Lendas e Mitos do Leste Brasileiro: A Ingratidão dos Tamoios

“Lendas são narrativas transmitidas oralmente com o objetivo de explicar acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. Para isso há uma mistura de fatos reais com imaginários. Misturam a história e a fantasia. As lendas vão sendo contadas ao longo do tempo e modificadas através da imaginação do povo.”

A INGRATIDÃO DOS TAMOIOS

Os índios tamoios formavam uma nação forte, aguerrida e respeitada. Seus domínios eram imensos e abrangiam a região de praias, vales e montanhas, que se estendia desde do Estado do Espírito Santo ao Estado do Rio de Janeiro. Suas canoas velozes e arrojadas defendiam o litoral da sua nação, desde o Cabo de São Tomé até Angra dos Reis.

As tribos vizinhas, como a dos Goitacazes e guianenses não se atreviam a atacar suas tabas pois estas eram bem fortificadas.

Apesar de valentes e poderosos, os tamoios não sabiam cultivar a terra. Viviam somente da caça e da pesca. Por isso, eram obrigados a mudar frequentemente de habitação quando peixes e animais escasseavam em seus domínios.

Um dia, os índios estavam reunidos à beira mar, celebrando mais uma vitória de suas armas, quando avistaram, sobre o oceano, um homem branco, de longas barbas, que caminhava sobra as ondas. Houve um grande espanto entre os indígenas, pois nunca tinham visto um ser humano andar sobre as águas como se fosse em terra firme.

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Era Sumé. Um ser enviado de Tupã, senhor do céu e da terra. Esse homem fazia coisas extraordinárias. Acalmava as tempestades,  dominava as ondas do mar, abrandava as chuvas e as secas. Os ramos das árvores afastavam-se para a sua passagem e as feras mais bravias deitavam-se, mansas, a seus pés. Impressionados com os seus poderes mágicos e atraídos por sua bondade, os tamoios tomaram Sumé para seu conselheiro.

Vendo que os índios lutavam com a falta de bons alimentos, Sumé resolveu auxilia-los. Reunião os homens, as mulheres e as crianças da tribo e disse-lhes: “a grande mãe é a terra: mãe generosa. Grande mãe generosa, basta acaricia-la, basta amá-la, para que ela se abra logo prodigamente, em toda a sorte de bens e de venturas.”

Em seguida, mandou que os índios cortassem os matos e revolvessem a terra. E, dando-lhes sementes de várias espécies, ordenou que as enterrassem no solo preparado.

Tempos depois, voltou com os índios ao, lugar onde haviam distribuído as sementes. E o espanto e a alegria foram grandes, quando eles viram e provaram as plantas  que haviam nascido: bananas, mandiocas, carás, milho, feijão …..   Sumé ensinou-lhes então a arte de fabricar farinha, moendo a mandioca; revelou-lhes em seguida, os segredos da navegação, aperfeiçoando as suas rústicas canoas; mostrou-lhes como fazer tecidos e cordas, bem como construir cabanas mais fortes e protegidas. Daí por diante, os tamoios passaram a viver felizes, na paz e na abundância.

Mas,  com  o decorre do tempo, os tamoios foram esquecendo tudo que deviam a Sumé. E os pajés com inveja dos poderes do homem branco, começaram a insuflar na alma dos índios o ódio e aversão aquele que tanto fizera pela felicidade da tribo.

Um dia, quando saía de sua cabana, Sumé viu diante de si, todos os tamoios , armados e com gestos ameaçadores. Quis dirigir-lhes a palavra, mas não pode. Uma flecha certeira veio cravar-se em seu peito. Om homem sorriu, arrancou a flecha do peito e foi andando de costas, olhando para os índios. Outras flechas o atingiram. Mas ele continuou sorrindo, sem mágoa, enquanto arrancava as flechas do peito.  E foi andando até a praia. Aí, ao chegar, as ondas vieram beijar-lhe os pés. E Sumé, sempre de costas e sorrindo, foi caminhando, lentamente, sobre as águas, até desaparecer no horizonte.

E nunca mais voltou à taba dos ingratos tamoios.

 

Era uma vez…

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O lobo estava morto de fome. Sem ter comida em casa, partiu pra caça. Olha daqui, espia dali, viu um veado pequeno distraído. Sabe o que aconteceu? É isso mesmo. A fera pegou o bichinho e começou a comê-lo quase sem mastigar. De repente, ops ! Um osso ficou preso na garganta do guloso.
E agora?

