Compre já a nova edição do livro MINHO CONNECTION

Mário Rocha: Análise a ‘Pedaços de Silêncio’

[[{“fid”:”62134″,”view_mode”:”default”,”fields”:{“format”:”default”,”alignment”:””,”field_file_image_alt_text[und][0][value]”:”João Cerqueira”,”field_file_image_title_text[und][0][value]”:”João Cerqueira”,”external_url”:””},”link_text”:false,”type”:”media”,”field_deltas”:{“2”:{“format”:”default”,”alignment”:””,”field_file_image_alt_text[und][0][value]”:”João Cerqueira”,”field_file_image_title_text[und][0][value]”:”João Cerqueira”,”external_url”:””}},”attributes”:{“alt”:”João Cerqueira”,”title”:”João Cerqueira”,”height”:”176″,”width”:”171″,”class”:”media-element file-default”,”data-delta”:”2″}}]]

João Cerqueira

Escritor *

w

PUB

Até 6 de Junho decorre na Oficina Cultural do IPVC a exposição Pedaços de Silêncio de Mário Rocha. https://www.minhodigital.com/news/mario-rocha-mostra-pedacos

w

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Com uma vasta carreira iniciada em 1968, o artista apresenta agora um conjunto de trabalhos de pintura, escultura e cerâmica que pretende levar o espectador a reflectir sobre o período da pandemia, sendo também, nas palavras do próprio Mário Rocha, «uma espécie de terapia» após ter feito uma cirurgia.

w

PUB

A utilização da arte como terapia surge na obra de importantes artistas. E tendo em conta que este trabalho resulta em primeiro lugar das condições impostas pela ameaça do Coronavírus, então estamos também na presença de uma catarse. Uma catarse pela  qual todos os habitantes do planeta, nesta fase de quase pós-pandemia, estão, conscientemente ou não, a passar. Assim, ainda que codificadas, estas obras expressam algo do isolamento, do silêncio, do medo e da libertação experimentados por qualquer ser humano nestes últimos anos.

w

Niki de Saint Phalle, depois de ter sido internada num hospício, encontrou na pintura a forma de escapar à loucura. Willem de Kooning exorcizou os fantasmas de uma relação conflituosa com a mãe na série de pinturas denominada Mulheres. E Pablo Picasso transportou o tumulto da sua vida privada para a tela Guernica colocando o rosto de Marie Thérèse Walter na mulher que segura uma luz à janela e servindo-se de anteriores representações sofrimento de Dora Maar para criar a mulher que chora a morte do filho.

PUB

w

De igual forma, entre a terapia e a catarse, obras de Mário Rocha assentam num equilíbrio entre o abstracto e o figurativo semelhante ao de Willem de Kooning, sem todavia expressar fúria e violência. Pelo contrário, nas suas pinturas, nas três esculturas e no painel de cerâmica, dominados por tons terra, lilases e verdes, projecta-se uma atmosfera de mistério, própria do silêncio e da fragmentação anunciados pelo título. Tão pouco há emoções exacerbadas como em Guernica, não apenas por não se tratar um massacre de civis, mas porque o artista encara com serenidade quer o isolamento imposto pela pandemia, quer a sua recuperação de um problema de saúde. Não podendo obviamente haver a exuberância e o desvario das figuras de Saint Phalle, emerge no jogo das formas e no equilíbrio das cores uma afirmação da vida.

w

A vida que a pandemia transtornou, alterando comportamentos, impondo restrições, afastando famílias e amigos, forçando à reflexão existencial, ao memento mori, é, portanto, o que estas obras nos apresentam. Uma vida que, mau grado o sofrimento e a incerteza, triunfa sobre a morte.

PUB

 w

* www.joaocerqueira.com

 

 

PUB
  Partilhar este artigo

  Partilhar

PUB
📌 Mais de Viana
PUB

Junte-se a nós todas as semanas