Editorial

Os portugueses não são burros
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Carlos Moreira

Acabámos de sair de mais uma época eleitoral, que mostrou claramente uma tendência preocupante dos tempos em que vivemos: a crescente divisão que se cria artificialmente entre as pessoas.

Tudo por causa de meia dúzia de políticos, cada dia mais extremados, e que são alicerçados pelo alcance gigantesco da Internet e das suas redes sociais.

E friso mesmo: as suas redes sociais. Porque têm pouco a ver com as nossas redes sociais. As dos cidadãos comuns. As que são baseadas na convivência pessoal, na proximidade física, na vizinhança, no toque, no cumprimento, no falar cara a cara, olhos nos olhos, e num mínimo de respeito e de cumprimento que são (ou deveriam ser) características de qualquer sociedade minimamente civilizada. Ou que pelo menos daquelas que assim se auto-intitulam.

Independentemente disso, parece que alguns ódios de estimação políticos não foram o suficiente para perpetuar o imobilismo de esquerda que nos governou durante tantos anos. O país parece que mudou mesmo para a direita, finalmente. Porque o povo assim quis. Ou parece que quis. Porque pode até nem ter sido realmente o povo no seu âmago. Quem nos garante que não mudou por um qualquer algoritmo de Internet que influenciou e manipulou ardilmente muitas cabeças? Terá sido por uma sábia reflexão interior que muitos terão tido?

Quero acreditar que os portugueses não são burros. E que uma crescente maioria escolheu bem. Alguns deles talvez desejem ser burros, ou pelo menos querem contentar-se com parecê-lo, ao deixar nas mãos de outros os avanços para a modernidade que o país tanto necessita. As mesmas escolhas que poderiam alavancar a sua mudança de burro para cavalo. Ou pelo menos de burro para asno, ou de asno para corcel ou potro, talvez.

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