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Arcos de Valdevez: o que foi feito e o que falta fazer na área ardida depois do grande incêndio de agosto de 2016

O incêndio que teve origem no dia 8 de agosto de 2016, pelas 2.11, na freguesia de Cabana Maior, tendo-se propagado às freguesias de Soajo, Vale, S. Jorge/Ermelo e Cabreiro, e unido ao incêndio de Gondoriz, o qual só foi extinto no dia 16 de agosto, teve ampla repercussão nos meios de comunicação social e, nos dias seguintes, uma equipa governamental (primeiro-ministro incluído) esteve de visita à Porta do Mezio para anunciar um conjunto de medidas urgentes, como o restauro das matas do Mezio e do Ramiscal, cujas operações, porém, ainda não começaram.

Por outro lado, o Relatório de Estabilização de Emergência (REE), editado em setembro de 2016 pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (que fez uma revisão ao documento em outubro do mesmo ano), apresentava, de igual modo, uma série de medidas para recuperação das infraestruturas afetadas; controlo da erosão, tratamento e proteção das encostas; prevenção da contaminação, assoreamento e recuperação de linhas de água; e reposição da biodiversidade.

Mas, volvidos mais de 15 meses, excluindo algumas (poucas) ações de reflorestação, por iniciativa dos Baldios locais, e o corte/remoção do material lenhoso (em curso ainda), quase tudo está por fazer. Até a remoção das árvores ardidas tem sido feita a conta-gotas, facto que, segundo os especialistas, pode estar a potenciar o aparecimento de agentes colonizadores (insetos).

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No que à recuperação da biodiversidade diz respeito, o REE sinalizava a “instalação, através de sementeira ou plantação, de espécies de flora autóctones” e o “controlo de espécies invasoras” como medidas prioritárias a adotar para repor os valores ecológicos afetados. Só que, na prática, não é isso que está a acontecer. O objetivo de arborizar largas dezenas de hectares da serra de Soajo com carvalhos, sobreiros, azevinhos e bétulas quase não saiu do papel, enquanto os eucaliptos rebentam em todo o lado e a sua erradicação parece trabalho bastante para uma equipa de sapadores por longo tempo.

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Para as freguesias de Arcos de Valdevez (cobrindo a área do PNPG) que foram atingidas pelo referido incêndio no estio de 2016, a ficha de identificação de necessidades de intervenção de estabilização de emergência (ficha que está inclusa no REE) estimava a instalação de floresta autóctone numa área de 300 hectares, mediante um orçamento de 585 mil euros (1950 euros por hectare), e o controlo de espécies invasoras numa extensão de 12 hectares, no valor total de 6600 euros (550 euros o hectare), como respostas à perda de biodiversidade e à sustentabilidade do ecossistema. Desconhece-se ao certo a área intervencionada, mas a perceção de quem anda no terreno difere bastante dos objetivos delineados no Relatório.

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Além disso, segundo disse ao Minho Digital uma fonte conhecedora da realidade, são “muitos os constrangimentos impostos aos conselhos diretivos” das associações de Baldios, que, desde logo, não beneficiam de apoios para “custear as vedações” tão necessárias em torno das reflorestações, tendo em conta o intenso pastoreio existente na mancha a intervir.

 

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