Simbologias Natalícias: Do Azevinho à Missa do Galo

PRESÉPIO .

Etimologicamente o termo “presépio” significa manjedoura, lugar onde se recolhe o gado, curral, estábulo.

Nos dias de hoje o presépio ocupa um lugar especial no domínio das representações natalícias.

Num sarcófago do século IV, existente no Museu de Latrão, encontramos uma gravação artística alusiva ao nascimento de Jesus.

Já no século VII vão-se multiplicando as representações do presépio, de modo especial na azulejaria.

No século XIII o presépio começa a ser verdadeiramente popular graças a S. Francisco de Assis.

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Em 1223, por vontade de Francisco de Assis “a missa foi celebrada em cima de uma manjedoura que se serviu de altar, para que o Divino Infante sob as espécies do pão e do vinho, estivesse aí presente em pessoa, como tinha estado presente no presépio em Belém.”

Esta religiosa comemoração foi o “estímulo” para os franciscanos a levarem a todo o mundo.

A ÁRVORE DE NATAL

A tradição da árvore de Natal é de origem germânica, e data do tempo de S. Bonifácio.

Foi adoptada para substituir os sacrifícios do carvalho sagrado ao deus pagão Odin, adorando-se uma árvore em homenagem ao Deus Menino.

Uma das primeiras pessoas a adoptar o costume da árvore de Natal parece ter sido a rainha Carlota, esposa de Jorge III, da Inglaterra, que nas festas cristãs do fim de ano enfeitava as árvores com brinquedos, doces e lanterninhas.

A árvore é considerada protecção da divina Providência à infância e à inocência.

O costume generalizou-se por todo o mundo e hoje, para além da árvore de Natal que por sua vez se levanta nas nossas casas, a par do presépio, há empresas, e até cidades, que levantam, ao ar livre, gigantescas árvores de Natal.

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PAI NATAL

A história do Pai Natal é baseada num facto verdadeiro.

No século IV, Nicolau, bispo de Mira, cidade situada entre Rodes e Chipre, tinha o hábito de distribuir presentes entre os pobres, mas não gostava de receber agradecimentos.

Mesmo depois da sua morte, as crianças holandesas acostumaram-se a colocar os seus sapatos à porta de casa, esperando a visita de S. Nicolau. Faziam-no na noite de 5 para 6 de Dezembro data da canonização do santo. O costume generalizou-se, mais tarde, por outros países, inclusivamente para França que, em vez de festejar S. Nicolau a 6 de Dezembro, mudou a data para a noite de Natal, passando a chamar-lhe “PAI NATAL”.

 

A VELA

Tudo começou com um sapateiro alemão que vivia numa cabana afastada da cidade. Embora pobre, tinha por hábito colocar todas as noites, na janela da sua cabana, uma vela acesa para guiar os viajantes durante a noite. Apesar das guerras, doenças e tempo difícil que atravessou, ele nunca deixou que essa chama se extinguisse. Isto inspirou os outros a emita-lo durante os festejos de Natal e o costume generalizou-se.

 

CARTÕES DE BOAS FESTAS

A origem deste costume deve-se costume deve-se ao artista inglês W.T. Dobson. Em 1845, enviou a alguns amigos umas cópias litografadas de um texto, de sua autoria, sobre o espirito do Natal.

A originalidade da mensagem agradou e foi imitado.

Os primeiros cartões impressos na Inglaterra eram muito simples: uma acha de lenha, os sinos e os cumprimentos tradicionais.

O costume passou depois aos Estados Unidos da América em 1874.

A partir daí, os cartões de Boas Festas apresentaram os mais diversos temas, alguns muito longe de qualquer inspiração religiosa ou espirito cristão.

 

O AZEVINHO

O azevinho era a coroa de Baco, o deus do vinho. Em certa época, chegou a ser banido das festas cristãs.

Uma lenda conta a sua introdução na Inglaterra: Baco, atravessando esse país, ficou tão enamorado das suas belezas que, à sua partida, decidiu plantá-lo aí,
deixando-o como uma lembrança especial.

Os romanos consideravam-no como símbolo da paz e da felicidade, e os druidas celtas usavam-no como remédio e antidoto contra venenos.

O azevinho, segundo a lenda, liga-se à história cristã como a planta que permitiu esconder Jesus dos soldados de Herodes. Em compensação – diz a lenda – foi-lhe dado o privilégio de conservar as suas folhas sempre verdes, mesmo durante o mais rigoroso dos invernos.

 

MISSA DO GALO

O nome de “Missa do Galo” tem a origem seguinte:

Pouco antes de baterem as 12 badaladas da noite de 24 de Dezembro, cada lavrador da província de Toledo, em Espanha, matava um galo, em memória daquele que cantou três vezes quando Pedro negou Jesus, por ocasião da sua prisão. Depois, a ave era levada para a Igreja a fim de ser oferecida aos pobres que, assim, podiam ver melhorado o seu almoço do dia de Natal.

Em algumas aldeias espanholas e portuguesas era costume levar-se um galo vivo à igreja para que ele cantasse durante esta missa. Quando cantava, todos ficavam contentes, pois entendiam-no como prenúncio de um ano farto e feliz. Quando ficava mudo, todos se entristeciam, pois era sinal de um mau ano para as colheitas.

CANÇÕES NATALÍCIAS

A mais famosa canção de Natal – NOITE FELIZ – foi composta em 1818, numa aldeia dos Alpes por um padre de nome Joseph Mohr, que fez os versos, e por um mestre-escola chamado Franz Xavier Gruber, que escreveu a música.

“Noite Feliz” – a canção do céu, como lhe chamam – é hoje cantada em todo o mundo. Para a língua portuguesa, foi feita uma feliz tradução por Frei Sinzig.

Noite Feliz, Noite feliz!

O Senhor, Deus de Amor,

Pobrezinha, nasceu em Belém,

Eis na lapa Jesus, nosso Bem.

Dorme em paz, ó Jesus!

Dorme em paz, ó Jesus!

 

Noite Feliz! Noite Feliz!

Eis que no ar vem cantar

Aos pastores os anjos dos céus

Anunciando a chegada de Deus,

De Jesus Salvador!

De Jesus Salvador!

Noite Feliz! Noite Feliz!

Ó Jesus, Deus de Luz.

Quão afável é teu coração

Que quiseste nascer nosso irmão

E a nós todos salvar!

E a nós todos salvar!

BOLO REI NA MESA FESTIVA

Foi no Porto nos fins do século XIX, que Baltazar Castanheiro Júnior introduziu a receita que deu origem ao primeiro bolo rei português. É na Confeitaria Nacional em Lisboa, da qual era dono, que vamos então encontrar os primeiros exemplares portugueses.

A receita generalizou-se, dando origem a algumas variações, que de comum apenas conserva a fava.

 

Por José Rodrigues Lima (Antropólogo)

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