Momentos de Poesia

Por bárbaros climas entranhado

(  M.M. Barbosa du Bocage )

e

Já por bárbaros climas entranhado,

Já por mares inóspitos vagante,

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Vítima triste da fortuna errante,

Té dos mais desprezíveis desprezado:

 

Da fagueira esperança abandonado,

Lassas as forças, pálido o semblente,

Sinto rasgar meu peito a cada instante

A mágoa de morrer expatriado.

 

Mas, ah! quem bem maior, se contra a sorte

PUB

Lá do sepulcro no sagrado hospício

Refúgio me promete a amiga Morte!

 

Vem, pois, ó nume aos míseros propício,

Vem livrar-me da mão pesada e forte,

Que de rastos me leva ao precipício!

Poesia

 

 

Eu, que da pátria um dia me ausentei

 

Eu, que da pátria um dia me ausentei

Buscando encantos noutros horizontes,

Bebi, enfeitiçado, doutras fontes

Esquecido das que outrora tanto amei.

 

Abandonado dos etéreos sonhos

Que alardeiam promessas sussurrantes,

Não mais serei o homem que fui dantes;

Crédulo à sorte e em tempos mais risonhos.

 

Não sei se à sepultura isto me leva

Porque aspiro à certeza capital

Cujo sossego – de o pensar – m’enleva;

 

Mas se assim for, que me veja afinal

Sob o meu céu, quando a vida encerra

Balbuciando um nome: Portugal!

 

(Eugénio de Sá)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  Partilhar este artigo

1 comentário

  1. BOA NOITE EUGÉNIO! Esta muito bem situado esse dueto, meu amigo!
    “Eu, que da pátria um dia me ausentei” é um soneto emocionante demais! Achei lindo porque mesmo ausente, a pátria estava presente na mente e no coração!
    Beijos, meu amigo.
    BEM VINDO JULHO
    BOM FINAL DE SEMANA
    01/07/2023

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *