Lendas e Mitos do Centro-Oeste do  Brasil: A Mula sem cabeça

“Lendas são narrativas transmitidas oralmente com o objetivo de explicar acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. Para isso há uma mistura de fatos reais com imaginários. Misturam a história e a fantasia. As lendas vão sendo contadas ao longo do tempo e modificadas através da imaginação do povo.”

 A MULA SEM CABEÇA

 

Mula sem cabeça é uma lenda presente no folclore brasileiro e que foi trazida pelos portugueses. Havia uma forte moral religiosa que a sustentava.

As estórias folclóricas, na maioria, começam assim:

Era uma vez… 

Contam por aí que há muito tempo, existia um rei cuja esposa tinha o estranho hábito de passear, durante a noite, perto do cemitério. O rei andava desconfiado com esses passeios misteriosos e resolveu, certa noite, seguir a esposa.

Chegando ao cemitério, deparou-se com uma cena horrível: a rainha estava  comendo o cadáver de uma criancinha que tinha sido sepultada na véspera. O rei não se conteve e soltou um grito de espanto. Vendo-se descoberta, a rainha deu um grito ainda maior e transformou-se, no mesmo instante, em uma mula sem-cabeça.

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Desta forma, os sertanejos explicam a origem da primeira mula-sem-cabeça, o monstro horrível que persegue os viajantes descuidados. Daí por diante, muitas mulheres de má conduta, passaram também a se transformar em mulas-sem-cabeça, nas noites de quinta para sexta-feira. E correm, velozes e furiosas, pelas estradas, até romper a madrugada.

Os cascos, afiados, da mula-sem-cabeça, dão coices como navalhadas. Os homens e os animais que encontram pela frente, são mortas a patadas. De longe, pode-se ouvir o estrondo do seu galope fantástico. Ecoam pelo espaço os seus relinchos furiosos e o ruído de suas dentadas no feio de aço que levam na boca. Mas ninguém conseguiu ainda ver a sua cabeça. Deve ser invisível aos olhos dos homens.

Pela madrugada, ao cantar do galo, a mula-sem-cabeça recolhe-se cansada, cheia de nódoas de pancadas.

Volta então à forma humana. Na sexta-feira recomeça a sua jornada macabra. Se nessa ocasião, porém, um homem consegue feri-la, de modo que seu sangue corra, quebra-se o encantamento. Mas, para isso, é preciso muita coragem e valentia.

Um sertanejo, destemido, esbarrou-se, certa vez, com uma mula-sem-cabeça. Não recuou. Enfrentou o monstro e enfrentou uma luta furiosa. Conseguiu, afinal, feri-la com um chuço.

Quebrou-se o encantamento e reapareceu a figura humana.

Era uma linda moça. Pertencia a uma das famílias mais ricas do lugar. Ela ofereceu ao rapaz muito dinheiro para que o  caso não fosse contado. O  sertanejo, que não era tolo, recebeu o dinheiro e prometeu ficar calado. Mas mudou-se para muito longe.

Eu, não sou sertanejo. Não fiz promessa alguma. E fico à vontade para contar para todo mundo. Esta e muitas outras.

É só ler o Jornal Minho Digital

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Para quem gostou desta lenda, ofereço-lhe conteúdo mais completo recolhido na internet, em pesquisas de final de manana:

 

A MULA-SEM-CABEÇA é uma das principais lendas presentes no folclore brasileiro.

mula sem cabeça é uma das lendas mais populares do folclore brasileiro e fala de mulheres que foram amaldiçoadas com a capacidade de converter-se em uma mula que possui labaredas no lugar da cabeça. Era uma lenda que reforçava os valores morais de séculos passados para evitar que mulheres mantivessem relações sexuais antes do casamento, sobretudo com padres.

Quem é a mula sem cabeça?

A mula sem cabeça é uma lenda presente no folclore brasileiro, sendo conhecida por outros nomes também: burrinha de padre e burrinha. Essa lenda não está presente só no Brasil, mas em diversos países da América Latina. Na versão brasileira, narra-se da história de uma mulher que se transforma em uma mula com labaredas no lugar da cabeça.

