Editorial

PARA QUE SERVE ESTE GOVERNO?
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João Cerqueira

João Cerqueira

Professor / Escritor

 

A questão que em 2021 os portugueses deveriam colocar a si próprios este ano é esta: se o governo das Esquerdas investe menos na saúde e na educação do que os anteriores governos de Direita, se desvaloriza os maus-tratos e a morte de emigrantes.

Ou mesmo se desvaloriza que a ministra da justiça aldrabe currículos e minta à UE, se prefere que os doentes morram por atrasos nas consultas a estabelecer acordos com os hospitais privados, se transforma a educação numa paródia ideológica de que resultam alunos sem saber ler nem escrever, e se empobrece ainda mais Portugal a ponto de estarmos prestes a ser o país mais pobre de UE, então para que serve este governo?

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Serve para satisfazer as exigências da função pública – ou a parte que lhe interessa – que lhe garante a vitória nas eleições. Como dizia Medina Carreira, o partido do Estado vence sempre as eleições. Mas, fatalmente, chegará o dia em que o dinheiro acabará também para a função pública – como sucedeu no governo Sócrates.

Virá então um novo Passos Coelho recuperar o desastre, tomar medidas duras e – com a cumplicidade dos media – tornar-se o bode expiatório da irresponsabilidade socialista. Perderá as eleições ou não conseguirá maioria para governar e, depois, recomeçará tudo de novo. Com os cofres novamente cheios, é fácil voltar a distribuir dinheiro pelas clientelas, dar empregos a boys e girls incompetentes e enterrar um bilião na TAP ou noutro desvario qualquer. Com o dinheiro dos outros, é tão fácil ser irresponsável.

Este é o futuro de Portugal, porque tem sido assim desde o 25 de Abril.

Infelizmente para os portugueses, a maioria que decide as eleições já se esqueceu da bancarrota do governo de Sócrates e dos sacrifícios e humilhações que tiveram de suportar. Já se esqueceu que se não fosse a intervenção da odiada Troika, haveria fome, miséria, violência nas ruas, regresso do terrorismo e uma possível guerra civil ou ditadura militar – foi assim que Salazar e todos os ditadores tomaram o poder.

Os portugueses ainda estão a pagar com os seus impostos dívidas de biliões resultantes da bancarrota – que serão também pagas pelos seus filhos e netos -, mas não parecem dar importância ao assunto.

Tão pouco parecem preocupar-se que esses seus filhos sejam cobaias de um ensino público inquinado por uma doutrinação ideológica que baixou o nível de exigência a ponto já haver licenciados que escrevem pior do que os seus avós com a quarta classe, produzindo assim gerações carregadas de diplomas, mas semianalfabetas. Jovens que irão esbarrar na realidade do mercado de emprego e que, caso não consigam engrossar o batalhão da função pública – e às vezes penso que é mesmo esse o objectivo de um ensino que nega o conhecimento aos alunos -, serão forçados a aceitar empregos mal pagos ou a emigrar.

Portugal tem potencial humano e geográfico para ser um país muito melhor, com futuro para os novos e uma vida digna para os velhos. Portugal nunca será um país rico, mas pode ser remediado, em vez de pobre.

Mas precisa de uma grande, enorme, gigantesca mudança.

E, para que o leitor não pense que estou a fazer propaganda liberal, vou citar o antigo ministro socialista, Professor Marçal Grilo, que disse há meses na televisão mais ou menos isto: a única esperança para Portugal (e Espanha) é os partidos do centro, defensores do mercado livre e da UE, entenderem-se e fazerem juntos as reformas imprescindíveis.

Porém, com os senhores que actualmente estão no poder, tal jamais acontecerá.

 

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