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Carolino Ramos agora mais vianense – Neto doa espólio do Artista à cidade

Exposição

Carolino Ramos (1897-1961) é um dos mais conhecidos e amados cidadãos de Viana. Denominaram-no o “Pintor de Viana”, porque sempre foi consequente na sua arte e soube colocar esta, sentidamente, ao serviço da cidade e da região.

Texto: Gonçalo Fagundes Meira

Foi um Artista fiel a conceitos artísticos próprios, que oscilavam entre o realismo – desenhou e pintou exaustivamente a sua ribeira, especialmente a vida dos pescadores, no trabalho e nos momentos de ócio – e o naturalismo – procurando o belo no campo, nos jardins, nas ruas e no mar, para onde se deslocava assiduamente. Era um desenhador compulsivo, muito também pela desenvoltura com que passava para o papel o que via.

Podia ter procurando outras variantes artísticas e ter sabido catapultar-se para patamares de maior visibilidade. Talento não lhe faltava, até porque, pontualmente, é observável na sua obra a estilização da figuração de objetos ou pessoas, como é visível no cartaz das Festas da Agonia de 1950 ou nos quadros expostos na igreja de Serreleis (um presépio e uma ceia de Jesus e os Apóstolos), mas a ambição era apenas aquela que cabia no seu pequeno mundo.

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A sua morte foi muito chorada, tanto a cidade lhe devia, especialmente por décadas de trabalho de engrandecimento das Festas da Agonia, que jamais terá paralelo. Mas o esquecimento natural aconteceu. Lembrou-o o Centro Cultural do Alto Minho em 1981, com uma bela exposição e um bonito catálogo, para que novo hiato de olvido acontecesse. Todavia é o mesmo Centro Cultural do Alto Minho que, em 2013/2016, propõe e consolida uma parceria com a Câmara Municipal, a União de Freguesias de Viana (Monserrate, Santa Maria Maior) e Meadela e, ainda, a Escola Secundária de Monserrate, herdeira da antiga Escola Comercial e Industrial, onde Carolino Ramos tinha lecionado, para que fosse possível uma homenagem condizente com a dimensão do Mestre.

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Daí resultou a produção de um livro/álbum, com uma retrospetiva o mais avançada possível da sua existência e da vida cultural e social de Viana no seu tempo, da autoria de Álvaro Campelo e Gonçalo Fagundes; da produção de um filme alusivo à vida do Homem/Pintor, da responsabilidade da Escola, com grande empenho dos Professores António Costa e João Palhares, e da produção de uma peça escultórica, da responsabilidade daquele que foi o seu melhor discípulo, Salvador Vieira, erigida na Freguesia de Monserrate, onde Carolino Ramos sempre teimou em viver, apesar de natural da Areosa que pintou exaustivamente.

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Felizmente, Carolino Ramos teve aí a homenagem e o engrandecimento que lhe era devido. Pode agora ser ainda mais recordado, se a doação de boa parte da sua produção, que foi feita por Rui Ramos, seu neto, for convenientemente divulgada. Começou bem este ato de doação, que se verificou na manhã do passado sábado, dia 13, com a abertura de duas exposições nos Museus de Artes Decorativas e do Traje, onde se mostra boa parte do muito que o Mestre criou. Não é bastante a obra concluída, mas há um acervo de esquissos, apontamentos e estudos que retratam convenientemente o tempo do Pintor e a vida social de Viana, em relação a uma boa parte do século XX, evidenciando igualmente até que ponto Carolino Ramos aprimorou a sua imensa facilidade de desenhar. É material que, naturalmente, vai além do que consta do livro/álbum, a que acima se faz referência.

Há agora mais condições para explorar convenientemente este acervo, do qual também constam um conjunto de imagens e outros documentos que ajudam a compreender melhor o Mestre e o seu tempo. Fica o desafio para que um licenciado em artes possa explorar em tese de mestrado o que agora foi doado, a par do que já existe (O Museu de Artes Decorativas era já detentor de vários quadros de Carolino Ramos). Louve-se o gesto da doação.

 

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