Editorial

A Pátria em cuecas 
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Damião Cunha Velho

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André Ventura propôs aos portugueses que vestissem roupa interior com a bandeira nacional estampada, nomeadamente em cuecas, a fim de mostrarem o quão grande é o seu apego à pátria.

Nada contra. É sempre melhor um Portugal em cuecas do que de tanga!

Todos já sabemos que Ventura tem Portugal no coração. Agora, ficamos a saber que o Portugal de Ventura já se expandiu para outras partes do corpo com nomes mais difíceis de pronunciar em público, por excesso de pudor ou por excesso de virtuosismo. Lugares onde – tal como o próprio Ventura – o meio termo nem aquece nem arrefece.

Ventura, que é Portugal da cabeça aos pés, não faz por menos. Quer um Portugal “Great again” – em português: “Nação valente” -, e, por isso, vai com tudo para lá chegar. “Contra os canhões marchar, marchar”, nem que seja em cuecas.

Se a ideia pega, não tarda vermos os chineses a fazerem cuecas, como fizeram, para o Euro 2004, milhares de bandeirinhas de Portugal. A contar com a imaginação que os chineses emprestam ao que fazem, talvez vendam cuecas com a bandeira e o hino nacional cantado num português contrafeito. Tudo em nome do “nobre povo”, assim como tudo que Ventura faz.

Parece que estou a ver o Ventura, depois de uma noite “entre as brumas da memória”, a acordar bem cedo para governar este Portugal murcho, vestido com uma cueca nacional Made in China, a olhar para dentro da cueca e a encorajar o seu “braço vencedor”, que “deu mundos novos ao mundo”, apontado à “invicta bandeira” e a ouvir em simultâneo: “levantai hoje de novo o esplendor de Portugal”!

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