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FFMS divulga resultados preliminares de grande estudo sobre os impactos da pandemia da Covid-19

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A Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) promoveu um estudo abrangente para medir os principais impactos da pandemia da Covid-19, analisando sectores tão diversos como a economia, a sociedade, instituições democráticas nacionais e a política internacional.

O projecto multidisciplinar reúne investigadores do ISCTE-IUL, da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, da Universidade de Aveiro, da Universidade do Minho, entre outras.

 

A coordenação do projecto foi assumida por Nuno Monteiro, da Universidade de Yale, que teve  um papel decisivo na sua construção e estruturação. Em homenagem ao trabalho iniciado por Nuno Monteiro, a FFMS considerou importante prosseguir o projecto após o seu inesperado  falecimento em Maio, com a coordenação a ser assegurada por Carlos Jalali, da Universidade de  Aveiro. 

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O projecto prevê a recolha de informação em dois momentos. Os principais resultados da  primeira ronda de inquéritos – cujo trabalho de campo decorreu entre 16 de Março e 20 de Maio  de 2021 – são agora apresentados, pelo que os mesmos são resultados preliminares do estudo completo. A segunda vaga de inquéritos será realizada em Setembro de 2021 e o estudo final  será publicado na Primavera de 2022. 

Estas são algumas das principais conclusões de cada área abrangida por este estudo:

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Área de Instituições: dimensão interna (Coordenada por Ana Maria Belchior, CIES-ISCTE)

Três quartos dos respondentes afirmam estar “razoavelmente” ou “totalmente  satisfeitos” com as medidas tomadas pelo governo no combate à pandemia; 

Contudo, a avaliação não é idêntica em relação a todas as medidas. De entre o conjunto  de medidas analisado, as regras de circulação e actividade definidas para o período de  Natal e Ano Novo não merecem a aprovação da maioria dos respondentes. Apenas 25%  consideram a decisão como “boa” ou “muito boa”, sendo que 75% avaliam esta medida  como “má” ou “muito má”; 

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86% dos respondentes admitem que as limitações às liberdades públicas foram  completamente justificadas, ou pelo menos justificadas em certa medida. Apenas 14%  dizem que estas limitações não foram de todo justificadas; 

43% dos inquiridos consideram que a democracia foi enfraquecida durante o período de  pandemia e apenas 15% que a pandemia reforçou a democracia. No entanto, 60%  declaram-se satisfeitos com a forma como a democracia funciona no país. 

Área de Instituições: dimensão externa (Coordenada por Bruno Cardoso Reis, CEI-ISCTE): 

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Quando questionados sobre que país teve especial responsabilidade, pela negativa, na  origem ou na gestão da pandemia, as respostas centraram-se de forma clara na China  (53%), seguida dos EUA (18%) e Brasil (9%);

Contudo, em termos de liderança da resposta internacional, os inquiridos destacam,  talvez de forma algo surpreendente, a China (20%), seguida pelos EUA (15%) e Reino  Unido (12%) como os países que contribuíram para uma maior coordenação coletiva de  esforços. 

Área de Sociedade (Coordenada por Maria Manuela Calheiros, Faculdade de Psicologia da  Universidade de Lisboa)

Em cada 20 entrevistados, 6 sentiram-se sozinhos durante o ano de 2020, 4 sentiram  pouca intimidade com as pessoas com quem passam tempo, 3 reportaram distância face  a pessoas que consideram importantes, e, já no espectro da patologia, 1 em cada 20  afirma ter desenvolvido doenças crónicas graves, incluindo doença mental; 

A satisfação com a vida reportada desce abruptamente com a pandemia. Na fase pré Covid-19, 71% dos entrevistados classificava a sua vida como estando perto do que  idealizava para si. Aquando do primeiro confinamento, este valor desce para apenas 22%;  e na data da recolha dos dados, no final do segundo confinamento, ronda os 30%. Os  dados permitem ainda verificar que o isolamento social prediz de forma significativa as  quebras reportadas neste bem-estar subjetivo, sendo particularmente penalizadores os  sentimentos de solidão; 

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São os indivíduos que passaram a trabalhar em casa (25% dos inquiridos), de forma  continuada ou durante alguns períodos, quem reporta um agravamento maior do seu  volume de trabalho doméstico face ao período pré-pandemia. O potencial de conflito  entre o trabalho formal e o trabalho informal ou doméstico é mais expressivo em  agregados com filhos menores de idade, em idade escolar; 

75% dos entrevistados é favorável à vacinação. No pólo oposto, 25% dos entrevistados  assume alguma espécie de reserva face à vacinação contra a Covid-19.

Área de Economia (Coordenada por Hugo Figueiredo, Universidade de Aveiro)

Os setores do Comércio (-25,3%), Indústria (-23,2%) e Transportes (-16,4%) foram os mais  afetados no segundo trimestre de 2020. Já a Agricultura, embora um pouco menos  afetada no segundo trimestre, acentuou as quebras no trimestre seguinte. Em contraste,  os setores Financeiro e da Construção foram os menos afetados. Este último continuou  uma trajetória ascendente neste período, ainda que com uma ligeira quebra de ritmo face  aos trimestres precedentes. Esta diversidade de comportamento entre setores deixa  evidente a sua diferente exposição face à crise pandémica; 

Os setores em que a maioria das famílias identificou ter reduzido as suas despesas são: a  Restauração (-64% das respostas); Cabeleireiros, beleza e bem-estar (-58%); Viagens  (terrestres e aéreas, -55% e -39%, respetivamente); Cultura (-54%); Vestuário (-54%); e  Alojamento temporário (-49%). Por outro lado, os setores em que as famílias  identificaram, com maior frequência, ter aumentado o seu consumo incluem a  Eletricidade, Gás e Água (44%); Comércio online (34%); e Retalho (34%); 

Relativamente à expectativa quanto à evolução da situação financeira dos agregados  familiares, nos 6 meses seguintes à aplicação do inquérito, a maioria dos inquiridos (56%)  respondeu que não espera qualquer variação no seu rendimento. Entre aqueles que  esperam alguma variação de rendimento, boa parte dos inquiridos espera uma melhoria  (26%) comparativamente com aqueles que esperam uma deterioração (15%); 

Quando inquiridos sobre as perspectivas de evolução da economia portuguesa no ano  seguinte, 38% dos inquiridos responde que o estado da economia estará melhor e 30%  que estará pior, com 25% a considerar que não haverá uma melhoria nem uma  degradação.

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