Editorial

O QUE FAZ AS TERRAS PEQUENAS? OU SERÁ QUE A DEMOCRACIA AMA OS MEDÍOCRES?!
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Damião Cunha Velho

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Damião Cunha Velho

Jornalista

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O que faz as terras pequenas não é a geografia mas a mentalidade de quem nelas habita.

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GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Recentemente Marcelo Rebelo de Sousa quis condecorar António de Spínola tal como em tempos Ramalho Eanes condecorou Otelo Saraiva de Carvalho.

Um elogio ao terrorismo das FP-25 e do MDLP respetivamente e uma afronta aos familiares dos que foram vítimas destes dois senhores, desde uma criança com meses de idade até ao Padre Max.

José Miguel Júdice estava em Madrid exilado com Spínola. Hoje é um advogado com prestígio e comentador televisivo. Um fazedor de opiniões com “cadastro”. E é assim que vai o estado da arte. O abstrato é o paraíso para os pintores que nunca souberam pintar.

Marcelo já recuou mas a sua intenção faria de Portugal uma terra pequena.

 

Nos meios geograficamente pequenos acontece exatamente o mesmo, basta passearmos pelas ruas e ver quem dá nome a instituições, edifícios ou ruas e a algumas homenagens que se fazem.

São pessoas cujo percurso de vida nunca foi exemplo para ninguém, salvo as devidas exceções como é óbvio.

 

Muito raramente é avaliado o trabalho qualitativo de alguém. Muita gente verdadeiramente erudita e que contribuiu para o saber daqueles com quem conviveu, nunca foi homenageada. Pessoas que tiveram uma vida cujo exemplo devia ser partilhado como um acto de pedagogia.

As homenagens têm sido feitas sobretudo a pessoas que fizeram uma qualquer obra física.

Aquilo que salta à vista. A quantidade superou a qualidade. E mesmo a qualidade de quem fez obra é duvidosa. Basta esmiuçar o seu trajeto de vida para o saber e não precisamos de ir à Torre do Tombo, ouvindo com quem com eles conviveu era o suficiente.

Mas isso também não interessa ao poder local que adultera a verdade histórica em benefício de meia dúzia de votos. As autarquias estão a ser governadas por miúdos a quem a verdadeira história chutará para canto. E também é por este facto que aqueles que realmente merecem vão saindo da sua terra Natal. Conheço, por exemplo, alguns professores universitários que jamais voltarão às terras onde nasceram porque elas se tornaram demasiado pequenas e falsas e outros mundos já conheceram que lhes mostraram o quão pequena é a terra onde nasceram. E assim se vai desertificando a terrinha e Portugal.

 

É que até os familiares vivos dos condecorados não querem saber da história.

Ficaram-se pelo que foi dito em casa e só conhecem um lado. Orgulham-se pateticamente do seu ilustre parente e comportam-se muitas vezes de forma ridícula.

Compreendo que ninguém queira ver cair o seu anjo mas não aceito que a comunidade seja hipócrita nessa matéria.

Há, de facto, pessoas que se levam muito a sério, pessoas que não sabem nada, mas pior do que não saberem nada é não saberem que não sabem nada.

Não podemos apontar o dedo aos alunos por não gostarem de ler ou estudar quando os pais e até os próprios professores não gostam de ler ou de estudar.

Alguns, os que alguma coisa sabem, até sofrem porque têm que fingir o tempo todo que acreditam na importância do que fazem. Algo muito parecido com o que se passa com os autarcas e os familiares dos eleitos para dar nome à estatuazinha ou à ruazinha.

 

Sabemos que a democracia é o menos mau dos sistemas políticos. Os benefícios superam de longe os prejuízos. Mas aquele que mais me incomoda é a paixão pelos medíocres.

E os medíocres, também muitas vezes covardes, o que mais temem é a liberdade de pensamento. Infelizmente são muitos, tal como as baratas de que ninguém gosta mas elas continuaram ao longo dos tempos, não foram aniquiladas e até são maioria absoluta. Kafka suspeitou e acertou. Cara de rato, alma de barata.

 

A verdade histórica foi substituída por uma ditadura que está a ser permanentemente alimentada nas democracias: a ditadura do “politicamente correto”.

Diz-se o que a maioria quer ouvir, garantindo adesões ou votos evitando confrontos de ideias. Chama-se a isto “comodismo”.

Para quem tem responsabilidades maiores como os autarcas ou os ditos intelectuais do burgo, eu chamo-lhe “fraude”. Ou como diria Pondé “O papinho do bem, está longe de descrever a realidade”.

 

O interesse coletivo deve estar acima do interesse individual mas devemos desconfiar sempre de quem usa e abusa do termos “coletivo” ou “ética”.

Normalmente são caçadores de votos e as câmaras municipais são cabides de empregos e consequentemente de votos.

 

Não precisamos de Nischt para matar Deus porque ou Ele já se suicidou ou está a morrer de vergonha da sua criação: os medíocres seres “humanos”!

 

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