(Não me posso calar – Sto Agostinho)
“Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.”
(Alexandre Soljenitsyne)
+ PAX
Estive para terminar estas minhas Cartas semanais que já passam de 75. Porquê? Porque me parece um trabalho inútil, salvo as reacções positivas e animadoras de alguns leitores a quem agradeço vivamente. Tenho a sensação de que a maioria dos mais de 100 envios nem sequer são abertos. Mas., por enquanto, sou teimoso. Creio firmemente que, como remo contra a maré dominante e avassaladora, posso incomodar alguns leitores que não estão para se “ chatear” e, creio mesmo, que alguns pensarão que sou um pobre indietrista obcecado pelos “ princípios inegociáveis” a que agora associo a loucura perigosa da chamada “ Teoria do Género” e pelo Cancelamento em marcha acelerada. Outros destinatários, até concordarão, mas temem e tremem de se manifestarem com a minha avaliação da situação social, cultural e religiosa, não sei se estou a perder o meu tempo, que já não será muito, e que deveria ocupar de outra maneira mais fútil. Aliás, se não há Inferno ou, melhor, estará vazio (o Diabo já saiu do Inferno e anda por aí à solta. Bem dizia Leão XIII!) tudo me pode ser permitido. Como eu começo a compreender muitos jovens pelo seu desinteresse pela causas que acima referi e pela religião.
Mas, caros amigos-leitores, os que me leem , em 2022, li, com o máximo espanto, um livro muito interessante mas altamente “ politicamente incorrecto” e que recomendo, por isso, vivamente: “ WOKISME – La France sera-t-elle contaminé?), le Anne Toulouse, uma autora franco-americana ( Ed. Rocher, 2022). E o que li e me deixou… espantado? Aqui vai:
“ Démanteler le racisme dans l`enseignement des mathématiques” ( Desmantelar o racismo no ensino da matemática ) ( o.c. pág.41). O leitor leu bem? Ou pôs a dúvida do que leu como eu que parei e li várias vezes para perceber se tinha lido bem. Era verdade. Constava de um Manifesto que teve larga difusão nos USA e … apoio. Apoios de vários “ investigadores universitários!!! Americanos. Este Manifesto acusa, sobretudo, a …. Aritmética de racismo! Ensinar a contar, fazer contas e outros cálculos, agora são promoção do racismo. Se não andam loucos e nos querem enlouquecer, parecem. Mas vamos adiante e na mesma linha. Anne Toulouse, na obra citada, que li na versão francesa, tinha este subtítulo: “ A França será contaminada?”. Ora bem, por norma não leio o “ Le Monde”, um diário esquerdista francês de grande tiragem. Um dia destes comprei o número de 31 de Janeiro p.p. por causa do título mais em destaque, no cimo da 1ª página e que me despertou a curiosidade: «Água mineral: prática engana em grande escala» que li com bastante interesse e, depois folheei o dito jornal e … “ bati” com os olhos na análise de um livro em que o analista titulava assim a sua crítica: “ Les maths au prisme des feministes” ou seja : “A Matemática sob o fogo das feministas” em tradução livre. Esta análise é do livro que se chama assim: « Les filles , avenir des mathématiques» de que são autoras as investigadoras Clémence Perronnet , Claire Mrc e Olga Paris-Romaskevich – CMM Editions e custa 24 euros. Estas criaturas, “ sábias” investigadoras, concluem que o ensino da Matemática é bem o exemplo da “dominação patriarcal, elitista e racista que mantém a maioria da população à distância». Ora veja bem, caro Amigo – leitor, a Matemática é patriarcal, elitista e racista! Eu, que estudei Matemática até acabar o meu Curso, os meus filhos estudaram todos Matemática (o meu filho mais velho é um dos grandes matemáticos vivos) e os meus netos (excepto um que tem 5 anos mas já sabe muito de Matemática!) todos têm estudado Matemática e uma das netas é aluna de 20, nunca me apercebi que esta ciência fosse patriarcal, elitista e racista! Isto é de loucos e mostra bem o estado mental e disruptivo da maioria das mentes que dirigem o “ pensamento” actual! O que acho ridículo nestes insultos à Matemática! Então, chamarem-lhe racista!!! Se Anne Toulouse temia pela contaminação da França por esta loucura, o que já acontece, esperemos por brevemente lermos coisas semelhantes em Portugal onde os nossos alunos, segundo o último relatório do PISA, estão bem lá no fundo a tudo e também a Matemática, talvez porque será «racista, elitista e sexista». Pobres professores de Matemática que não sigam a chamada Teoria do Género e do wokismo em voga e comecem a pensar no que devem eliminar do seu ensino por ser racista, elitista e sexista. Provavelmente, terão de começar pelos nomes do algarismos: uma, umo, ume; quatro, quatra, quatre; cinco, cinca, cinque; etc . Um quadrado passará a quadrada e quadrade.O cálculo de uma Raiz quadrada, terá de ser eliminado mas antes chamar-lhe-ão “ raiz quadrado e quadrade”. Os nomes das cores terão que passar a ser neutros. Nada de flores brancas ou vermelhas e por aí fora. Ou os quadrados não podem ter 4 lados iguais por ter sido assim que os nossos pais nos ensinaram e isso é … patriarcalismo. Dos gráficos devem banir-se as linhas a preto, mais visíveis, por serem racistas! A esfera não pode ser redonda por manifestar representação de ódio aos gordos, gordas e gordes. Caros professores de Matemática, não transformem as vossas aulas em “discursos de ódio” e trabalhos elitistas, sexistas e racistas. Não dá para rir! É futuro já presente hoje.
Estaremos no manicómio colectivo? Pelo menos, a loucura anda à solta!
Como me posso calar perante tanto despautério?