Jorge VER de Melo
Consultor de Comunicação
Nas análises da EUROSTAT, Portugal tem uma produção nacional que o coloca nos fundos das tabelas.
Sabemos todos que as coisas quando acontecem assim com gente tão trabalhadora como é o nosso povo, algo de errado deve estar a acontecer e porventura essas contas estão viciadas pela abismal diferença de ordenados que todos conhecemos.
Basta este último item para desnivelar qualquer índice de produtividade.
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Na realidade, é quase como se existisse um buraco sem fundo que esgota toda e qualquer produção devido: a vícios, grandezas, mordomias, vaidades, decisões pacóvias (por ignorância) e muitas outras atitudes que nem necessitam de ser mencionadas por serem demasiado visíveis.
Depois não há dinheiro!
Mas o que provoca a desmotivação de qualquer trabalhador, (empregador ou empregado), a produzir apenas o indispensável para a sua sobrevivência e dos seus familiares, é a falta de respeito generalizada pelas carreiras profissionais.
Quando qualquer Ser Humano responsável termina a sua formação profissional, cria automaticamente expectativas para uma carreira tal como sonhou para o futuro. Essa é a razão porque tanto se sacrificou a estudar e tanto lhe vai custar para se manter atualizado profissionalmente.
Acontece que alguns iluminados se lembraram que estava errado o facto de tratar um profissional com o respeito que merece e com o incentivo necessário ao progresso produtivo e à realização pessoal. Pelos vistos, é economicamente mais viável:
– Retirar as poucas regalias que possuíam;
– Suspender as carreiras profissionais sem o verdadeiro retorno;
– Diminuir aos ordenados;
– Aumentar ao horário de trabalho;
– Não atualizar vencimentos;
– Não pagar horas extraordinárias;
– Suspender subsídios de férias e de Natal;
– Aumentar a carga fiscal;
– Inventar contratos de trabalho sem qualquer estabilidade nem para o empregado nem para o empregador;
– Enviar o trabalhador para longe do local onde sempre residiu sem qualquer compensação, etc.
Estas são as condições que vieram tornar o mercado de trabalho em Portugal, impraticável.
Existe uma quantidade enorme de bons profissionais que vivem melhor com o fundo de desemprego, sem qualquer atividade, do que se forem sujeitos a esta situação perfeitamente caótica.
É que para serem tratados dessa forma, têm que gastar uma boa parte do vencimento na alimentação fora de casa e nos transportes públicos, acabando por não compensar o retorno.
Para podermos avaliar qualquer situação temos que nos colocar nos dois lados da balança, mas isso é algo que não acontece com quem inventa estas soluções. Devem ser pessoas que não têm carreira profissional e por isso, não compreendem a sua existência.
Agora vejam se com todos estes procedimentos ainda é possível produzir-se algum trabalho com normalidade no nosso país?
O que está a acontecer é que os profissionais que já têm alguma idade e não se querem meter em aventuras, ficam por cá a aturar tudo isto acabando num fim de vida cheio de stress.
Os restantes bons profissionais, saturaram-se e avançaram para outras paragens onde ganham muito mais do aqui, fundamentalmente são respeitados e recompensados pelo bom trabalho que fazem.
Mais grave ainda é que o simples cidadão trabalhador está a ser insultado de pouco produtivo, quando em qualquer país do globo é estimado, considerado e disputados entre as empresas.
Estas nossas afirmações são baseadas em números registados e divulgados pelo EUROSTAT como por exemplo:
– Em 2017, a média do rendimento anual em vencimentos “per capita” no Luxemburgo foi de 38.080,70 euros;
– Em Portugal foi de 10.213,30 euros;
– Mas na Alemanha foi de 18.815,70 euros, (quase o dobro).
Claro está que assim tivemos um PIB (Produto Interno Bruto) de 1.3 % e a Alemanha teve 21,3% do total da EU.
Mesmo assim ficamos entre o 13º e o 15º no PIB da EU, mas nos ordenados estamos entre o 22º e o 24º, isto diz tudo.
Será assim tão difícil ver quem está errado?
Somos nós que não queremos nem sabemos trabalhar ou as verbas e as culpas estão mal distribuídas?