Editorial

Aprenda a dizer não
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Jorge VER de Melo

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Um dos grandes problemas deste milénio é a forma como cedemos às vontades dos outros, especialmente dos nossos filhos.

A frustração fere-nos o ego mas também provoca outros malefícios.

É muito mais fácil dizer sim do que não, mas os resultados do “não” serão 75% mais vantajosos para todos.

Vejamos:

  • O filho pede-nos insistentemente algo que outros amigos possuem mas que na realidade, entendemos ser um desperdício;
  • Um amigo pede-nos dinheiro para satisfazer um vício qualquer, mas nós entendemos que assim ele correrá para o abismo mais rapidamente, etc.

As soluções neste segundo caso são relativamente fáceis porque o amigo se receber um sim, não tarda a bater à porta novamente para resolver da mesma forma os seus vícios.

Pior ainda, a partir da terceira vez ele passa a entender que é nossa obrigação ajudá-lo a manter o tal vício e assim perdemos o amigo.

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Se receber um não, estamos a contribuir para ele se corrigir e perder o tal vício. Claro que isso só acontece se ele se esforçar para que isso aconteça enquanto que com o sim ele não tem necessidade de o fazer.

Bem, quanto aos amigos estamos entendidos. Só utilizamos o sim para graves problemas que ele, no momento, não consiga resolver. Atenção, se os casos se repetirem e tornarem hábito, temos que parar ou perdemos o amigo.

Os casos com filhos são muito mais difíceis de resolver com o não.

Até porque qualquer pai ou mãe sente-se culpado por não passar mais tempo com o filho, devido ao trabalho ou a outras responsabilidades.

Infelizmente temos que proceder, na maioria dos casos, de forma racional quando não, estamos a contribuir para uma educação prejudicial ao futuro dele.

Quando o filho fez várias perrices para conseguir o sim e conseguiu bom resultado, futuramente ele procederá sempre dessa mesma forma para atingir os objetivos pretendidos. Ou seja, teremos dali a uns anos, um adulto que não sabe lutar pelos seus projetos, se é que os tem, permanecendo convencido que as coisas se resolvem apenas com perrices ou más atitudes. E os pais resolvem tudo.

Daí se conclui que os educadores têm que aprender a dizer não quando entenderem tratar-se de algo supérfluo.

Claro que se o pedido for para um assunto essencial e que esteja dentro das nossas possibilidades, a resposta deve ser sim.

Tudo isto deve acontecer para que eles, os nossos filhos ou netos, aprendam a distinguir:

  1. O valor do que possuem;
  2. Que na vida, tudo que temos é fruto do nosso trabalho e perseverança;
  3. Tudo que os outros possuem pode não ser importante para nós;
  4. A vida é repleta de coisas boas e más. Por isso temos que aprender a distinguir o que é realmente necessário daquilo que é supérfluo.

Atenção! Podemos e devemos adquirir algo supérfluo desde que nos faça felizes, mas sabendo de antemão que estamos a estragar dinheiro num disparate.

O que pretendemos dizer é que somos obrigados a resistir ao sim quando sabemos que ele vai ser prejudicial para nós e para os outros.

Um filho habituado a obter tudo à custa do sacrifício dos pais, vai transformar-se num egocentrista/eguísta. Não será capaz de resolver os seus problemas porque conta permanentemente com a ajuda dos outros e não com o seu trabalho.

Neste milénio já temos muitos adultos com este problema e não se vislumbram mudanças para melhor!

Será que os comportamentos têm mesmo que mudar?

Sim ou não? Qual a solução?

1 comentário

  1. Meu pai nunca me bateu, ameaçou.
    Minha mãe bateu-me, uma vez.
    Levei com a palmatória, uma vez.
    Não disse, sempre, sim ou não.
    Justifiquei, algumas vezes, a discordância.
    Pai ama, mas quer o bem.
    Se quer criar filhos delinquentes, dá-lhes tudo.
    Amigo, opinei.

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