Momentos de Poesia

Poemas de Eugénio de Sá.

Velhos de tenra idade

 

Esses seres de tenra idade

Por quem nutrimos ternura

Quantos pla adversidade

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Vivem cheios d’amargura

 

E as suas mãozinhas frias

Sempre prontas pr’ abraçar

Abandonam-se vazias

Esquecidas do que é brincar

 

Falo daquelas crianças

Que são milhões no planeta

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E trabalham sem paranças

 

Seu olhar é vago e fundo

Nem sequer têm memórias

Pr’além das do sub mundo

Só dele conhecem estórias

 

E o mundo assiste alheado

Ao abuso da mocidade

Esquece cada desgraçado

Que é velho na tenra idade!

 

Seis sonetos satíricos

por António Barroso (Tiago) e Eugénio de Sá

( trabalho inspirado no poema A ALIANÇA, de E. Sá, onde se fala dos Lusitanos originais que se mostravam bem mais nobres que aqueles que hoje nos conduzem os destinos ).

 

António Barroso (Tiago):

Neste tempo difícil, conturbado,

Lembraste os Lusitanos, meu amigo,

Tiveste de voltar ao tempo antigo

Para achares heróis, nesse passado.

 

Enquanto eles morriam p’la defesa

Daquilo que era seu, lhes pertencia,

Uma troika romana pretendia

Domar o que julgava fácil presa.

 

O ouro foi-se embora, sem penhor,

Impostos, viram luz, em sucessão,

Esquerdistas só pensam na eleição

E bramam, contra tudo, com rancor.

 

A vida só nos traz mais desenganos,

Acabaram a indústria e pesca pura,

Até nem nos ajuda a agricultura

Pois já não há tomates Lusitanos.

 

Eugénio de Sá:

O teu poema é cousa prevalente

que a trave lusitana justifica

mas a vontade é fraca, infelizmente

de um povo que só brama plo Benfica

 

Foi-se c’o tempo o esforço Lusitano

Que levou pla frente tudo e todos

Enquanto que, de gatas, o Romano

A Troika o trata plos mesmos apodos

 

Somos o enxovalho desta Europa

Que os vilões teutónicos dominam

Voltámos ao andrajo, à velha roupa

Querem escravizar-nos, e nos animam

Esperando ver cair o que se apouca;

O esgar irado dos que desafinam!

 

António Barroso (Tiago):

Não adianta bater mais no ceguinho

Que a malta, que comanda, já não muda,

Hoje é um, e amanhã, outro se escuda

A aumentar, como Cristo, o pão e o vinho.

 

Há um ditado antigo, bem velhinho

– Nunca devas a rico – em fase aguda,

– E a pobre não prometas – uma ajuda

Que não possa cumprir, nem um pouquinho.

 

Dizem que o povo faz democracia,

Mas eu nunca vi tanta hipocrisia,

Que o poder cuida só do seu umbigo.

Assim, olhando em todos os sentidos,

Porque não acabar com os partidos

Co’o pau do Lusitano nosso antigo.

 

Eugénio de Sá:

Defendes o porrete Lusitano,

a mocada com o vigor d’antigamente

quem dera que corresse esta má gente

e lhes desse um enxerto do catano.

 

Talvez assim lhes servisse a lição

e se esquecessem pra sempre do poder

que fossem trabalhar para aquecer

mordendo o pó dos que ganham o pão.

 

Qu’ísto de ser político e calaça

sempre disposto a roubar a nação

nunca foi profissão, isso é chalaça

É vê-los na assembleia, ali estão

a dormitar, enquanto à populaça

lhe vão esmifrando o último tostão!

 

António Barroso (Tiago):

Fazes-me rir com isso da assembleia,

Um bando de macacos amestrados

Sempre, para a banana, orientados,

Com a cabeça vazia duma ideia.

 

Com seu computador, vasta plateia

Duns tantos oradores ensonados,

Outros que ficam mudos e calados

Que, falar de algo, muito se receia.

 

Assim, se um Lusitano cá viesse

Disposto a endireitar tudo o que houvesse,

E a acabar com tanta mordomia,

Eram os ratos todos a saltar

E, com pressa, o salão abandonar

De rabo entre as pernas, com cobardia.

 

Eugénio de Sá:

Não compares os engraçados monos

aos patetas que nos gerem os destinos

C’os macacos sempre nos divertimos

Bastam-lhes troncos a fazer de tronos

 

Esses, os d’assembleia, bem sentados

em fofos cadeirões de forro aveludado

não ganham calos no rechonchudo rabo

pois estão de trono, gordos e anafados

 

Falam de cátedra, entre duas sestas

digerindo os almoços avinhados

pagos plos Zés do povo feitos bestas

 

Que os carregam ao dorso bem vergado

com uma vontade louca de os ver plas costas

que antes o voto o houvessem vomitado

 

Poema “A ALIANÇA” – Fonte de inspiração destes seis sonetos

A ALIANÇA

Eugénio de Sá

 

Dos Vândalos do norte, aos Visigodos

dos ascéticos Celtas, aos Romanos

soubemos intuir dos bardos todos

os valores dos melhores; os Lusitanos

 

Galopámos por terras montanhosas

galgando a leste as serras mais bravias

vimos de mil batalhas gloriosas

defendendo estes chãos, com valentia

 

As hordas mauras, ferozes, respondemos

E em minoria, face aos castelhanos

heroicamente, como aos sarracenos

A todos eles, indómitos, vergámos

 

Muitos séculos passaram, muitos anos

mas os que desta terra se querem apossar

saibam que ainda hoje os bravos Lusitanos

da bruma voltarão pra nos salvar!

 

Outubro, 2012

( A Portugal, nesta hora tão difícil )

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2 comentários

  1. OLÁ EU SOU SUSPEITA PORQUE GOSTO MUITO DE POESIA, MAS ESTÃO MARAVILHOSOS ESTES MOMENTOS DE POESIA. PARABÉNS AOS GRANDES POETAS.

  2. “Velhos de tenra idade” muito bem colocado esse título falando das crianças carentes que circulam pelas estradas da vida, sem teto, abandonadas pelos que deveriam delas cuidar, e arrebatadas da sociedade pelos aliciadores e traficantes! E nunca ouviram a voz do Mestre que disse: “Vinde a mim as criancinhas, porque delas é o Reino dos Céus! NAMASTÊ!
    BOA NOITE, meu amigo!
    BOM FINAL DE SEMANA
    11/08/2023

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