Bicadas do Meu Aparo: Dois almirantes, um general

 

 

 

Escritor d’ Aldeia

 

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Na data em que escrevo este texto, já ficou para trás o tão polémico 25 de Novembro deste 2023, que lembra aos portugueses o 25/Nov/75, acontecimento militar, liderado então, pelo Major António Ramalho Eanes, que veio repor a ordem democrática – uma vez que se estava a caminhar para uma ditadura comunista -conforme o programa das Forças Armadas e que deu origem ao 25 de Abril de 1974.

Portugal, gosta de festas, gosta de bailaricos, da sardinha assada e da fêvera nas brasas, da tigela com um bom verde-tinto, da respectiva tora no caldo-verde, mas tem memória-de-galinha.

Se perguntassem hoje aos dez milhões de portugueses o que foi o 25/A/74; o que foi o 28/Set/74; o 11/Março/75; o 25/Nov/75; o 10/Jun/1580 ou o 1/Dez/1640., milhares ou milhões não saberiam responder.

De todas as datas mencionadas, todas se pintam com cores políticas diferentes, com histórias diferentes. Mas na verdade, a data que todos deveriam recordar e saberem o que aconteceu, o que significa: que foi o dia em que os militares devolveram a democracia a Portugal – o 25 de Abril – interrompida com a implantação do Estado Novo.

Diz-se que há muitas centenas de anos, um general romano fez a seguinte afirmação: “ali para as Espanhas, para as Ibérias, há um pequeno povo que não se sabe governar, que não governa e não deixam ser governados”. O general referia-se ao povo português.

Convenhamos, que a frase do general está desactualizada: que não nos sabemos governar e que não governamos, ainda é actual. Mas nestas últimas décadas, já deixamos que nos governem: o FMI esteve cá várias vezes, governou-nos e o povo e os mandantes deixaram que nos governassem.

Sendo assim – nesta política portuguesa em que vivemos – tanto o Abril de 74, como o Novembro de 75, fizeram-me lembrar dois Almirantes e um General, desta nossa guerra: o Almirante Américo de Deus Rodrigues Tomás, o Almirante António Alva Rosa Coutinho e o agora General António Ramalho Eanes, somente este, vivo entre nós.

O Almirante Américo Tomás – que terminou a presidência da república pela existência da “revolução dos cravos – foi um cidadão e servidor militar do Estado Nono, cresceu e toda a sua cultura e educação, respirou-a através do Estado Novo/fascismo. Era do fascismo – disseram. Era um cortador de fitas, sorria, vivia e só falta saber se dorme na paz dos anjos. Teve de fugir para o Brasil, vivia de esmolas brasileiras e meia dúzia de anos depois – a descontento da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL), do partido socialista e do Partido socialista revolucionário (PSR) – regressou ao país, morrendo pouco depois.

O almirante Rosa Coutinho, foi um cidadão e militar do Estado Novo, cresceu e toda a sua cultura educação, respirou-a através do Estado Novo/fascismo – mas era comunista – disseram. Este militar, que lutou contra o terrorismo de Angola e de Moçambique para servir a Salazar e o fascismo em que foi profissional, muda da cor negra para vermelho e torna-se em poucos dias um Russo de Brejnev, servidor fiel de Álvaro Cunhal e do PCP.

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Desviado das Forças Armadas, pela mudança da cor negra para o seu actual vermelhão, regressa novamente ás fileiras do almirantado e é nomeado Coordenador da transição da independência de Angola. Dono do poder, instalado no poder, faz uma reunião com o partido comunista português sobre como “despachar” a independência de Angola e obtém normas – que tenho a fotocópia do ofício – dando-as ao kamarada Agostinho Neto, líder dos terroristas pró-comunismo, que diz:

(…) “Reunidos confidencialmente com o PCP, para a rápida e eficaz independência de Angola, fomentem o terror (…) matando brancos, pilhando e incendiando, matando sobretudo crianças, mulheres e velhos e todos os que estorvem nesta revolução”.

Rosa Coutinho, aconselhou a matança em Angola, só que ela demorou anos a parar. Faleceu também este almirante e só falta saber se dorme na paz dos anjos, como o seu condiscípulo Américo Tomás ou se dorme na paz do mal e da falta de carácter que testemunhou.

Dois Almirantes negros do negro Estado Novo, com comportamentos e fins diferentes: um passou de negro a vermelho e o outro passou de negro a pedinte nas terras do Brasil, embora ambos tenham feito, mais ou menos, os mesmos erros como homens e como servidores da Nação. Eis dois democratas desta terceira república!

Dois Almirantes e um General: talvez dois políticos velhacos, e um General que nos deu o 25 de Novembro de 1975 e a democracia que hoje, os portugueses vivem.

(O autor não segue o acordo ortográfico de 1990)

 

 

 

* O autor não segue o acordo ortográfico de 1990

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