Editorial

Os Bufos…!
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Manso Preto

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Vanessa Reitor

Directora Adjunta

O 25 de abril é a data da comemoração da Liberdade! Uma efeméride que marca a sociedade portuguesa com um ‘antes’ e um ‘depois’ bem vincados. Com ela foram conquistadas, entre outras coisas, a liberdade de expressão, de associação e de reunião. O voto começou a ser possível para as mulheres, mesmo que não fossem cabeça de família. As opiniões começaram a ser exprimidas. Parecia que por fim, e com a Revolução dos Cravos, abria-se uma nova era para aquele Portugal que por anos, foi reprimido, subjugado e controlado.

 

Este ano, comemoramos 45 anos daquele glorioso dia, e é necessário fazermos uma reflexão: será que realmente tudo mudou após o 25 de Abril? Ou vivemos, sem nos apercebermos, numa liberdade condicionada?! Cada um de nós tem uma opinião, uma maneira de ver as coisas e deveria ser possível exprimirmo-nos com liberdade, e refiro-me à liberdade na sua mais pura aceção, não à liberdade mal interpretada que funciona de mote para qualquer falta de respeito e/ou ataque.

 

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Hoje em dia a PIDE já não existe, mas o legado ainda se encontra um pouco por todos os Concelhos deste nosso Portugal. Os bufos modernos, tal e qual os antigos, estão aí para controlar e perseguir. Já não controlam a correspondência das famílias, ou o dia-a-dia de cada uma das pessoas das aldeias, eles modernizaram a sua estratégia e agora controlam perfis de Facebook, Instagram, jornais e conversas de cafés, à espera de encontrar algum “desertor” a quem possam denunciar.

 

Por vezes, todos aqueles que ousamos dizer ou escrever as nossas opiniões e ideias somos vistos como seres mal educados, fanáticos, loucos ou vendidos e irremediavelmente, somos postos de parte, sem importar qual é o nosso valor; somos vistos como um alvo a abater e somos atacados indiscriminadamente pelo modernos “bufos” que, protegidos pelo poder, arremetem com uma verborreia insana, insultuosa e degradante e achando que têm importância, passam informação com o único intuito de destruir aquele que pensa diferente ou aquele que, pelas suas qualidades, torna-se uma ameaça para o regime que têm na cabeça.

 

Entretanto, vamos vivendo com a ideia e a sensação de que somos livres, de que o mundo é nosso e que nada -nem minguém- nos pode fazer demover dos nossos ideais e desejos. Mas a liberdade, aquela plena e complacente sensação de poder ser aquilo que realmente somos e de dizer a verdade, vai sendo condicionada pelo conceito do “politicamente correto” que, para mim, não é mais do que a modernização da ditadura. Todo aquele que tenha poder deve ser bajulado, consentindo todos e cada um dos seus passos, ainda quando estejam a ser errados, e não há ninguém, nem uma só voz de sensatez que o faça demover dos seus comportamentos, porque ele é o poder e nós, quem somos nós para dizermos ou sequer, pensarmos o contrário?

 

Mas quando há algum valente que se enfrenta, que diz aquilo que mais ninguém se atreve a dizer é rotulado de traidor, louco, inimigo e mal agradecido. E ali, aparecem novamente os bufos modernos para apontar, rebaixar, e recordar a quem tem poder que não é dessas pessoas lúcidas que eles precisam, porque essas, ficam mais rapidamente do lado da verdade, do que do lado do comodismo e da ambição – quase sempre desmedida – de quem deseja deter o poder e conservá-lo a qualquer custo.

 

Passados 45 anos do glorioso dia em que se gritou liberdade sinto que cada vez mais a ideia de sermos livres nos encápsula. Porque a liberdade é muito mais do que aquilo que pensamos que é. Liberdade não se refere só à possibilidade de transitarmos livremente, fazer reuniões, vestir e exprimir as nossas opiniões. Na minha profissão a liberdade é aquilo que nos move, é respeitar os acontecimentos e conseguir explicar ao mundo o que acontece. Mas infelizmente, cada vez mais vemos a nossa liberdade restringida.

Cada vez mais “os novos coronéis de sarjeta”, como o meu grande amigo e Diretor Manso Preto os nomeou tentam reprimir, perseguir, ameaçar e silenciar! Enquanto participam firmes, hirtos e ataviados das mais elegantes vestes, das comemorações da democracia, da liberdade, do 25 de Abril que apregoam lhes ser tão caras, mas que no final de contas, não põem em prática.

 

Sejamos então, como os nobres e valentes capitães de Abril que lutaram sem medo, seguindo sempre os seus ideais, vencendo a escuridão, a ignorância e o jugo ditatorial. 

 

Viva a Liberdade!

Viva o 25 de Abril!

Viva Ponte da Barca!

Viva Portugal!

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