Considera-se que a mulher que se transforma na mula sem cabeça está amaldiçoada. Essa maldição é parte de uma punição pelo pecado de manter relações íntimas com sacerdotes da Igreja, isto é, com padres. Entretanto, na lenda não aparece nenhuma punição dada aos padres que quebram seus votos e mantêm relações íntimas com mulheres. O antropólogo Luís da Câmara Cascudo fala que, no entendimento popular, o padre, por sua posição sacerdotal, somente seria punido depois de sua morte.

A mulher amaldiçoada com essa condição torna-se mula sem cabeça em uma virada de quinta-feira para sexta-feira e permanece nessa condição até o cantar do galo (existem versões que dizem sobre até o terceiro cantar do galo). Assim, a mulher assume a forma assustadora de uma mula que pode ser toda negra, com labaredas no lugar da cabeça, fogo na cauda e um relinchar assustador que pode ser confundido com um lamento de dor.

A lenda ainda conta que, durante a madrugada, a mula sem cabeça ataca todos aqueles que passam por seu caminho, e seu coice é forte o suficiente para ferir gravemente uma pessoa. Existem versões de que ela ataca suas vítimas até que estejam mortas, enquanto outras afirmam que ela percorre sete cidades durante a madrugada.

A lenda fala que uma das formas de evitar que uma mulher seja transformada em mula é sendo amaldiçoada por um padre sete vezes antes do início de uma missa. Outras versões afirmam ser necessário retirar o freio que está na boca da mula ou então feri-la com qualquer objeto pontiagudo. Depois que a mulher amaldiçoada retorna a sua forma humana, ela pode ser encontrada toda ferida.

A lenda da mula sem cabeça, como pode ser percebida, foi utilizada para reforçar os padrões morais, no sentido de amedrontar as mulheres para que elas não tivessem relações sexuais antes de casarem-se, principalmente com sacerdotes religiosos.

Origem da lenda da mula sem cabeça

A lenda da mula sem cabeça foi trazida ao Brasil por influência dos portugueses.

A mula sem cabeça é uma lenda que se originou na Península Ibérica e existia tanto em Portugal quanto na Espanha. Essa lenda foi trazida ao Brasil pelos portugueses, mas também foi levada para outros locais da América Latina pelos colonizadores espanhóis. Assim, a mula sem cabeça não é uma lenda presente só no Brasil..

Essa lenda existe em países como Argentina e México. Os argentinos conhecem-na como mula anima, enquanto os mexicanos chamam-na de malora. Outros nomes como mula sin cabeza e mujer mula também são usados. Luís da Câmara Cascudo conta que as características da lenda nesses locais são praticamente idênticas às do Brasil.

Origem do nome mula sem cabeça

Luís da Câmara Cascudo acredita que a mula foi o animal adotado na lenda pelo costume dos padres utilizarem-se de mulas para sua locomoção. Assim, a proximidade do padre com a mula justificaria essa associação da mulher com a mula sem cabeça. A origem dessa proximidade pode ter sido por uma lei portuguesa do século XIII que determinava que tais animais seriam o meio de transporte dos membros da Igreja Católica.

Isso popularizou o uso da mula entre os religiosos, tornando-se um símbolo para eles e, logo, um símbolo de punição para as mulheres acusadas de manterem uma “má conduta”.

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Naturalidade Portuguesa

Nacionalidade Brasileira – Ministério da Justiça do Brasil

Cidadão Duquecaxiense – Câmara Municipal Duque de Caxias

Academia Duquecaxiense de Letras e Artes

Associado do Rotary Club Duque de Caxias – Distrito 4571

Coordenador do Banco de Cadeiras de Rodas do RC Duque de Caxias

Membro do Conselho Central da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade

Cavaleiro Comendador da Ordem dos Cavaleiros de Santo André

Diretor Proprietário da Distribuidora de Material Escolar Caxias Ltda.

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2 comentários

  1. Impressiona-me a disciplina e a dedicação do Antonio Joaquim. Justificativas para as Lendas podem ser muitas e bastante diferenciadas. Opto por ver nelas uma “vingança” contra a ascendência da autoridade eclesiástica no meio do povo.

  2. Já conhecia ambas as versões, porém não com esse jeito gostoso de contá-las que é todo seu. Como sempre voce se superou mas acho que nenhuma mulher, seja por pelo motivo que for, ser transformada em mula sem cabeça.

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