Editorial

O SOCIALISMO ARRUINOU OS TRANSPORTES PÚBLICOS
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Cristina Miranda

Cristina Miranda

Numa investigação da SIC ficamos a conhecer o estado lastimoso e crítico da nossa ferrovia.

Segundo essa reportagem temos:  20% da frota parada para manutenção; peças que são retiradas de uns comboios para outros; 20 locomotivas Alstone 2600 e comboios  parados nos armazéns do EMEF mas alugamos a Espanha por 11,5 milhões; que em 20 anos houve zero investimento em comboios; que dentro de 15 anos toda a frota atingirá o limite de idade; que há cada vez mais supressão de comboios e só 400 aquisições novas podem travar esta degradação.

Pergunta-se: como raio é isto possível numa empresa estatal onde todos os anos são injectados milhões de euros através do OE?

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Não é preciso grande esforço para entender o que está por trás desta miserável prestação de serviço público. Na verdade, a resposta até nos entra pelos olhos adentro: as empresas públicas não são geridas, são usadas.

Todos sabemos dos problemas crónicos financeiros de milhões de euros anuais de prejuízos que são cobertos com injecção de dinheiros públicos. Mas poucos questionam porque razão é assim e porque nada se faz para contrariar isso. Isto porque  a classe política teima em fazer  crer que é normal uma empresa pública ter prejuízos porque não tem fins lucrativos. Nada mais falso.

Uma empresa pública gere-se exactamente como uma empresa privada mas com uma variante: não tem por objectivo o lucro, o que não quer de todo dizer que pode ter prejuízos. Assim, embora possa e deva gerar lucros, estes têm de reverter obrigatoriamente para o melhoramento do serviço e redução de custos para o utente e não para outros fins. Dito de outra forma, uma empresa pública que tem lucros tem de o aplicar em benefício dos consumidores. Daí a razão da sua existência: melhor serviço ao menor custo para o utente, em serviços essenciais, livres de especulação. Isto em teoria.

Acontece que nenhuma empresa pública é assim. O que vemos são preços sempre a subir em troca de uma prestação de serviços cada vez mais medíocre. E os transportes públicos são dos mais flagrantes exemplos que existe.

A razão é simples: desde 1975 que o socialismo,  para engordar o número de eleitores,  alimenta a máquina do Estado com muitas empresas públicas (durante o PREC muitas foram nacionalizadas) onde depois faz muitas  contratações desnecessárias, com regalias absurdas, salários astronómicos, sem qualquer responsabilidade, com a ajuda dos sindicatos, apenas para criar o máximo de dependentes estatais e pelo caminho encher  generosamente alguns bolsos.

Só para dar uma ideia desse regabofe, a CP tem maquinistas a ganhar 50 000€/ano de acordo com a folha de salários e tem mais 195 itens que engordam a remuneração tais como: abonos de produção, subsídios fiscais, ajudas de custo e subsídio de agente único, subsídio de antiguidade. Só por se apresentarem  ao trabalho recebem mais 6€/dia, de um tal subsidio de assiduidade. Assim, os subsídios representam 54% dos encargos com salários.

Mas calma, isto não fica por aqui. O tempo de escala é de 8h ou seja 40h/semanais mas em média o tempo de condução é de… 3 a 4 horas! Isto sem falar das administrações que são pagas com salários de luxo quer façam um bom ou mau trabalho na gestão. Na Carris até há  barbearia para uso privativo de todo o pessoal activo e não activo. Tanto na Carris como no  Metro e STCP, pagam-se complementos de reforma aos ex-trabalhadores para que este seja igual ao último salário. Estes complementos não têm limite (excepção da STCP) podendo um reformado com 4000€ usufruir desse acréscimo pago pela empresa.

Além disto temos as baixas pagas a 100% em que a empresa paga a compensação necessária para que o empregado  receba o mesmo salário sem estar a trabalhar. A juntar a estas regalias, todos os familiares dos empregados activos e reformados (cônjuges, pais, irmãos, filhos, enteados) podem viajar  de borla. Há também remédios à borla na Carris que gozam ainda, veja lá,  30 dias de férias! Não é giro?

Ora, nestas empresas, nem mesmo a serem pagos  largamente acima da média, com condições extraordinárias, conseguem ser produtivos, não ter atrasos, não fazer greves sistemáticas por tudo e nada e sobretudo não apresentar prejuízos. Não! O que têm é sempre pouco e nunca chega. Por isso não param de exigir. Porque mesmo sem dinheiro o Estado, o “patrão”,  cobre sempre quando falta. Paga o contribuinte burro!

Acontece que uma empresa pública não pode dar nada acima dos seus recursos financeiros. Tem de gerir. E gerir não é dar tudo e mais alguma coisa para depois suprir os buracos com os impostos dos cidadãos ou empréstimos à banca, que depois nem sequer pagam.

É por isso que, só a CP, teve prejuízos de 112 milhões de euros em 2017 e  recebeu  na anterior  legislatura  2,5 mil milhões do Estado.  Isto apesar de em 2015  ter sido injectado, em empresas públicas,  um total de 2,7 mil milhões com a REFER como principal beneficiária. Como é que chegamos a esta degradação da ferrovia com tantos milhões enterrados, vindos dos nossos impostos?

Simples: essa bandeira ideológica socialista de que o Estado gere bem e dá melhores condições aos utentes, é tão falsa como dizer que o socialismo reduz a pobreza.  Socialismo só consegue gerir a riqueza dos outros enquanto houver. É um sistema parasitário que vive do “hospedeiro” até lhe provocar a morte.

Por essa razão, a CP só foi eficaz enquanto se usufruiu do que já existia, antes da nacionalização dos Caminhos de Ferro.

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