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COVID-19: Associação Portuguesa de Fisioterapeutas quer conter impacto da pandemia na saúde mental dos idosos

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Fisioterapeutas receiam que efeitos do confinamento massivo e prolongado possam levar a condição de demência ao estatuto de pandemia e antecipam criação de grupo de trabalho de fisioterapia em saúde mental.

Preocupada com os “números assustadores” de diagnóstico de demência na população portuguesa, a Associação Portuguesa de Fisioterapeutas (APFISIO) alerta para o impacto da pandemia por Covid-19 na saúde mental de grupos de risco, nomeadamente nos idosos, tendo decidido antecipar a criação de um grupo de trabalho para construir linhas de orientação estratégica para a Fisioterapia Mental em Portugal.

Os responsáveis da APFISIO recordam que, ainda antes da pandemia, os diagnósticos de demência já se encontravam em crescendo, estimando-se que a prevalência desta condição em Portugal rondaria 1,9% da população, com previsão de duplicação, para 3,82%, até 2050.

“É por demais evidente que, nos últimos meses, o efeito da quarentena profilática associada à pandemia Covid-19 originou riscos agravados para a saúde mental. Há estudos publicados sobre este tema e que se baseiam em quarentenas de grupos pequenos, relacionados com os vírus SARS-Cov1, MERS-CoV, HINI e Ébola, por períodos curtos, de 10 a 21 dias de isolamento, mas suficientes para provocar impactos negativos na saúde mental, sobretudo de idosos”, explica Marlene Rosa, do Grupo de Trabalho de Fisioterapia em Saúde Mental da APFISIO. 

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Embora não existam ainda estudos, por se tratar de uma realidade muito recente, a APFISIO receia que a notável dimensão do confinamento realizado no contexto da atual situação pandémica, uma quarentena massiva de milhões de pessoas em simultâneo, possa elevar a condição de demência ao estatuto de pandemia, numa população tendencialmente envelhecida e em isolamento social.

“Sabemos que, ao abrigo de programas intermunicipais liderados pela Segurança Social, visitas controladas a IPSS têm resultado na verificação de alterações de comportamento, desorientação, apatia, irritabilidade e problemas de memória a um ritmo acelerado. É precisamente neste momento crítico que vivemos que são necessárias ações de prevenção e intervenção interdisciplinares adequadas”, considera Marlene Rosa.

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Neste contexto, para a APFISIO, tornou-se urgente criar mecanismos e ferramentas para a prestação de cuidados de qualidade em saúde mental, particularmente junto de idosos institucionalizados e de idosos em isolamento nas suas próprias habitações.

“A criação do grupo de trabalho de Fisioterapia em saúde mental da APFISIO já se encontra em fase de consolidação e estará operacional ainda este ano, tendo já previstas ações dirigidas a fisioterapeutas e estudantes de fisioterapia, com destaque para a formação especializada e profissionalizante na área da fisioterapia em saúde mental”, assegura Marlene Rosa.  

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A APFISIO reitera que, no âmbito da prevenção e promoção da saúde mental, o fisioterapeuta é um elemento essencial de uma intervenção interdisciplinar. Além de promover a saúde física e cognitiva, pode também capacitar os cuidadores para a adequação do ambiente domiciliário ou da instituição e nas escolhas de produtos de apoio, com vista a reduzir riscos, bem como avaliar precocemente limitações funcionais que possam ocorrer em períodos de agravamento de sintomas por demência.

São frequentes as alterações no equilíbrio e nas habilidades de locomoção em até 50% da população com diagnóstico de demência, tendendo a agravar-se nos primeiros três anos após o diagnóstico. Nestes primeiros três anos, cerca de 33% destas pessoas podem perder a sua capacidade de locomoção, caso não se adeque a estratégia de reabilitação.

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“A fisioterapia será assim um recurso custo-efetivo se for capaz de focar a sua intervenção nestas duas habilidades num estádio inicial após diagnóstico de demência, retardando a evolução do quadro clínico e a institucionalização e diminuindo ainda a sobrecarga dos cuidadores informais”, realça Marlene Rosa.

Em estádios mais avançados, as intervenções do fisioterapeuta podem ainda focar-se no controlo da agitação psicomotora, através de exercícios e atividades contextualizadas em memórias positivas e numa perspetiva de co construção das sessões, em estreita colaboração entre o fisioterapeuta, os restantes profissionais de referência, as próprias pessoas com demência e família mais próxima.

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