Editorial

Caiu o Carmo e a Trindade!

Picture of Arlinda Rego Magalhães

Arlinda Rego Magalhães

Partilhar

De facto o terramoto de 1755 em Lisboa, provocou a destruição de vários edifícios, inclusive os majestosos Conventos do Carmo e da Trindade. Ainda hoje existem as ruínas do convento do Carmo.

Nesta praça pombalina do séc. XVIII, o Largo do Carmo, podemos ver, os edifícios e o chafariz que revelam essa incrível destruição de 1755, e posterior reconstrução.

Dois séculos depois, foi também neste Convento do Carmo, ocupado pelo quartel da (G.N.R), que o antigo primeiro-ministro Marcelo Caetano, se refugiou no 25 de Abril de 1974.

Depois de 48 anos de um tipo de ditadura, o antigo regime, na pessoa de Marcelo Caetano, entregou-se, nas mãos de um jovem capitão das Forças Armadas, o heróico Salgueiro Maia.

Hoje, a expressão “cai o Carmo e a Trindade ” é usada, para referir factos surpreendentes, que podem trazer confusão ou consequências graves.

Por isso este apelo à memória comum, sobretudo dos mais velhos, só faz sentido, devido ao alarmismo provocado na sociedade portuguesa, por alguns resultados eleitorais, dos quais vamos tendo  conhecimento a nível nacional.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Se me permitem pensar em voz alta, eu diria que ainda estamos todos “desengonçados”, com os equilíbrios e desiquilíbrios de uma anterior “geringonça”.

Sendo a prerrogativa de uma maioria partidária, a única solução governativa, fica muitíssimo difícil encontrar uma certa estabilidade política.

Porquê?

Porque razão será, que hoje só se pode governar com maioria partidária ?

Eu ainda me sinto muito capaz, de apreciar e até votar,  numa eventual e pontual maioria parlamentar, à direita ou à esquerda, conforme o interesse do país e o valor da proposta.

Na minha modesta opinião, o partido mais votado deve sempre formar governo, penso que é este quesito que está na constituição.

Depois deve defender as suas ideias com seriedade e procurar acordos parlamentares.

Qual é o problema, se isto vier a acontecer?

As ditaduras não são todas iguais, nem tão pouco as democracias e muito menos as eleições legislativas, nos vários países europeus.

Cada sociedade encontra, sempre a melhor forma de subsistir, desenvolver e gerir as suas finanças públicas, os seus respectivos interesses e escolher estrategicamente os melhores parceiros.

Não vejo a necessidade de outras “geringonças” pré ou pós governamentais!

Perde-se a beleza da discussão  séria, sobre os assuntos importantes para o país.

E assistimos com desgosto a debates, que são, muitas vezes, insultos deliberados.

Outras vezes são autênticos devaneios, de quem nunca viu o país real.

E toda esta performance é em nome de uma eventual democracia!

Imagine-se este tipo de escolha, na eleição de uma direcção de uma escola.

Ganhou a lista A, mas depois as listas B, C e D uniram-se e como juntas tinham mais votos, mandaram o director eleito da lista A às urtigas. A sério? Será esta uma escolha aceitável?

Claro que não! Quem ganha deve decidir ou governar, conforme o grupo social ou profissional a que pertence. Na política deve acontecer exactamente o mesmo.

Convém aprender a ouvir os outros, reconhecer quem manda, mas não deixar de pensar em possíveis e eventuais melhorias.

Por estas e outras razões é que os deputados, candidatos às eleições legislativas, devem ser conhecidos dos seus votantes, para serem responsáveis, respeitados e eleitos pelo seu distrito.

Por isso  é que alguns destes “quadros” políticos, vulgo chamados políticos profissionais, têm tanta dificuldade em fazer um bom discurso, sobre a área geográfica que representam.

Por isso é que vai cair, uma e outra vez “o Carmo e a Trindade” nas eleições legislativas.

Porque já não respeitam as regras,  estabelecidas e aceites por todos, à priori.

Daí a dança das cadeiras, a mudança de partido à última da hora, a procura incessante do poder.

Só porque não imaginam perder o seu dinheirinho, a sua posição na sociedade e sobretudo o seu estatuto de pessoa importante.

Nós os velhos, a partir dos cinquenta e cinco, e os outros vinte por cento de indecisos, temos de impor algumas regras restritas e sem dupla interpretação.

O partido ou coligação que ganhar as eleições legislativas, deve ser convidado a formar governo, ter o primeiro ministro e governar com apoios parlamentares.

Porque é para isso que lá estão, e foram eleitos, para servir o povo!

Todo aquele que se servir do povo, deve ser exonerado e devolver todo o dinheiro que ganhou a mais, tendo com referência o seu salário mensal.

Disse!

1 comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Mais
editoriais

Junte-se a nós todas as semanas