Editorial

ESPERANÇAS…
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Nadir Faria

Nadir Faria

Cooperante

 

“A tia Didi está no Cabo Verde e gosto muito dela”, escreveu a outra tia a pedido da nossa sobrinha. Ambas prepararam uma caixinha amorosa com mensagens, também amorosas, para a família. Algumas das mensagens, como a minha, chegaram graças à tecnologia.

Tem sido um manancial de atividades conduzido pela outra tia. Deste lado da tecnologia, limito-me a receber os registos de imagens e vídeos e a ficar encantada com as habilidades de ambas. Umas aparecem por sugestão da educadora, outras por pesquisa da outra tia!

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Esta semana celebrou-se o Dia de África. A data assinala-se ao vigésimo quinto dia de cada maio, desde 1963. Nessa data, em Adis Abeba, fundou-se a Organização da Unidade Africana – que hoje se conhece por União Africana, com vista à promoção dos direitos humanos, da democracia e do desenvolvimento económico no continente. A educadora da nossa sobrinha não se esqueceu da data e enviou várias sugestões de atividades, que foram realizadas pela nossa sobrinha – com o apoio da outra tia! No final, foram feitos os habituais registos. Recebi duas imagens. Em ambas, e em jeito de homenagem ao dia, estavam as duas a usar fitas no cabelo que lhes havia levado da Guiné-Bissau. Comentei as imagens com um “Mas que LINDAS!”. Respondeu a outra tia que, depois do registo, tirou a fita e disse: “Já não quero ser mais africana.”!

Quando falamos, com recurso a videochamada, graças à tecnologia, a nossa sobrinha pergunta-me porque não estou lá com eles? Quando é que vou? Se vou estar no seu aniversário? Respondo, com um nó na garganta, que não sei quando posso ir, que por medidas preventivas por causa do vírus Covid-19, as fronteiras ainda estão fechadas e não sei quando poderei ir. Quando me pede que lhe prometa que estarei no seu aniversário, respondo, com mais um nó na garganta, que não posso prometer. Não posso prometer porque não tenho a certeza de que poderei cumprir. Acrescento que nunca devemos prometer nada sem termos a certeza de que será possível! Não creio que ela ache muita graça à resposta pois, normalmente, desaparece da videochamada!

Não creio também que ela entenda algumas decisões dos adultos e os motivos pelos quais saí do pé dela e dos outros! Espero que ela venha a entender que estamos a esforçar-nos para que este período e o que lhe seguirá, ou os que lhe seguirão, não seja um período de distanciamento social mas “apenas” de distanciamento físico.

Espero que a nossa sobrinha queira voltar a pôr a sua fita africana e que com a outra tia e mais quem puder venham ver-me e às minhas fitas africanas!

Espero poder estar no seu sexto aniversário. Espero que saiba que a tia Didi gosta mais dela que de chocolate!

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