Ele viu um pássaro de bico compriiiiiiiiiiiiiiiiido passar por perto. Era um grou. E o lobo pediu-lhe:

— Por favor, me ajude. Tire o osso com seu bico. Se você me socorrer, eu prometo recompensar você.

O grou atendeu o pedido:

— Cadê a recompensa?, perguntou.

— Recompensa? Agradeça a Deus por eu não ter comido você.

— Suma da minha frente!

 

O filho ingrato­­­­­­­­­­

Um conto de fadas dos Irmãos Grimm.

Houve, uma vez, um homem que estava sentado diante da porta com a mulher. Tinham eles um frango assado e aprontavam-se para comê-lo regaladamente.

Nisso, o homem viu que seu velho pai vinha chegando e, mais que depressa, tratou de esconder o prato com o frango, para não ter que o dividir com o pai.

O velho entrou, bebeu um trago e retirou-se. Então o filho foi buscar o prato para levá-lo à mesa, porém quando pegou no prato, o frango assado tinha-se transformado num grande sapo, que lhe saltou no rosto e aí agarrou-se para sempre.

Quando alguém tentava tirá-lo, a sapo tornava-se tão ameaçador como se quisesse plugar-lhe no rosto e ninguém se atrevia a tocá-lo.

O filho ingrato foi obrigado a alimentar aquele sapo todos os dias, senão ele lhe devoraria o rosto.

E assim, passou o resto de seus dias errando miseravelmente, com o sapo grudado no rosto, sem encontrar sossego.

Esse foi o castigo pela ingratidão negra que tivera para com o pai.

 

A DOR DA INGRATIDÃO

BY PROFA. DRA. YEDA OSWALDO

 

Ingratidão: muitas pessoas acham que têm direito às coisas, em vez de conquistá-las.

Antes de mais nada, a gratidão é uma virtude moral, um relevante, saudável e positivo aspecto do desenvolvimento humano.

Sem dúvida, ela é valorizada por todos os povos e em todas as culturas. Ela existe quando reconhecemos que alguém prestou um benefício, um auxílio ou um favor ou que provocou alguma situação positiva em relação a nós.

Pesquisas da Psicologia Positiva revelam que pessoas que agradecidas são mais carinhosas, alegres e entusiasmadas.

Notavelmente, a família, os amigos, os parceiros e outras pessoas do seu relacionamento relatam que elas são mais extrovertidas, mais otimistas e mais confiáveis.

Pessoas verdadeiramente gratas não são passivas ou bobas, pelo contrário, elas são ativas e possuem muita força de vontade.

Ainda na Psicologia Positiva, a gratidão é uma força pessoal. Ela faz parte da Virtude “Transcendência” que mostra conexão com algo maior que nós mesmos. Significa ser consciente e grato pelas coisas boas que acontecem e investir tempo em expressar agradecimentos.

Ser grato é uma opção. Quem não a escolhe, prefere a ingratidão.

Certamente, você que está lendo esse artigo já se deparou com pessoas ingratas na sua vida.

 

A Ingratidão

ingratidão é considerada pelos maiores estudiosos do mundo, a mais terrível, inatural e maléfica atitude de um ser humano.

A pessoa ingrata tem o senso de ter direito e de merecimento.  Com efeito, acha-se importante, é arrogante, egoísta, vaidosa, necessita ser admirada. Logo, acredita que os outros têm constante obrigação para com ela, mesmo que não tenham.

Por isso, ela não tem consciência do bem, favor ou graça recebida. Pelo contrário, ao conquistar o que desejava, faz questão de apagar a página da vida onde consta o nosso auxílio quando mais precisou. E finge que ninguém a ajudou a alcançar o sucesso.

A ingratidão é uma das razões pelas quais as pessoas são amarguradas nos relacionamentos pessoais ou profissionais. O fato de não serem reconhecidas nem valorizadas pelos seus empenhos e esforços gera raiva e inconformismo em relação ao outro.

Apesar de tudo que recebem, os ingratos não dizem nem ao menos “obrigado”.  São incapazes de reconhecer o empenho e as energias despendidas quando precisaram de outras pessoas.

E muitas vezes, elas não percebem sua própria natureza ingrata. E continuam sendo ingratas vida afora…

 

Os Malefícios da Ingratidão

São várias as consequências negativas da ingratidão. Ela causa uma dor emocional e psicológica imensa.

