grande e nos concelhos vizinhos, para que, tragédias como esta, não se voltem a repetir?

Nada de substancial.

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Fazer, actuar como deve ser, não está na génese dos socialistas. Se for para festas, e promessas e conversa fiada, temos gente.

Ainda assim, levaram 7 anos para construir um Memorial em nome das vítimas e desbarataram 2 milhões de euros, uma barbaridade. Sete anos para que-também- o caso se fosse desvanecendo. Pura megalomania. A simplicidade daqueles povos e a maneira como foram roubados, durante, e após os incêndios, não se coaduna com este exagero. Não que o não mereçam, não é isso que está em equação.

Com muito menos, e por uma questão de igualdade e de justiça, teriam feito pequenas memórias, simbólicas, em todos os concelhos afectados.

De valor era que, todos os anos, em cada 17 de Junho, o governo estivesse ali presente,em acto solene, para de alguma forma se penitenciar e, por sua vez,  mostrar que não esqueceu aqueles povos, aquelas terras, que aquelas mortes não foram em vão, e mostrar o seu empenho e solidariedade e não a megalomania, envergonhada, que presenciamos na inauguração, na semana seguinte.

Mostrar, também, ao país, que as medidas, antes prometidas, estavam implementadas no terreno, para dar sossego àquela gente, e a todos os portugueses. A Palavra dada palavra honrada. Isso é que era de valor, mas não foi  isso que aconteceu, porque não há nada para mostrar. Nem ali, nem em lado algum do país.

No dia 17de Junho, o governo teve o cuidado de não por lá os pés, para proceder à inauguração do Memorial. Os Menestréis que tudo prometem, até nisso procrastinaram. E falharam.

Costa, acusou o mal-estar que sente, ou devia sentir, na “consciência”, porque sabe não ter agido como pessoa de bem, nem na defesa das pessoas e bens, nem no planeamento que se requeria e que ele prometera. Nem antes, nem durante, nem agora.

A confiabilidade deste executivo é nula. Mal de quem dele precise.

Entretanto, o Presidente Marcelo, bombeiro de serviço, disse que o dia 10 de junho de 2024 será celebrado naquela terra. Como se isso lhes resolvesse os problemas.

 

P.S. – José Venade não segue o actual acordo ortográfico em vigor.

 

 

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