Editorial

O novo logótipo da Bandeira Nacional
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Arlinda Rego Magalhães

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O logótipo da Bandeira Nacional nos documentos oficiais foi substituído por outro, cuja concepção foi aprovada, pela módica quantia de setenta e quatro mil euros.

Nunca me ocorreu falar sobre a Bandeira Nacional, até porque fui ensinada a respeitar os símbolos do meu país.

No entanto devo admitir que depois de tanto dinheiro gasto no novo logótipo, me despertou alguma curiosidade este assunto.

Descobri entretanto que as cores azul-branco, presentes na Bandeira Nacional no ano de 1821, não são cores monárquicas.

São no entanto, as cores da fundação da nacionalidade e simultaneamente da reivindicação democrática das Cortes Constituintes de 1821.

Azul e branco não são, pois, as cores da Monarquia, mas antes as cores da Nacionalidade e da Liberdade.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Já tive oportunidade de ouvir alguns historiadores referirem a Constituição de 1822, como sendo uma das melhores, da sua época.

Da total responsabilidade das respectivas Cortes, onde Manuel Fernandes Tomás terá tido  um papel fundamental.

Foi pena, ter estado em vigor durante tão pouco tempo.

Alguns intelectuais e historiadores, dizem até que, se a Constituição de 1822 tivesse sobrevivido, eventualmente poderíamos ter um rei e um parlamento, como a nossa vizinha Espanha.

No entanto ainda houve um 31 de Janeiro de 1891 no Porto.

E em 5 de Outubro de 1910 foi instaurada a República em Portugal.

Obviamente também a Bandeira mudou as suas cores e símbolos.

E deu origem à actual Bandeira Nacional.

Nem todos estiveram de acordo com a escolha das cores.

Nao podemos esqueçer a descrição que o grande Fernando Pessoa fez do actual estandarte Nacional.

Ele considerava a actual Bandeira um «(…)  ignóbil trapo que, imposto por uma reduzidíssima minoria de esfarrapados mentais, nos serve de bandeira nacional – trapo contrário à heráldica e à estética, porque duas cores se justapõem sem intervenção de um metal e porque é a mais feia coisa que se pode inventar em cor» assim escrevia Fernando Pessoa.

Obviamente temos de colocar estes excessos de linguagem no período histórico, social e político, em que foram ditos.

Isto aconteceu porque a actual Bandeira Nacional tinha as mesmas cores da bandeira da Carbonária.

E o rei D. Carlos e o príncipe real D. Luís Filipe perderam a vida, pelas balas disparadas pelos carbonários Manuel Buíça (professor primário e antigo sargento de cavalaria) e por Alfredo Costa.

Estes ainda conseguiram ferir o filho mais novo, o infante D. Manuel Manuel num braço.

Por outro lado, existe um significado para cada cor e símbolo da Bandeira Nacional.

A bandeira de Portugal é composta pelas cores verde e vermelho, pela esfera armilar e pelo escudo português.

A cor verde significa a esperança do povo português, e a cor vermelha significa o sangue dos que morreram em batalha.

A esfera armilar é um símbolo dos descobrimentos portugueses da época. E também um símbolo eterno do génio aventureiro português.

O Escudo Português é considerado o principal símbolo de Portugal.

Este escudo português está presente nas bandeiras nacionais desde 1143.

Hoje em dia, o símbolo contém sete castelos amarelos e cinco escudos azuis contendo, cada um, cinco besantes (moedas de ouro no Império Bizantino).

Segundo alguns historiadores, estão relacionados com o “Milagre de Ourique”, em que Jesus teria aparecido ao Conde Afonso Henriques e profetizou as suas vitórias na Batalha de Ourique sobre cinco reis mouros.

Assim, os escudos teriam sido colocados na bandeira em forma de cruz em homenagem a Jesus Cristo.

Os sete castelos simbolizam as supostas sete fortalezas conquistadas pelo rei Afonso III na região do Algarve.

No entanto, ainda de acordo com outras perspectivas, a Bandeira Nacional devia ser azul e branca, mas manter a esfera armilar os escudos e os castelos intactos, tal como hoje a conhecemos, e num fundo verde e vermelho.

Alguns ao insistirem na antiga bandeira azul e branca, incidem na independência afirmada há oito séculos pelos soldados de Afonso Henriques.

Se isso acontecesse, teríamos então, as duas bandeiras numa só.

Estaria assim legitimada a conciliação das duas bandeiras e dos respectivos simbolismos.

Mas como devem calcular, faltaria  saber o preço da concepção e criação de um novo logótipo.

Não sem antes realizarmos, uma discussão pública fundamentada, sobre a nova bandeira proposta, e quiçá votada ou referendada, de acordo com a lei em vigor.

Toda esta reflexão, só porque um governo que afirma não haver dinheiro para nenhuma reforma de fundo, antes de se despedir, ainda gasta setenta e quatro mil euros num novo logótipo.

 

Nota do Editor:

https://minhodigital.pt/dignificar-e-respeitar-a-bandeira-de-portugal-peticao-publica/

 

1 comentário

  1. Pela primeira vez…não sou capaz de comentar…há taaantooosss proooobleeeemaaaasss a resolver…Que a nossa e ou a minha bandeira…da qual tanto me orgulho…prefiro debruçar-me sobre a resolução dos graves problemas que estamos a VIVER…

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