Nossa autoestima fica abalada, ficamos arrasados, como se não tivéssemos valor e significássemos nada para aquela pessoa. Sentimo-nos usados e tolos; desapoiados e desrespeitados.

E naturalmente perdemos a motivação para auxiliar ou apoiar a pessoa novamente.

Isso vale tanto na área pessoal quanto no trabalho. Quando um colaborador não é reconhecido, ele perde o entusiasmo e a motivação e logo pensa: “Se a empresa não reconhece meu valor, por que devo me sacrificar por ela?

Da mesma forma, o gestor que demonstra gratidão a seu funcionário e esse não lhe dá valor, também se sente impelido a não o valorizar novamente.

Em ambos os casos, ocorre um círculo vicioso. A pessoa não faz porque não é reconhecida e o líder não valoriza porque a pessoa é ingrata. Rompe-se o contrato psicológico, sendo a ingratidão a causa subjacente de muitas demissões.

Apesar dos sentimentos negativos ocasionados pela falta de gratidão alheia, é possível trabalharmos com esse sentimento.

 

Estratégias para lidar com a Ingratidão

Certamente, lidar com o sentimento de ingratidão pode ser difícil, mas existem algumas estratégias que você pode tentar para lidar com isso:

  1. Foque no positivo: tente se concentrar nas coisas boas que você fez e nos momentos em que foi apreciado. Lembre-se de que um comportamento ingrato de alguém não deve diminuir suas realizações ou o valor do seu trabalho.
  2. Não leve para o lado pessoal: muitas vezes, a ingratidão das pessoas pode ser uma reflexão de seus próprios problemas e inseguranças, e não necessariamente tem  relação com você. Tente não levar para o lado pessoal e não se culpar ou arrepender pelo que fez.
  3. Comunique seus sentimentos com assertividade: se você sentir que a ingratidão está prejudicando sua relação com alguém, converse com essa pessoa e expressar o que e está sentindo. Às vezes, as pessoas podem não perceber que estão sendo ingratas e uma conversa assertiva pode ajudar a resolver o problema.
  4. Pratique a empatia:tente se colocar no lugar da pessoa ingrata e entender por que ela pode estar se comportando dessa maneira. Isso pode ajudá-lo a compreender melhor o que está acontecendo. (E-BOOK SOBRE EMPATIA COM FERRAMENTAS)
  5. Não espere recompensas:fazer coisas boas pelos outros é uma escolha nossa e não deve ser feito com a expectativa de recompensa. Concentre-se em fazer o bem e não em algo em troca, assim poderá encontrar mais satisfação em suas ações.
  6. Procure ajuda profissional: se você estiver tendo dificuldades para lidar com a ingratidão ou se sentir que isso está afetando negativamente sua vida, pode ser útil procurar ajuda profissional, como um psicólogo ou terapeuta. Eles podem ajudá-lo a desenvolver estratégias mais específicas e personalizadas para lidar com essa emoção.

E agora, atenção, surpreendentemente, o excesso de gratidão também é prejudicial.

 

Excesso de Gratidão

Apesar da ingratidão ser um problema, o excesso de agradecimento também é. Exagerar na gratidão pode deixar as pessoas desconfortáveis.

Nos e-mails, equivocadamente, a palavra “atenciosamente” foi substituída por “gratidão”. Entretanto, ao pronunciarmos ou escrevermos essa palavra indiscriminadamente, banalizamos o seu uso e não indicamos o que realmente é valioso e importante para nós.

Podemos parecer falsos.

Finalmente, quando somos empáticos, entendemos e nos colocamos na perspectiva do outro, temos mais probabilidade de expressar gratidão  autêntica pelas ações dessa pessoa.

Agradeça todas as vezes que alguém fizer algo bom por você. Essa atitude fará você sentir-se bem consigo mesmo e facilitará sua conexão e o relacionamento com as demais pessoas.

Finalmente, talvez seja necessário perdoar as pessoas que são ingratas conosco. Isso traz a verdadeira cura interior.

 

António J. C. da Cunha

Empresário luso-brasileiro no Rio de Janeiro

Natural de Geraz do Minho – Portugal

Academia Duquecaxiense de Letras e Artes

Associado do Rotary Club Duque de Caxias – Distrito 4571

Membro da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade

Membro da CPA/UNIGRANRIO

Diretor Proprietário da Distribuidora de Material Escolar Caxias Ltda

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1 comentário

  1. Bom dia meu querido amigo.
    Amei a sua postagem.
    Muito útil e esclarecedora.
    Abraços fraternos
    Zélia Durão

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