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“Jardim Mestre Zé Rodrigues” perpetua o homem e o artista

Pela dedicação e ligação íntima ao concelho, e pelo respeito e amizade às suas gentes, a Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira aprovou, esta quarta-feira, por unanimidade, a atribuição do nome do Mestre José Rodrigues ao espaço ajardinado à entrada na vila onde se encontra a grandiosa escultura da sua autoria – ‘O Esforço’. Assim, nasce o “Jardim Mestre Zé Rodrigues – Escultor – 1936/2016”.

 

A morte do Mestre José Rodrigues, no passado sábado, é encarada pelo município cerveirense como «uma perda irreparável para a cultura nacional e, em particular, para Cerveira, ‘Vila das Artes’». Como forma de reconhecimento e homenagem póstuma, a Câmara Municipal propôs uma alteração toponímica, de modo a perpetuar o nome do escultor num jardim onde, há alguns anos, se ergueu uma das suas ‘filhas artísticas’, ‘O Esforço’. No local, será colocada uma placa identificativa “Jardim Mestre Zé Rodrigues – Escultor – 1936/2016”.

«A pessoa e a obra do Mestre José Rodrigues estão eternamente ligadas a Vila Nova de Cerveira, e este ato simbólico representa um contributo para a recordação e preservação da memória do Homem e Artista nos dias de hoje e para as novas gerações. Consideramos que é mais uma justa homenagem ao percurso pessoal e artístico, pela centralidade, pela existência de um trabalho da sua autoria e por ser um espaço de beleza natural. O Mestre José Rodrigues idolatrava a interação entre a arte e a natureza e, se aquele jardim em pleno coração da vila já lhe pertencia pela obra “O Esforço”, de hoje em diante é mesmo seu», afirma o presidente Fernando Nogueira.  

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Depois de ter decretado dois dias de luto municipal (10 e 11 de setembro), com o hastear da bandeira do Município a meia-haste nos Paços do Concelho, a autarquia cerveirense aprovou também, na reunião de vereação, um Voto de Pesar pelo falecimento do Mestre José Rodrigues, guardando um minuto de silêncio em sua memória.

Já em 2012, no Dia do Município, a 01 de outubro, Vila Nova de Cerveira agradecia o trabalho e dedicação do Mestre José Rodrigues, agraciando-o com a entrega do mais prestigiado título municipal, a Medalha de Honra do Município, pela propulsão que conferiu às Bienais Internacionais de Arte de Vila Nova Cerveira e ao seu papel enquanto diretor artístico na VI edição.

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José Rodrigues foi um dos propulsores das Bienais Internacionais de Arte de Vila Nova de Cerveira e um dos sócios-fundadores da Fundação Bienal de Arte de Cerveira. Com um vasto e rico currículo de âmbito nacional e internacional, o Mestre é reconhecido também pelas suas inúmeras esculturas públicas que se encontram espalhadas pro Portugal e no estrangeiro, sendo o autor de três símbolos escultóricos que embelezam Vila Nova de Cerveira, nomeadamente “O Cervo”, imponente escultura que se encontra no Monte da Encarnação e que todos associam à ‘Vila das Artes’; o “Esforço”, que se encontra junto ao centro da vila; e as “Navegações” junto à margem do rio Minho; para além do espólio aberto ao público no Convento S. Paio.

Cerveira, ‘Vila das Artes’ respira cultura em cada esquina e é amplamente reconhecida como tal graças a alguns rostos com nomes, e um deles é e será o Mestre José Rodrigues.

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O artista plástico José Rodrigues morreu no passado sábado, aos 79 anos, no Hospital da CUF, no Porto, onde se encontrava internado há já vários dias. O funeral realiza-se no domingo, às 11h, no Tanatório de Matosinhos, onde o corpo esteve em câmara ardente.

Embora tenha desenvolvido toda a sua carreira no Porto (e depois em Vila Nova de Cerveira, no Alto Minho), José Rodrigues era natural de Luanda, onde nasceu a 21 de Outubro de 1936.

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Deixou-nos uma obra ecléctica, que viaja da figuração à abstracção, reveladora de uma atenção às mudanças de gosto e estilo que se fizeram sentir na prática artística durante as quase cinco décadas em que trabalhou.

Tão importante como as esculturas que deixou, foram as iniciativas culturais e educativas que fomentou. José Rodrigues foi um dos fundadores Cooperativa Árvore no Porto, em 1963, que dirigiu durante três décadas, e da escola profissional com o mesmo nome.

José Rodrigues foi também um dos fundadores da Bienal de Cerveira, em conjunto com Jaime Isidoro (falecido) e Henrique Silva, no final da década de 70, na vila onde também viveu, e onde criou ainda a Escola Profissional de Ofícios Artísticos. “A Bienal e a relevância da vila para as artes não existiriam sem ele, que se tornou verdadeiramente um homem de Cerveira”, realçou ao diário Público, António Cabral Pinto, actual coordenador artístico do evento. “José Rodrigues foi uma peça fundamental desta obra, a que deu o seu esforço, as suas criações e o seu prestígio”, acrescenta o responsável, lembrando que a Fundação Bienal de Cerveira detém hoje um número considerável de obras dele, à imagem do que acontece com o espaço público da terra. E a própria sede da Bienal tem também uma sala com o seu nome (como, de resto, acontece com os dos outros dois fundadores), a cuja inauguração, em Maio passado, “ele ainda assistiu”, recorda Cabral Pinto.

As Câmaras Municipais de Vila Nova de Cerveira e do Porto decretaram 2 dias de luto.

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Numa nota emitida este sábado, o Ministério da Cultura destaca José Rodrigues como “um dos artistas plásticos mais relevantes da sua geração”. “Além da obra notável, foi agente activo na divulgação descentralizada das artes, nomeadamente na Bienal de Cerveira, que fundou com Jaime Isidoro e Henrique Silva. Um evento que Agustina Bessa-Luís definiu como ‘um encontro de escolas e uma decisão de vida pública com as artes’”.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também manifestou o seu pesar à família do escultor e, no site oficial da PR, enalteceu o legado de “brilhantismo, diversidade e dinamismo” que o escultor e artista plástico José Rodrigues deixou ao país.

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