Lendas Luso-Brasileiras (IV)

Antônio J. C. da Cunha

Empresário Luso-brasileiro *

Destinado ao Jornal Minho Digital como mais uma contribuição das que me são permitidas publicar pelo Jornalista Manso Preto, editor do periódico, prossigo servindo-me da internet, que nos oferece extraordinário material, para trazer ao público que me prestigia com  a leitura, nos países lusófonos, o conteúdo do folclore luso brasileiro, somando com inúmeras contribuições indígenas.

Nas edições anteriores, foram publicadas a pesquisa voltadas para a Lenda do Boiatá; Lenda do Boto; Lenda do Cuca e Lenda do Negrinho do Pastoreio.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Nesta edição pretendo escrever sobre a Lenda Iara ou Mãe D´Água, Lenda Ahó e a Lenda Bicho-Papão.

 

Lenda da Iara ou Mãe D´Agua

 

Conhecida como Iara ou Uiara, a lenda da mãe d’água é de origem tupi. Iara significa “Senhora das Águas”. Esta personagem é representada por uma sereia belíssima que atrai os pescadores com suas doces canções a fim de matá-los.

Antes de ser uma sereia, Iara era uma índia bela e inteligente que despertava muita inveja, inclusive de seus irmãos. Assim, para acabarem com o problema, os irmãos resolvem matá-la.

No entanto, é ela que os mata. Como punição, Iara é lançada no encontro do Rio negro e Solimões e, a partir daí, torna-se uma sereia com objetivo de matar os homens.

 

Descobrindo a origem da lenda da Iara, a poderosa Mãe d’Água

Iara é uma das principais personagens do folclore brasileiro. Dotada de grande beleza, com longos cabelos pretos, olhos esverdeados e metade do corpo de mulher e a cauda de peixe, habita os rios amazônicos e usa o seu canto hipnotizante para seduzir pescadores e levá-los para o fundo do rio.

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Portanto, muito cuidado ao ouvir uma bela voz à beira do Rio Amazonas e seus afluentes, nunca se sabe onde a Iara irá atacar.

O seu nome tem origem do Tupi-guarani “y-Iara”, no qual y significa água e iara quer dizer senhora, “senhora das águas”. É conhecida também como “mãe d’água”, “a beleza das águas” ou ainda “dominadora” e “rainha das águas”. Também é identificada como Uiara.

 

A origem da Mãe d’Água

De acordo com a lenda, Iara era filha do pajé (curandeiro) de uma importante tribo amazônica. Muito habilidosa, era considerada a melhor guerreira da tribo e recebia muitos elogios do pai, o que despertou os ciúmes e inveja dos seus irmãos homens.

Uma noite, tomados por rancor os seus irmãos tentaram assassina-la enquanto dormia. Porém a guerreira conseguiu defender-se e, em meio à brutal batalha, acabou por ser ela a matar os irmãos.

Com medo da ira do pai, fugiu para o meio da mata. Entretanto foi encontrada e, como castigo, seu pai decidiu joga-la no encontro entre os rios Negro e Solimões. Compadecidos da situação trágica da índia, os peixes a levaram de volta à superfície e a transformaram na poderosa Iara, sob a luz da lua cheia.

 

 

 

Existem também registros de cronistas dos séculos XVI e XVII em que a personagem mitológica aparece sob uma forma masculina, um homem-peixe chamado Ipu piara, o qual devorava os pescadores e os levava para o fundo do rio. A partir do século XVIII Ipu piara se torna a sedutora Iara na forma como é conhecida ainda hoje.

 

A internet oferece algumas outras versões para esta, a “Senhora Das Águas”. Nós preferimos contar a presente versão.

 

 

 

 LENDA  DO AHÓ AHÓ !

 

O Ahó Ahó é uma criatura monstruosa que devora pessoas.

A lenda faz parte do folclore da região sul e provavelmente foi difundida pelos padres jesuítas durante o tempo das Missões entre os índios guaranis.

Conta-se que o Ahó Ahó era um monstro parecido com uma ovelha, porém com grandes chifres, que espreitava os homens para devorá-los. Outras fontes o descrevem como um grande cachorro peludo que jogava fumaça pela boca.

  

Os ahó ahó sempre andavam em bando e se chamavam entre si através deste som “ahó ahó”. Eles buscavam os desavisados que andavam longe das reduções mantidas pela Companhia de Jesus.

A única solução era subir numa palmeira, considerada sagrada por fornecer as palmas que aclamaram a Jesus no Domingo antes da Páscoa.

Algumas interpretações apontam que esta seria a árvore que deu a madeira para a cruz de Cristo.

Com isso, o grupo perdia o rastro e abandonava a caça.

Se a vítima subisse numa árvore de espécime diferente, o Ahó Ahó cavava as raízes até derrubar o pau e poder devorar sua presa.

 

Provavelmente esta lenda foi criada pelos padres jesuítas para convencer os indígenas de permanecer nas missões e não voltarem para suas aldeias.

Assim, aproveitavam para demonizar a floresta e mostrar que a única salvação vinha de Jesus Cristo.

Esta história está estendida entre todo o território pertencente aos guaranis, que hoje são Paraguai, Bolívia, Argentina e Brasil.

 

LENDA DO BICHO-PAPÃO

 

O bicho-papão é uma figura fictícia mundialmente conhecida. É uma das maneiras mais tradicionais que os pais ou responsáveis utilizam para colocar medo nas  crianças, no sentido de associar esse monstro fictício à contradição ou desobediência das crianças em relação às ordens ou conselhos dos adultos.

Desde a época das Cruzadas, a imagem de um ser assustador já era utilizada para criar medo nas crianças. Os muçulmanos projetavam esta figura no rei Ricardo, Coração de Leão, afirmando que caso as crianças não se comportassem da forma ideal e bem educadas, seriam levadas escravas pelo bicho papão, dentro de um saco: “Porta-te bem senão o bicho papão vem te buscar”.

 

A imagem do bicho-papão possui variações variadas de acordo com a região. Segundo a tradição popular, o bicho-papão se esconde no quarto das crianças mal educadas, nos armários, nas gavetas e debaixo da cama para assustá-las no meio da noite. Outro tipo de bicho-papão aparece nas noites sem luar e coloca as crianças mentirosas em um saco pra fazer sabão. Quando uma criança faz algo errado, ela deve pedir desculpas, caso contrário, segundo a lenda, receberá uma visita do bicho-papão.

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Academia Duquecaxiense de Letras e Artes

Associado do Rotary Club Duque de Caxias – Distrito 4571

Membro da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade

 

 

 

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