Editorial

A premiação da mediocridade – Na minha terra é assim
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Damião Cunha Velho

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Existe em todo lado, mas nos meios pequenos só não vê quem não quer.

A mediocridade está a tornar-se numa pandemia premiada.

Cada vez mais vejo pessoas a arranjar emprego ou a subir na carreira, não por terem currículo ou mérito, mas porque lambem as botas aos donos do burgo.

A mediocridade está a vencer a qualidade e os medíocres já são muitos.

É que para além de serem pessoas sem qualidades profissionais ou académicas, são pessoas sem qualidades morais, sem valores, sem ética.

O que é bem pior.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Pode comprometer o futuro de todos!

Geralmente estes medíocres dão-se bem com todos, estão ao serviço de todos, têm múltiplas caras. Acham-se importantes por lamberem cus importantes, sem se dar conta que não são outra coisa senão uns lambe-cus.

A merda é o seu habitat, a covardia o seu modo de vida, a hipocrisia o prato do dia.

Assumem ser de um partido político ou ideologia política para dizerem que têm uma posição, uma causa, uma luta, convicções.

Tretas para inglês ver, pois não praticam nada do que apregoam no dia-a-dia.

Quando estão de bem no seu partido, e se o seu partido ganhar as eleições, estão safos nos próximos quatro anos.

Quando são oposição dentro do seu partido rapidamente vão prestar vassalagem ao presidente de outro partido, que por acaso também é presidente da Câmara, ou possível presidente da Câmara nas próximas eleições, se forem bem próximas.

Com pequenas variações, a coisa é mais ou menos assim.

Vivem nas costas dos outros, da intriga, da canalhice.

Têm preço porque estão sempre à venda. À venda de quem der mais.

Esta praga é uma pedra na engrenagem do desenvolvimento e infelizmente estão a ser premiados por isso. Com tachos e afins.

Enquanto isso, quem estudou afincadamente, quem quer viver dignamente, de forma séria e assumida, emigra ou desiste da participação cívica onde vive.

A terra perde, o país perde. Tudo vai ficando embrutecido.

Os cérebros fogem, os corretos estão fartos, as terras vão definhando, o país vai empobrecendo.

Entretanto, os medíocres que compram outros medíocres e os medíocres que se vendem a outros medíocres vão ganhando terreno, vão conquistando lugares, posições estratégicas, secando tudo à sua volta até só restarem iguais.

Iguais brutos, canalhas, medíocres.

Eu na minha terra conheço vários que são exemplos emblemáticos do que acabo de escrever.

Dizem-se do partido do mar e estão contra o partido do areal. Porém têm um pé no mar e outro no areal, para estarem seguros para quando a maré estiver baixa ou para quando o mar tomar conta do areal.

Eu não sei como designar este grupelho, mas observo-os com o mesmo olho clínico de David Attenborough quando tentava perceber, no meio da floresta, o comportamento dos símios.

O que os vejo fazer com facilidade é saltarem do mar para areal e do areal para o mar.

Enfrentarem as ondas jamais, já navegar sobre elas são especialistas. Não importa a onda, importa a contrapartida.

Que nome dar a alguém que está sempre ora no mar ora no areal consultando previamente a meteorologia? Que nome dar a alguém que ama em simultâneo um partido e o seu concorrente direto, o mar e o areal?

Surfista a-mar-areal?

Falso?

Medíocre, para mim, diz tudo!

Já se perguntaram como funciona a natureza quando uma espécie sofregamente elimina os seus melhores recursos, neste caso a sabedoria e a competência, essenciais para a sobrevivência da espécie?

A natureza mais cedo ou mais tarde, acaba por eliminar a espécie!

 

1 comentário

  1. Também estou fartíssimo de ver isso aqui na minha terra, Ponte de Lima e não antevejo grandes mudanças, salvo o aumento do lambe-cusismo.
    Se no seio da família, em vez de se ensinarem artimanhas de progressão, a qualquer preço, se ensinassem valores, os lambe-cus desapareceriam.
    Resta-nos essa esperança!

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