O Carmo e a Trindade

Foi em plena liberdade que os eleitores se pronunciaram, no dia dez de Março, depositando o seu voto em quem muito bem entenderam, e desta forma escolheram quem os vai governar. A Aliança Democrática (AD).

Votar é um dos actos mais nobres da democracia. Dar a palavra ao povo, e ao mesmo tempo aceitar, sem sofismas, aquilo que o mesmo escolheu.

Sem grande surpresa o Chega (CH) foi um claro vencedor e o Partido Socialista (PS)um claro perdedor. Sobre isto não há discussão, são factos.

E na política, tal como na vida devemos ver e analisar as coisas de forma igualitária, aceitar os resultados, porque os votos têm todos o mesmo valor, e só assim é que há democracia.

Se antes das eleições o CH era motivo de todas as notícias, porque convinha, nomeadamente ao PS, para encurralar os seus adversários mais directos, depois do dia dez aumentou a sua visibilidade face aos bons resultados obtidos nas urnas.

Da esquerda e da extrema-esquerda, ecoaram declarações de puro repúdio senão ódio à mistura contra o CH.

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Ora, o CH é aquilo que os portugueses quiseram que fosse, foram eles que lhes deram o voto e cinquenta deputados e o levaram até onde está.

Sobre os resultados podemos e devemos analisá-los, com normalidade, sem espetar o dedo ao partido A ou B, porque todos eles estão avalizados pelo Tribunal Constitucional. Mas pensar no que levou a transferência de votos em eleitorado do comunista (por exemplo) para o CH? O que é que motivou esta rebeldia? Quem é que foram os causadores? Quem os empurrou para este extremo?

Acho que a resposta é simples e todos nós sabemos os porquês. Mas fazemos de conta que não sabemos e o CH agradece.

O que não aceito é ouvir dizer – por não ser verdade- que o CH é da extrema-direita e o Partido Comunista (PC) ou o Bloco de Esquerda (BE) não o são.

Estes três partidos são – e não fazem questão de o esconder as suas posições – extremistas, radicais.

Parece que não há um Centro na política. Ou se é de esquerda, etiqueta de supremacia esquerdista, ou da extrema-direita.

Pessoalmente não me revejo nos extremos da política ou da vida. Os extremos são o limite do que quer que seja e quer os da esquerda como os da direita, cada um à sua maneira não auguram nada de bom. Vivem de actos e de factos da fraquíssima governação, dos sucessivos escândalos, da corrupção, do nepotismo, da falta de justiça e da mentira permanente dos péssimos governantes, das promessas sempre adiadas.

Contudo, jamais devemos de achar que o nosso voto é superior ao de qualquer força partidária legalmente constituída. Isso é insultar e passar um atestado de menoridade aos mais de 1,6 milhões que votaram no CH.

Devemos, isso sim, meditar sobre os factos que levaram que o CH se fizesse como terceira  força política  apenas em cinco anos. Isso é que devia dar para meditar.

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Diria a mesma coisa se os resultados da extrema-esquerda se tivessem salientado, o que não foi o caso.

Não se deve, porque não há como esconder a extrema-esquerda, apenas por esta ser cada vez mais irrelevante politicamente, sabendo que, mesmo assim, já deu suporte aos governos do PS, sem que com isso caísse o Carmo e a Trindade, apenas prejuízo ao país.

Sabemos – entre outras coisas- que a foi essa extrema-esquerda que possibilitou a montagem da geringonça, sem que o povo a tivesse sufragado em eleições, conferindo por essa via o poder ao PS e a António Costa que perdera as mesmas.

Isso é que é um acto que subverte a democracia, despreza e contraria o voto e a vontade popular e descredibiliza a política. E foram actos como estes que adubaram e fertilizaram a demagogia do CH.

Estou certo que, o eleitorado, viu no CH o seu porta voz, aquele que, mesmo não podendo, para já, reflecte e dá voz ao seu descontentamento, à sua angústia, fartos que estão de tanta passividade e alheamento.

 

* José Venade não segue o actual acordo ortográfico em vigor.

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