Editorial

Haja pachorra!
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Manso Preto

Questão de boas maneiras, empatia, concordância de opiniões, num primeiro contacto oferece-se-lhes aquela intimidade espontânea que vem do coração.

Alguns compreendem-no, reagem do mesmo modo, e assim nascem, senão amizades, pelo menos aquelas relações que tornam agradável a vida em sociedade.

Outros, porém, vêem na simpatia que inesperadamente recebem uma tibieza e, talvez por instinto animal, logo em coisas diminutas dão mostras de nos quererem torcer, dominar.

De começo envolvem as suas manipulações em sorrisos e cortesias, recordam traquinices partilhadas em crianças, mas à medida que avançam permitem-se umas gotas de veneno, uns toques de sarcasmo, um arranhar de unhas e os mal formados até ousam difamar. Até que se atrevem a passadas mais largas: escreveste isto, era melhor teres escrito aquilo; fizeste assim, devias ter feito assado; nunca publicas nada do que te peço… É o momento de travar e, porque sempre vão longe demais, da irremediável separação.

– Mas vocês eram amigos!

– Penso que não. A verdadeira amizade pressupõe ingenuidade e igualdade, sem esperar favorecimentos de qualquer forma, ainda por cima a quem está obrigado à imparcialidade e pluralismo.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Mas as perguntas ficam: ao que é que não correspondemos? O que é que nos quiseram dar ou queriam receber que nos escapou? O que é que não somos, e eles julgaram que éramos? O que é que em nós lhes meteu medo?

Esperam de nós o servilismo, mercantilismo ideológico, bipolar, que criaram raízes e se multiplicam desmesuradamente, mais visíveis em reuniões partidárias onde, não raras vezes e quando está em causa indicar nomes para as eleições que se avizinham, estratégica e covardemente delegam a intriga e maledicência a ingénuos inebriados e sequiosos de uma intervenção ´à estadista’,  instruídos que estão por quem não tem coragem de enfrentar… Depois pretendem divulgar e com isso ampliar no facebook as suas angústias, os ‘recados’, se bem que a iletracia nem os leva a interpretar com rigor e confirmar as queixinhas.

O resultado é de não me saber adaptar a este sistema tribal, onde só funcionam realmente a contento os que sabem mandar e os que gostam, embevecidos, de obedecer. Só que, amiúde, espetam setas nos seus próprios pés…

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