As novas muralhas

Ainda hoje nos deslumbram as construções defensivas medievais; os castelos, os fortes e os fortins, e outras, mais ou menos acasteladas, encimadas por ameias, rodeadas de fossos e com pontes levadiças. Muitas estão preservadas e são consideradas património mundial, para nosso merecido aplauso.

Face às acometidas guerreiras e invasoras desses tempos, esse era o sistema eleito, porque eficaz em termos defensivos. Ao toque dos vigias, as populações que viviam e laboravam mas imediações dessas construções, corriam a abrigar-se dos ataques sempre destrutivos dos exércitos conquistadores. Fica por perceber se a preocupação dos nobres que dominavam esses feudos acastelados e mandavam nos respectivos castelos, era defender a integridade física dos seus súbditos, por pura bondade (sorriso), ou garantir a sua principal fonte de receita; os impostos sobre o trabalho, que normalmente correspondiam à apropriação de parte significativa dos bens produzidos, para consumo ou comércio próprios, explorando as gentes, que dominavam, subjugavam e abusavam, a seu bel -prazer.

Não vou, obviamente, entrar na análise dos benefícios ou malefícios do feudalismo dominante à época, mas não quero deixar de assinalar, com uma nota de ironia, a necessidade que, nos nossos dias, os novos grupos dominantes têm de se voltar a fazer envolver por autênticas muralhas, também de natureza humana; os conhecidos guarda- costas, ou gorilas.

Claro que estas novas muralhas não ameaçam já uma fritura do parceiro com azeite fervente, mas outra, a de uma descarga eléctrica de muitos vóltios, ou, pelo menos, a garantia de um precoce ataque de parkinson a quem se atreva a tomá-las de assalto. Afinal, perguntamo-nos: em que evoluiu o homem, que hoje, tal como há muitos séculos atrás, vive muralhado e caminha, ou se faz transportar em carros blindados, e guardado por gente armada até aos dentes?

Conhecemos as causas, mormente as que se fundam na emergente e continuada movimentação das gentes famélicas do fustigado e explorado sul a caminho dos invejados e “exploradores” países (antigamente) conhecidos por mais ricos e felizes, e que com a actual crise carecem de ser caracterizados hoje de forma bem diferente.

Agora os “invasores” são outros, os que ameaçam conquistar novos  e mais privilegiados espaços; esses que habitam os aglomerados mouros de Argel a Casablanca, os muceques africanos, as favelas brasileiras, as comunas de muitos países das américas do sul e central e  que já alcançaram os bairros periféricos de todas as grandes cidades europeias, as do sub continente americano e as da própria América do norte. Ali  também  já chegaram os dias de medo, como o prenuncia o cortejo dos seus milhões de desempregados, sempre em crescendo.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Afinal o famoso “way of live” dos gringos mais não era que uma gigantesca farsa, montada sobre uma montanha de créditos que acabaram inapelavelmente mal parados, um “way of live” que caiu como um baralho de cartas e vai deixando, aos poucos, exposta uma pobreza que o mundo desconhecia, num tecido social onde os espaços intercalares são cada vez mais estreitos.

Os norte americanos querem esconder esta verdade que dizem ser diferente das verdades já bem visíveis em quase todos os países europeus, mas a rede da sua peneira é demasiado aberta e deixa passar as dramáticas imagens dos milhares de sem-abrigo que por lá se arrastam.

O mundo dito desenvolvido está sob a ameaça de um barril de pólvora. Oxalá ninguém se lembre de acender o rastilho.

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2 comentários

  1. BOA NOITE EUGÉNIO, vivemos em campo minado meu amigo, se resolver encarar saiba que está numa roleta russa, fé em DEUS e olhos atentos onde pisa!
    Um fraterno abraço
    MARILZA
    MDLUZ
    03/11/2023

  2. Gostava que ambos me dissessem se era melhor não ter havido mais do que o que havia no tempo em que havia natureza tranquilidade rios plantas animais homens saúde alimentos água fruta amizade.
    Hoje quem dos poderosos de barro me diz quantos morreram quantos estão vivos quantos comeram quantos beberam quantos foram iguais aos poderosos de barro que mais não são.
    Desde o primeiro pai e a primeira mãe e do primeiro filho ou da primeira filha tudo seria bom sem ganância de nada e ninguém é mais do que nada.
    Eu sou igual aos que pisaram o planeta.
    M.E.R.D.A.
    Mundo Evoluiu Resultado Deu Asneira
    Sou feliz se comer e beber mas sem ver ninguém infeliz.
    Fico por aqui.
    Não vou voltar a ler isto. Não vai sair.
    Aproveito para agradecer a minha passagem pelo MD.

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